O grito inclusivo do Papa: “Todos, todos, todos”

Foto: Vatican Media

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07 Agosto 2023

  • Diante de centenas de milhares de jovens (o futuro da Igreja) ele encenou (mais uma vez) o poder inclusivo da Igreja e de seu pontificado: "Na Igreja cabem todos, todos, todos".

  • Um barco aberto a todos. Sem filtros. Com as portas e rampas sempre abertas. Para entrar nele não se pede a ninguém cartão nem credenciais nem ficha de serviço nem méritos acumulados.

  • Erram Munilla e Demetrio, bispos espanhóis, quando na própria JMJ, debaixo do nariz do Papa, proclamam que os homossexuais estão excluídos do Reino e da Igreja.

  • Até os católicos de Vox, que só querem uma Igreja de famílias tradicionais e missa dominical. Eles também fazem parte do todo.

A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 05-08-2023.

Durante estes dez anos, Francisco cunhou todo o tipo de frases e slogans célebres que perdurarão no tempo e que ficarão gravados na alma católica. A última foi gritada dos telhados da cúpula da JMJ em Lisboa. Diante de centenas de milhares de jovens (o futuro da Igreja) ele encenou (mais uma vez) o poder inclusivo da Igreja e seu pontificado: “Na Igreja cabem todos, todos, todos”. E, para tornar o choro mais eficaz, pediu às crianças que o cantassem com ele. Para ressoar em todo o mundo. Para gravá-lo em seus corações. Como tabelas de leis modernas.

Porque não pode haver Igreja sem inclusão. A Igreja de Jesus é, por sua própria natureza, uma Igreja mãe ou, como costuma dizer o próprio Papa (em outra de suas inesquecíveis cunhagens), um hospital de campanha. Para recolher todos os feridos da vida.

Um barco aberto a todos. Sem filtros. Com portas e rampas sempre abertas. Para nela entrar, a ninguém é pedido cartão nem credenciais nem ficha de serviço nem méritos acumulados. É para todos, sem distinções de qualquer espécie.

Porque a Igreja do Nazareno não é nem pode ser uma alfândega. Na Igreja de Jesus não há sócios. E, claro, não há parceiros preferenciais. Ninguém pode, portanto, passar pela vida de crente distribuindo cartões de mais ou menos (melhores ou piores) crentes.

Ninguém pode acreditar que está acima dos outros. Ninguém é mais do que ninguém. Ninguém é escolhido. Ou somos todos igualmente escolhidos. Não há favoritos. Pelo contrário, os preferidos são os últimos, os pobres e os pecadores. Esses são os mais amados de Deus e o tesouro da Igreja.

Todos irmãos em sadia pluralidade assumida e amada. A beleza do poliedro. Com formas diversas, com modos diversos de ser e viver a fé, mas todos irmãos.

Sem exceções, sem condenações e sem anátemas. De qualquer tipo. Sem exclusão de ninguém. E ninguém é ninguém: nem gays, nem lésbicas, nem divorciados, nem mulheres, nem LGBTQIAPN+.

Munilla e Demetrio erram quando, na própria JMJ, sob o nariz do Papa, proclamam que os homossexuais estão excluídos do Reino e da Igreja. Mas até eles fazem parte do 'somos todos Igreja'. Mesmo Müller ou Sarah ou Burke. Até os católicos de Vox, que só querem uma Igreja de famílias tradicionais e missa dominical. Eles também fazem parte do todo.

Mesmo aqueles jovens conservadores espanhóis que, na JMJ, atiçam a polarização cantando 'que te vote Txapote'. Jovens chiques (os pobres não podem pagar essas viagens), formatados ideologicamente, que transferem seus esquemas mentais para o grande evento eclesial. E, ao fazê-lo, adulteram-no e atacam o 'todos, todos, todos' do Papa.

Para o Evangelho, não há acepção de pessoas. Os crentes são chamados a alargar a tenda e abrir bem os seus corações. Aqueles que não querem fazer isso não são verdadeiros seguidores de Jesus. Mas ninguém vai jogá-los para fora do barco.

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