22 Fevereiro 2023
O Papa Francisco reafirmou no dia 21 de fevereiro que o Dicastério para o Culto Divino do Vaticano recebeu plena autoridade para limitar a celebração da missa em latim pré-Vaticano II, em um gesto que pode ser visto como um grande golpe para alguns bispos dos Estados Unidos que buscam contornar as decisões do escritório sobre a matéria.
A reportagem é de Christopher White, publicada em National Catholic Reporter, 21-02-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em um breve rescrito publicado no boletim diário, o Vaticano reiterou que o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos recebeu a autoridade para restabelecer as restrições à missa em latim pela primeira vez na lei promulgada pelo papa em julho de 2021, Traditionis custodes, que mais tarde foi reconfirmada em dezembro de 2021, quando o Vaticano publicou uma resposta sobre como a nova lei deveria ser implementada.
Em sua lei original de julho de 2021, Francisco declarou que grupos aprovados que usam a missa tradicional em latim não podem mais usar paróquias regulares para suas missas, e que, em vez disso, os bispos devem encontrar um local alternativo para tais grupos, sujeito à aprovação do Vaticano.
Nos últimos meses, no entanto, vários bispos dos Estados Unidos citavam uma disposição do Código de Direito Canônico da Igreja, argumentando que ela permite que os bispos locais ofereçam uma dispensa quando necessário para o bem de sua diocese. O último esclarecimento do papa reitera que tais decisões devem ser aprovadas pelo dicastério vaticano.
Entre os bispos dos Estados Unidos que ofereceram tais dispensas ao Traditionis custodes estão o arcebispo Samuel Aquila, de Denver; o arcebispo Alexander Sample, de Portland, Oregon; e o bispo Thomas Paprocki, de Springfield, Illinois, que também é presidente da comissão dos bispos dos Estados Unidos para Assuntos Canônicos e Governança da Igreja.
Alguns advogados canônicos, principalmente os editores do site The Pillar, também alegaram que o cardeal Arthur Roche, chefe do Dicastério para o Culto Divino do Vaticano, ultrapassou sua autoridade ao controlar os bispos que procuram oferecer dispensas.
Em resposta a isso, Roche disse ao site católico Where Peter Is que tais alegações eram um ataque à autoridade do papa, o que, acrescentou, “para os católicos, é um surpreendente ato de arrogância”.
O novo rescrito, que surge depois que o papa se reuniu com Roche em 20 de fevereiro, ressalta não apenas que o dicastério de Roche tem plena autoridade em tais casos, mas que, se um bispo diocesano concedeu uma dispensa para que uma igreja paroquial seja usada para a missa em latim ou para que os padres ordenados depois de julho de 2021 a celebrem, eles são obrigados a informar o dicastério de Roche, que avaliará caso a caso.
Desde que as restrições foram impostas à celebração da missa em latim em 2021 pela primeira vez, Roche argumentou que as novas normas têm o “único propósito de preservar o dom da comunhão eclesial” com o papa.
Em uma entrevista de agosto de 2022 ao NCR, Roche disse acreditar que grande parte da resistência a Francisco, como expressada por vários adeptos da missa em latim, está enraizada na oposição às reformas do Concílio Vaticano II, que incluem a aprovação da tradução da liturgia para a língua vernácula, em um esforço para tornar a missa mais acessível e envolver uma maior participação dos leigos.
“A reforma da liturgia envolveu uma enorme e longa preparação antes do Concílio, e o Concílio é o mais alto nível legislativo que existe na Igreja”, disse Roche. “Uma vez que a legislação entra em vigor, é uma questão muito séria.”
“Se você desconsidera isso, você realmente está se colocando de lado, nas margens da Igreja”, acrescentou.
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Papa Francisco reafirma autoridade do Vaticano para limitar missa em latim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU