28 Julho 2023
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, publicado por Religión Digital, 24-07-2023.
Nem todos estavam entusiasmados com o projeto de Jesus. Muitas dúvidas e questionamentos surgiram. Era razoável segui-lo? Não foi uma loucura? Estas são as perguntas daqueles galileus e de todos os que encontram Jesus em um nível bastante profundo.
Jesus contou duas pequenas parábolas para "seduzir" os que permaneceram indiferentes. Queria semear em todos uma pergunta decisiva: não existe um "segredo" na vida que ainda não descobrimos?
Todos entenderam a parábola daquele pobre fazendeiro que, ao cavar em uma terra que não era sua, encontrou um tesouro escondido em algum jarro. Ele não pensou duas vezes. Foi a ocasião de sua vida. Eu não poderia perder isso. Vendeu tudo o que tinha e, cheio de alegria, pegou o tesouro.
O mesmo fez um rico comerciante de pérolas quando descobriu uma de valor incalculável. Ele nunca tinha visto nada parecido. Ele vendeu tudo o que possuía e ficou com a pérola.
As palavras de Jesus eram sedutoras. Deus será assim? Será um encontro com ele? Descobrir um “tesouro” mais belo e atraente, mais sólido e verdadeiro do que tudo o que estamos vivenciando e desfrutando?
Jesus está comunicando sua experiência de Deus: o que transformou completamente sua vida. Ele estará certo? Isso o seguirá? Encontrar o essencial, ter a imensa fortuna de encontrar o que o ser humano sempre desejou?
Entre nós, muitas pessoas estão deixando a religião sem ter provado a Deus. Eu a entendo. Eu faria o mesmo. Se a pessoa não descobriu um pouco da experiência de Deus que Jesus viveu, a religião é chata. Não vale a pena.
O triste é encontrar tantos cristãos cujas vidas não são marcadas pela alegria, admiração ou surpresa de Deus. Eles nunca foram. Vivem trancados em sua religião, sem ter encontrado nenhum "tesouro". Entre os seguidores de Jesus, cuidar da vida interior não é outra coisa. É essencial viver aberto à surpresa de Deus.