22 Fevereiro 2023
Num país onde este ano as crianças desnutridas poderiam chegar a 5 milhões devido à inflação e ao custo de vida, o primeiro prefeito londrino também envia um sinal ao governo conservador: “Sei como se sentem as famílias, eu também passei por isso”.
A reportagem é de Antonello Guerrera, publicada por La Repubblica, 20-02-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Considerando que cada vez mais crianças sofrem incrivelmente por fome na Inglaterra e no Reino Unido, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, tomou hoje tomar uma medida drástica: no próximo ano, fornecerá refeições gratuitas a todas as crianças do ensino fundamental da capital, sem distinções. "Uma medida contra o custo de vida e da inflação que tornou as famílias britânicas cada vez mais pobres", diz Khan, "enquanto o governo não faz quase nada para ajudá-las. Sei o quanto é importante uma refeição quente e gratuita na escola quando a sua família está em dificuldade. Foi o mesmo que me aconteceu quando criança."
Assim, o prefeito de Londres destinou cerca de 150 milhões de euros para o ano 2023/2024 para oferecer uma refeição gratuita a todas as 270 mil crianças de escolas primárias de Londres. É uma medida que fará respirar sobretudo as famílias mais pobres, já que Khan e a sua equipe estimam uma redução de gastos anual de cerca de 500 euros por filho. Até agora, apenas as crianças de um núcleo familiar que recebe subsídios do Estado e com renda total inferior a cerca de 8.500 euros por ano têm direito a uma refeição gratuita na escola. Um patamar alto demais para Khan e para muitas associações humanitárias britânicas, inclusive porque também não leva em conta o número de filhos presentes no núcleo familiar.
O Reino Unido é um dos sete países mais ricos e poderosos do mundo, o primeiro-ministro Rishi Sunak é o parlamentar mais rico do país. No entanto, a pobreza infantil é generalizada: hoje existem 4,3 milhões de crianças pobres no país, ou seja, 3 em cada 10, de acordo com a associação Children's Society. E, devido à crise energética e à inflação, em 2023 poderiam chegar a 5 milhões. Afinal, só em 2020 houve um aumento de 107% de crianças que as famílias não conseguem alimentar. Nesse contexto, uma refeição gratuita para os menores mais carentes pode ser fundamental, além de muitas vezes representar a única refeição quente do dia.
Para professores, associações e profissionais, vive-se no meio de uma tempestade perfeita: pobreza crescente, inflação em 9,5% e crise energética num total de 3 bilhões de euros de acréscimo nos orçamentos de escolas e instituições locais, uma economia mais apertada do que outras por causa do Brexit. Como escreveu o The Guardian, em 2022 as crianças com direito a refeições gratuitas na escola (devido a uma baixa renda familiar) somaram oficialmente 1,9 milhão, ou seja, 22%. Em 2019 eram 15%. Mas se trata apenas de uma parte dos verdadeiros pobres. O famoso chef Jamie Oliver já pediu ao governo que expanda as refeições gratuitas para todas as crianças de famílias que recebem algum benefício na Inglaterra: 'É um sistema cruel'.
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Londres: refeições gratuitas para todas as crianças no ensino fundamental. A medida do prefeito Sadiq Khan para combater a pobreza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU