31 Mai 2022
O Cardeal Rodríguez Maradiaga, Coordenador do C7, explicou em janeiro passado o propósito da nomeação dos cardeais neste pontificado, assim como o sentido da reforma da Igreja e da "Praedicate Evangelium" que entra em vigor em 5 de junho.
A reportagem é publicada por Il Sismografo, 30-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
No final de janeiro de 2022, a imprensa especializada ignorou substancialmente a importante entrevista do cardeal mais próximo e mais amigo do Santo Padre, Oscar Rodríguez Maradiaga, entrevistado pela Rome Reports, entrevista que recomendamos reler hoje, depois do anúncio do oitavo consistório do Pontífice para a ordenação de 21 novos cardeais (27 de agosto) e às vésperas da entrada em vigor da "Praedicate Evangelium" em 5 de junho (entrevista da Rome Reports e nossa análise e comentário).
O cardeal Rodríguez Maradiaga, que completa 80 anos em dezembro próximo, como se sabe, é o arcebispo metropolita de Tegucigalpa (Honduras) e coordenador do Conselho de 7 cardeais. Além disso, há vários anos ele atua periodicamente como um "porta-voz do pontificado", abordando de frente e abertamente assuntos sensíveis sobre os quais outros não falam.
De acordo com o que Rodríguez Maradiaga disse à Rome Reports, os cardeais nomeados pelo Papa Francisco - um total de 122 [1], incluindo aqueles que serão nomeados no próximo dia 27 de agosto - deveriam ser aqueles homens de igreja que nas congregações pré-conclave de 2013 foram descritos com uma terminologia específica "Dizia-se que o Papa devia ser apoiado por um grupo de cardeais ‘de base' e se pedia que as informações não chegassem apenas através das Nunciaturas Apostólicas ou da Secretaria de Estado", recordou o arcebispo hondurenho nessa entrevista.
Nesse momento, como sempre aconteceu nos Consistórios anteriores, circula livremente a leitura segundo a qual o Papa escolheu os cardeais da "periferia", uma palavra tão abusada que às vezes parece não significar mais nada. Alguns analistas, porém, destacam outra leitura: foram escolhidas pessoas próximas ao Pontífice, pessoas de confiança, do círculo pessoal. Pareceria que tudo é verdade, como também era verdade no caso de outros Papas. Os cardeais, chamados a garantir a sucessão de Pedro, são por definição pessoas em quem o Pontífice “reinante” confia e, portanto, juram ao Bispo de Roma que os indicou fidelidade até o sacrifício pessoal.
Talvez nessas grades de leitura valha a pena inserir o que o Cardeal Coordenador do C7 disse recentemente, pois se encaixa melhor com o que vimos no magistério, no estilo e na linguagem do Papa Francisco. Certamente, porém, trata-se de uma interpretação, embora questionável, muito perigosa, pois dizer "cardeais de base" introduz novos fatores de divisão na comunidade eclesial que já está dividida em muitas outras questões.
Como as palavras "cardeais de base" foram pronunciadas quatro meses atrás pelo cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, vale a pena questionar-se sobre seu verdadeiro significado. É importante para a Igreja. São estas pessoas - justamente, os cardeais - que elegem o Sucessor de Pedro.
Poderia ser um erro do cardeal ou uma miragem. Vamos ver. Por enquanto, lembremos que Oscar Rodríguez Maradiaga já cometeu um erro em 2002 ao explicar as denúncias sobre os casos de pedofilia do clero dizendo que eram o resultado de uma campanha contra a Igreja Católica por algumas mídias muito poderosas. O Coordenador do C7 declarou à revista "30 Giorni": “É um assunto doloroso explorado pelos meios de comunicação de massa. Quando dinheiro, política e justiça se misturam, a justiça se torna injusta".
Nota:
[1] Cardeais nomeados após o Papa Bergoglio (2014 - 2022):
Eleitores - 95
Não eleitores - 27
Total - 122
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Durante seu pontificado, contando com os 21 novos cardeais do próximo 27 de agosto, o Papa Francisco nomeou 122 “cardeais de base” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU