14 Agosto 2023
Pontualmente e com grande acuidade respondeu o teólogo-filósofo de Santiago de Compostela. Em sua opinião, as declarações da Notificação "foram injustas, mas sobretudo teologicamente infundadas e enganosas". Grupos de teólogos, setores de várias universidades, padres se levantaram em sua defesa e em defesa da liberdade de pesquisa teológica, segundo o cientista político italiano Francesco Strazzari, professor de Relações Internacionais na Scuola Universitaria Superiore Sant’Anna, em Pisa, na Itália, em artigo publicado por Settimana News, 13-08-2023.
Sem dúvida, Andrés Torres Queiruga é um dos mais prestigiados teólogos espanhóis contemporâneos, há anos no cenário teológico com grande erudição, meticulosidade histórica, intuição criativa.
Era 2012 quando a Comissão para a Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Espanhola publicou uma Notificação sobre a obra de Queiruga. A comissão foi então presidida por Dom Adolfo González Montes, ex-bispo de Almería. O secretário era o atual bispo de Jerez de la Frontera, Dom Rico Pavés, notória e descaradamente membro da ala ultraconservadora da hierarquia católica, bem protegido por cardeal Rouco.
A Notificação afirmava claramente que algumas obras de Queiruga não eram exatamente "heréticas", mas não correspondiam à tradição da Igreja e continham pelo menos sete importantes distorções no campo da fé.
Andrés Torres Queiruga (Foto: Wikimédia Commons)
Pontualmente e com grande acuidade respondeu o teólogo-filósofo de Santiago de Compostela. Em sua opinião, as declarações da Notificação "foram injustas, mas sobretudo teologicamente infundadas e enganosas". Grupos de teólogos, setores de várias universidades, padres se levantaram em sua defesa e em defesa da liberdade de pesquisa teológica.
Alguns bispos mais abertos, que conheciam bem Queiruga e apreciavam sua pesquisa e seu empenho em "reformular e repensar a fé no paradigma da modernidade", preferiram o silêncio e algumas palavras subterrâneas de encorajamento. Após a Notificação, na Espanha e em algumas dioceses da América Latina, Queiruga foi contado entre os réprobos e proibido de dar conferências.
O novo arcebispo de Santiago de Compostela, D. Francisco José Prieto Fernández, bom teólogo e biblista, com estudos na Gregoriana (Roma) e na Universidade de Salamanca, onde se qualificou como o melhor dos alunos.
Dom Francisco José entrou em campo, pedindo que Queiruga seja convidado a uma conferência e participação em uma mesa redonda por ocasião da 22ª Jornada de Teologia organizada pelo Instituto Teológico de Compostela de 6 a 7 de setembro próximo. O título da palestra de Queiruga será "Repensando a relação entre teologia e ciência na atualidade", tema que lhe é muito caro.
É de se perguntar como o arcebispo emérito de Santiago de Compostela, D. Julián Barrio Barrio, que havia ignorado completamente o grande teólogo e qual será a reação do cardeal Rouco, ex-arcebispo de Santiago, seus delfins e outros bispos.
Toda a comunidade teológica, não só espanhola, mas internacional, na qual Queiruga é conhecido e estimado, tendo sido durante anos membro da comissão internacional da Concilium, revista da qual é membro da comissão científica, aplaude a coragem de D. Francisco José.
O corajoso Dom Francisco José Prieto Fernández sabe que corre riscos, mas não se arrepende de sua escolha. Dizem que ele é um homem tenaz e obstinado. Ele vem de Orense, onde nasceu em 1968; tem um respeitável currículo de estudos e conhece a arquidiocese de Santiago, da qual se tornou auxiliar em 2021. Desde 03-06-2023 é arcebispo titular da mesma diocese.
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Reabilitado o teólogo Andrés Torres Queiruga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU