19 Mai 2023
O Departamento de Educação e Cultura, um dos departamentos da cúria romana, enviou dois delegados ao Paraguai: o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta, e o funcionário do Departamento de Doutrina da Fé, monsenhor Jordi Bertomeu Farnós, no sentido de ouvir e alargar o conhecimento de assuntos relacionados com a Universidade Católica, nomeadamente, na sequência do caso de alegado assédio a uma aluna em 2014.
A jovem Belén Whittingslow foi quem denunciou seu então professor Cristian Kriskovich, por suposto assédio. Ela viveu como refugiada no Uruguai por anos devido a um mandado de prisão contra ela por um suposto caso de compra de notas, embora algumas semanas atrás, a Suprema Corte anulou essa ordem, após anos de odisseia longe de sua família.
A reportagem é publicada por Megacadena, 18-05-2023.
Segundo informou a própria Universidade Católica, o objetivo do envio dos dois enviados do Vaticano é estritamente eclesial e de acordo com o disposto nos regulamentos canônicos.
É um dos homens-chave no ambiente do Papa Francisco, provavelmente um dos que mais confiança gera no Vaticano. Uma espécie de 007 encarregado de investigar para o pontífice os casos de abuso sexual de menores perpetrados pelo clero da Igreja Católica.
Quase nunca fala com jornalistas. Ele está ciente de que sua tarefa delicada, complexa e altamente confidencial como funcionário da Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Sagrada Congregação da Inquisição Romana e Universal ou Congregação do Santo Ofício) deve ser discreta, longe da mídia holofotes e o barulho que eles trazem. Exerce a sua honestidade, a sua capacidade de serviço e de trabalho, com um espírito de sacrifício à prova de bomba e com uma delicadeza e firmeza elogiadas em particular por muitas vítimas que o conhecem e que valorizam a sua alma de pastor.
Em muitos casos renovou a confiança que haviam perdido na Igreja, ouviu-os e acompanhou-os. Ajudou-os a recuperar a auto-estima e a vontade de viver. Também os encorajou a divulgar suas histórias trágicas e, assim, facilitar que a justiça seja feita.
Reservado, muito cauteloso, sempre medindo as palavras, monsenhor Jordi Bertomeu i Farnós é o grande desconhecido da Santa Sé. Um personagem tão escondido da opinião pública que atualmente é fundamental para a imagem e até para a sobrevivência da Igreja Católica. Nasceu na cidade catalã de Tortosa em 1968, estudou Direito na Universidade de Barcelona e estudou Teologia no Seminário de Tortosa antes de ser ordenado sacerdote em 1995, quando tinha 27 anos. É doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Em 2012, ele começaria a trabalhar como oficial da Seção Disciplinar da Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Santo Ofício do Vaticano. Concomitantemente esta função com o cargo de vigário judicial da Diocese de Tortosa, que assumiu em 2002.
Em entrevista para a Vanityfair, ele mesmo deu detalhes de seu papel:
Que papel você desempenha na Congregação para a Doutrina da Fé?
Desde 2012 sou oficial de uma congregação ou departamento vaticano que no passado era conhecido como Santo Ofício ou Inquisição Romana. Na verdade, é a terceira "inquisição" no tempo, herdeira das inquisições "medievais" e "espanholas" do tempo dos Reis Católicos. Tenho plena consciência de que no imaginário popular a Inquisição não goza de boa reputação. Na verdade, foi caricaturado e muitas vezes usado como bode expiatório. Confesso a vocês que no meu trabalho diário aprendi a respeitar e amar esta instituição de quase quinhentos anos de vida, que nasceu com o surgimento do protestantismo.
Você não tem nenhum escrúpulo em trabalhar para a Inquisição?
Um pouco sim. É um lugar com uma forte carga histórica, e para um aficionado por história como eu é um privilégio. Trabalho em um lugar que possui documentos que mostram que Lutero conseguiu divulgar os postulados de sua reforma graças não só a fatores sociais do momento, mas também à corrupção que existia em algumas instâncias eclesiais.
De fato, se fôssemos capazes de julgar o passado de forma anacrônica e nos apegássemos a dados e estudos históricos, poderíamos reconhecer que a Inquisição, além de seus erros e excessos, hoje condenáveis, foi à época uma tentar colocar ordem em um conflito religioso interno e externo de forma rigorosa e equilibrada. Insisto, sempre de acordo com a mentalidade e legalidade do momento.
Ainda hoje continuamos a funcionar como tribunal da doutrina e dos costumes, para proteger o que temos de mais precioso: a nossa fé. Se no início eram perseguidas as heresias protestantes e os comportamentos que feriam a fé dos simples, como a magia, a feitiçaria, a blasfêmia e até a usura, hoje nos deparamos com um pecado e um crime gravíssimo que deve ser dado resposta: a pedofilia, favorecida por um novo meio de comunicação, a Internet. Os novos tempos exigem novas respostas. Uma Igreja que aprende com os erros do passado, mas sempre atenta aos sinais dos tempos.
Nota completa aqui.
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— Radio 780 AM (@780AM) May 18, 2023
? El Vaticano envío a dos representantes para "...ampliar el conocimiento de asuntos relacionados con la universidad, a raíz del caso de supuesto abuso sexual...", tras la denuncia de Belén Whittingslow contra @Criskriskovich
?? Uno de los emisarios es… pic.twitter.com/auMGlRzOWI
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Paraguai. Quem é Jordi Bertomeu, o “agente 007” do Vaticano, que virá investigar o caso Kriskovich, da Universidade Católica? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU