16 Junho 2023
- Abre-se um abismo inquietante entre o progresso técnico e o nosso desenvolvimento espiritual. Parece que o homem não tem força espiritual para animar e dar sentido ao seu progresso incessante. Os resultados são tangíveis. Muitos se veem empobrecidos pelo dinheiro e pelas coisas que pensam que são donos.
- Só há um caminho: aprender a amar. E reaprender coisas que o amor exige e que não estão muito na moda: simplicidade, acolhida, amizade, solidariedade, atenção gratuita aos outros, fidelidade.
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo e padre espanhol, publicado por Religión Digital, 12-06-2023.
Eis o artigo.
O Reino de Deus não é apenas uma salvação que começa após a morte. É uma irrupção de graça e vida já em nossa existência atual. Mais ainda. O sinal mais claro de que o reino está próximo é justamente essa corrente de vida que começa a abrir caminho na terra. "Vá e proclame que o reino dos céus está próximo. Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios”. Hoje, mais do que nunca, nós, crentes, devemos ouvir o convite de Jesus para colocar vida nova na sociedade.
Um abismo perturbador está se abrindo entre o progresso técnico e nosso desenvolvimento espiritual. Dir-se-ia que o homem não tem força espiritual para animar e dar sentido ao seu progresso incessante. Os resultados são tangíveis. Muitos são vistos empobrecidos por seu dinheiro e pelas coisas que pensam possuir. O cansaço da vida e o tédio tomam conta de muitos. A "poluição interna" está sujando o melhor de não poucas pessoas. Há homens e mulheres que vivem perdidos, incapazes de encontrar sentido em suas vidas. Há pessoas que vivem correndo, submersas em uma atividade nervosa e intensa, esvaziando-se por dentro, sem saber exatamente o que querem.
Não estamos mais uma vez diante de homens e mulheres "doentes" que precisam ser curados, "mortos" que precisam de ressurreição, "possuídos" que esperam ser libertados de tantos demônios que os impedem de viver como seres humanos? Existem pessoas que, no fundo, querem viver de novo. Eles querem curar e ressuscitar. Volte a rir e aproveite a vida, enfrente cada dia com alegria.
E só há um caminho: aprender a amar. E reaprender coisas que o amor exige e que não estão muito na moda: simplicidade, acolhida, amizade, solidariedade, atenção gratuita aos outros, fidelidade ... Ainda falta amor entre nós. Alguém tem que acordá-lo. Os homens de hoje não serão salvos pelo conforto ou pela eletrônica, mas pelo amor. Se em nós existe a capacidade de amar, temos que contagiá-la. Foi-nos dado de graça e de graça devemos dá-lo de muitas maneiras àqueles que encontramos em nosso caminho.
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Os homens de hoje não serão salvos pelo conforto ou pela eletrônica, mas pelo amor. Artigo de José Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU