22 Mai 2023
Na Bolívia, há semanas, na imprensa se repetem denúncias e relatos de muitos casos de abusos sexuais de menores, recentes e antigos, nos quais aparecem com nome e sobrenome especialmente sacerdotes jesuítas ainda vivos ou falecidos. Em poucas semanas, após a descoberta pelo jornal espanhol "El País", do chocante caso do padre Afonso Pedrajas, pedófilo serial, falecido anos atrás, que deixou um diário intitulado "A história” onde conta mais de 80 abusos nos colégios onde foi catequista, professor e formador.
A reportagem é publicada por Il Sismógrafo, 21-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Ora, essa situação, repleta de acontecimentos dolorosos e insuportáveis para os fiéis católicos, em pouco mais de um mês tornou-se muito crítica para a Companhia de Jesus e para a Igreja local. Os jesuítas, mas também o episcopado, intervieram firmemente sobre o assunto. Apesar das explicações, das investigações, das sanções e dos pedidos de perdão e de solidariedade com as vítimas, o clamor na imprensa local não dá sinais de arrefecer. Pelo contrário, cresce uma espécie de sentimento de raiva e ódio contra o clero e as hierarquias diocesanas e, naturalmente, contra os cerca de cinquenta jesuítas que vivem no país, a maioria deles bolivianos.
A imprensa local relata um clima muito semelhante ao vivido pela Igreja chilena com o caso do ex-padre Fernando Karadima. Naquele caso, em janeiro de 2018, a visita do Papa Francisco ao Chile terminou de forma desastrosa a ponto de o Papa Francisco ter depois que pedir desculpas às vítimas e convocar todo o Episcopado chileno ao Vaticano.
Na Bolívia, nas últimas horas, fala-se em dois enviados do Vaticano que deveriam chegar ao país sul-americano esta semana. Além dos encontros já agendados com os superiores dos jesuítas, eles se reunirão com autoridades do episcopado e talvez com funcionários do governo, que reagiu com avisos e advertências muito ameaçadoras. Esses enviados também visitarão as dioceses onde foi registrado um grande número de casos.
Os nomes dos emissários não são conhecidos e a própria missão vaticana não foi confirmada. No entanto, resulta singular que nestes dias esteja no Paraguai o espanhol Mons. Jordi Bertomeu, grande especialista no campo da pedofilia clerical, hoje Assessor da Seção Disciplinar do Dicastério para a Congregação da Fé e colaborador do arcebispo maltês Charles Scicluna, secretário adjunto do Dicastério para a Doutrina da Fé, que liderou a missão do Papa para investigar no Chile cinco anos atrás. Mons. Bertomeu está no Paraguai para investigar um caso clamoroso de assédios sexuais na Universidade Católica do Paraguai.
Essa coincidência sugere, mas sem confirmação oficial, que um desses enviados poderia ser justamente Mons. Bertomeu.
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Bolívia. Dois enviados do Vaticano para investigar as numerosas denúncias de pedofilia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU