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09 Março 2023

"Tudo deve mudar, diziam, nas ruas, nas redes sociais, nos editoriais de jornal bem escritos. Uma mulher lidera o recém-criado Ministério dos Povos Indígenas. Você não consegue olhar para ela, de tão fraca que está. Mas vejo um brilho no lado esquerdo dos seus olhos de criança. Essa é a esperança que você tem para sua pequena grande vida. E você se agarra à sua mãe com força esperando a felicidade chegar", escreve Igiaba Scego, escritora, que possui graduação em Línguas Estrangeiras e Doutorado em Pedagogia, em artigo publicado por Donne Chiesa Mondo, março de 2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Eu gostaria de ver você feliz. Eu não sei o seu nome. Eu rapidamente vi seu rosto no Instagram. Você estava grudada ao seio de sua mãe. Um seio sem leite. Uma mãe sem carne. Uma mãe pele e osso. Sua mãe estava com fome como você, que não consegue sugar o leite. Uma fome que dura há mais de quinhentos anos.

O país em que você vive era só terra, era só liberdade, era só felicidade quinhentos anos atrás. Suas ancestrais viviam da floresta e do céu. Depois vieram homens, com a barba, numa caravela do outro lado do mundo, da Europa. Homens com uma bandeira e com a prepotência que saia das pontas de seus dedos trêmulos.

E suas ancestrais, naquele cone que hoje chamamos de América Latina, viram sua terra, sua felicidade, sua vida serem tiradas. Até a morte, que ainda era digna no tempo de seus ancestrais, ainda em conexão com os espíritos ancestrais, foi roubada delas. Depois, todos os vínculos foram apagados.

Toda estrada destruída. Toda comunicação cortada. Seu povo, que sempre esteve lá, tornou-se órfão de si mesmo. Os homens que desceram das caravelas, os homens do outro mundo, começaram a espalhar aos quatro ventos que haviam “descoberto” vocês. Mas vocês sabiam que sempre estiveram lá, naquela terra, a terra de vocês, dada pelos deuses e pelo céu. Pessoas nunca descobertas por ninguém. Mas sabemos que as mentiras têm pernas curtas, mas quando são lançadas ao universo correm rápido.

Especialmente se carregado na ponta de lanças afiadas. E assim foram exterminados os povos originários de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Morto por lanças venenosas ou por assassinos invisíveis que deixaram a carne como queimada. Pessoas felizes subitamente perdidas no pesadelo de um poder carnívoro.

E assim, ancestral após ancestral, os povos originários, aqueles que sempre estiveram lá, viram o mundo mudar. Onde havia a floresta de repente apareceu uma cerca. Onde havia liberdade, de repente a prisão. E com suas ancestrais os animais e as árvores também choraram. Os primeiros mortos sem motivo e as outras massacradas pelos machados do desmatamento. Vocês aprenderam assim a resistir. A ter em mente os saberes ancestrais. A não perder o contato com a natureza.

Do seu povo, os Yanomami, menina, diz-se que vocês são observadores atentos da natureza. Vocês conhecem espécies botânicas que os cientistas altamente condecorados das universidades famosas não conhecem.

E vocês sabem como não exagerar com a Mãe Natureza. Conhecem o limite entre o homem e a terra. Respeitam o mundo. E talvez seja por isso que o mundo não respeitou vocês. Desde a década de 1990, suas terras são invadidas pelos "garimpeiros", mineradores clandestinos a soldo das "máfias do ouro", que poluem os rios e os céus. Eles são pagos por potentados sem escrúpulos. E nos últimos anos, a situação do seu povo piorou. Ao seu redor, menina, tudo está morrendo. Os peixes, os pássaros, as larvas.

O mercúrio jogado nos rios também está deixando vocês doentes. Vocês estão com cólicas estomacais, sua amada terra tornou-se malárica, pútrida. E vocês não tem mais com que se sustentar. O Brasil, o país onde suas ancestrais sempre viveram, só notou sua fome há poucos instantes. Muitas pessoas não sabiam da sua dor. Viram seu corpo esquelético, aquela fome que desenha um esgar na sua boca, pela primeira vez. E muitos, não aqueles que lhes deixaram com fome, mas todas e todos os outros, choraram. Ficaram com raiva.

Tudo deve mudar, diziam, nas ruas, nas redes sociais, nos editoriais de jornal bem escritos. Uma mulher lidera o recém-criado Ministério dos Povos Indígenas. Você não consegue olhar para ela, de tão fraca que está. Mas vejo um brilho no lado esquerdo dos seus olhos de criança. Essa é a esperança que você tem para sua pequena grande vida. E você se agarra à sua mãe com força esperando a felicidade chegar.

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