07 Março 2023
“A Igreja não pode ser reinventada”, disse o cardeal Walter Kasper em entrevista à agência alemã KNA, referindo-se às propostas do caminho sinodal alemão.
A reportagem é publicada por Il Sismógrafo, 06-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
O ex-presidente do antigo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos destacou que a iniciativa “está agora sujeita a certas ilusões”, embora a sinodalidade tenha feito parte da vida da Igreja desde o início. Ele observou que o caminho sinodal não quer um cisma, mas pode "cair em um cisma", assim como "as grandes potências entraram na Primeira Guerra Mundial há mais de cem anos, embora ninguém realmente o quisesse".
O cardeal alemão indicou que o caminho sinodal também deveria “levar a sério as questões que vêm de outras conferências episcopais”. Não se comportar como se já tivesse a verdade. Isso sempre torna os alemães impopulares no exterior. Quando encontro os cardeais aqui em Roma, eles balançam a cabeça em relação aos alemães.
O cardeal descartou que as decisões do caminho sinodal obtenham a aprovação da Igreja universal, embora existam pessoas em outros países que pensem da mesma maneira. Mas eles não são de forma alguma a maioria. Isso vale, por exemplo, para a ordenação das mulheres ou para a ideia de participação democrática no governo da Igreja. A igreja não é uma democracia! Sobretudo sobre esse tema, muitas coisas não foram pensadas teologicamente ou do ponto de vista da tradição, afirmou o cardeal Kasper, referindo-se às propostas de seus compatriotas.
O cardeal admite que a Igreja está passando por uma revolução drástica e é impossível que ela possa continuar sua atividade como antes. “Mas como será o futuro da Igreja em detalhes, nenhum de nós sabe”, observou o card. Kasper, que justamente ontem domingo comemorou seu 90º aniversário.
A maioria dos membros da Conferência Episcopal Alemã quer envolver mais o povo de Deus no processo de tomada de decisão, bem como persuadir o Vaticano do curso reformista do Caminho Sinodal Alemão, enquanto uma minoria compartilha das críticas generalizadas de Roma. Isso foi ressaltado pelo chefe do episcopado alemão, mons. Georg Bätzing, no final da assembleia geral da primavera em Dresden.
O encontro aconteceu uma semana antes da quinta e última Assembleia Plenária do Caminho Sinodal, que acontecerá de 9 a 11 de março em Frankfurt. O Presidente do Episcopado alemão prevê que "devido à oposição de vários bispos, algumas propostas de resolução poderiam fracassar".
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O cardeal Kasper adverte a Igreja alemã contra um cisma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU