13 Junho 2023
"Nestes dias em que o pontífice está hospitalizado, reacenderam-se os rumores sobre o próximo Conclave, onde, como recordou Il Foglio, 67 por cento dos cardeais foram nomeados por Francisco, 81 em 121. Francisco está plenamente consciente deste "joguinho" ao ponto que no passado foi ele quem denunciou reuniões secretas para a sua sucessão, enquanto estava internado", escreve Fabrizio D'Esposito, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 12-06-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
E mais uma vez o Papa Francisco dissipou sombras, rumores, suspeitas e até esperanças (clericais) sobre uma possível demissão por motivos de saúde. "Governa-se com a cabeça", esse é o seu mantra habitual. Embora, é claro, ser ele um homem de 86 anos que em dois anos chegou à sua terceira internação no hospital Gemelli de Roma. A atual para uma prótese de parede abdominal. Anteriormente: pneumonia no ano passado e estenose diverticular no cólon em 2021 (outra cirurgia).
Nestes dias em que o pontífice está hospitalizado, reacenderam-se os rumores sobre o próximo Conclave, onde, como recordou Il Foglio, 67 por cento dos cardeais foram nomeados por Francisco, 81 em 121. Francisco está plenamente consciente deste "joguinho" ao ponto que no passado foi ele quem denunciou reuniões secretas para a sua sucessão, enquanto estava internado.
E é por isso que os rumores vindos dos Sagrados Palácios informam que o Papa Bergoglio não tem nenhuma intenção de sair. Mais uma vez, continuará a sentar no trono de Pedro, pontífice e também rei, conforme sancionado no artigo primeiro da nova Lei Fundamental do Estado do Vaticano, que entrou em vigor há menos de uma semana, em 7 de junho: “O Sumo Pontífice, Soberano do Estado da Cidade do Vaticano, tem o pleno poder de governo, que compreende o poder legislativo, executivo e judiciário”.
Obviamente, tudo isso causou a enésima decepção de seus opositores na Igreja (La Stampa), ligados ao campo dos clérigos de direita, que desde 2015 rezam e esperam que Francisco se afaste de uma forma ou de outra. E por mais que possamos levar em conta nuances e diferenças, agora está totalmente claro que o pontificado franciscano determinou o choque entre duas visões opostas. A primeira decididamente "aberta", não moralista no sentido fariseu e que assume o cuidado dos dramas do homem e do mundo. A segunda “fechada”, que atua exclusivamente na defesa, atrás do escudo da primazia da doutrina.
Um embate que o próprio Francisco descreveu com palavras muito duras na conversa que teve com 32 coirmãos jesuítas durante sua recente viagem apostólica à Hungria (caderno 4150 da Civiltà Cattolica, assinado pelo diretor, padre Antonio Spadaro). Do Concílio se chega à vexata quaestio da missa em latim: “Sei que o Concílio ainda está sendo implementado. Demora um século para um Concílio seja assimilado, dizem. E eu sei que as resistências são terríveis. Há um restauracionismo incrível. O que chamo de 'retrocesso’, como diz a Carta aos Hebreus 10,39: ‘Nós, porém, não somos dos que retrocedem’. O fluxo da história e da graça flui de baixo para cima como a seiva de uma árvore que dá frutos. Mas sem esse fluxo você acaba sendo uma múmia”.
Retrocesso, de fato. Francisco afirma: “O perigo hoje é o retrocesso, a reação contra o moderno. É uma doença nostálgica. É por isso que decidi que agora a concessão de celebrar segundo o Missal Romano de 1962 é obrigatória para todos os novos padres recém-consagrados”. É por isso que, mais esta vez, o papa não pensou em renunciar. Sua revolução não para.
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Também desta vez, o Papa Francisco não pensa em renunciar: decepção da direita que quer um “retrocesso” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU