07 Dezembro 2022
- "Permita-me citar um bispo do qual não sei se é conservador, se é progressista, se é de direita ou de esquerda, mas é um bom pastor: Seitz, na fronteira com o México”, disse o Papa Francisco em entrevista à America Magazine;
- Em junho de 2020, "o Papa ligou para Seitz por ter sido o primeiro bispo católico a se ajoelhar publicamente em reconhecimento simbólico à injustiça racial e à brutalidade policial nos Estados Unidos".
A reportagem é de José Lourenço, publicada por Religión Digital, 12-05-2022.
“Permita-me mencionar um bispo do qual não sei se é conservador, se é progressista, se é de direita ou de esquerda, mas é um bom pastor: Seitz, na fronteira com o México. Ele é um homem que capta todas as contradições daquele lugar e as leva adiante como um pastor. Não estou dizendo que os outros não são bons, mas este é um que eu conheço."
Essas foram as palavras do Papa na recente entrevista que concedeu à America Magazine e na qual respondeu à pergunta de como os bispos dos Estados Unidos podem recuperar a fé dos católicos norte-americanos. “Você tem alguns bons bispos que estão mais à direita, alguns bons bispos que estão mais à esquerda, mas são mais bispos do que ideólogos; eles são mais pastores do que ideólogos. Essa é a chave”, destacou o Papa.
Ativista “dentro e fora” da fronteira
Mas quem é este bispo que o Papa deu como exemplo de "bom pastor"? Bem, este é Mark J. Seitz, um dos primeiros bispos que ele nomeou, especificamente para El Paso, na fronteira com o México, dois meses depois de ser eleito sucessor de Pedro e para quem ele telefonou pessoalmente para parabenizá-lo por algumas de suas iniciativas.
Considerado um dos líderes católicos mais comprometidos com a migração e outras questões fronteiriças, segundo o El Diario de El Paso, “é conhecido internacionalmente por defender os que têm menos”. Participante regular das mesas de debate, assessor de líderes políticos em Washington, ele não hesitou em fazer gestos simbólicos poderosos, tanto na fronteira mexicana, aonde chegam centenas de migrantes centro-americanos, quanto contra o racismo no país.

Francisco e Bispo Mark Seitz. (Foto: Vatican Media)
Um bispo a favor de “Black Lives Matter”
Em junho de 2020, "o Papa ligou para Seitz por ter sido o primeiro bispo católico a se ajoelhar publicamente em reconhecimento simbólico à injustiça racial e à brutalidade policial nos Estados Unidos". "Na segunda-feira, 1º de junho, Seitz participou de um comício com paroquianos e outros clérigos e, segurando uma placa dizendo 'Black Lives Matter', ajoelhou-se e fechou os olhos, conduzindo uma oração silenciosa por 8 minutos e 46 segundos, enquanto em Minneapolis o policial, Derek Chauvin, segurou o joelho no pescoço de George Floyd”, diz o jornal.
Dois dias depois, na quarta-feira, 3 de junho, o Papa se comunicou por dois ou três minutos por telefone com Seitz e eles falaram em espanhol. “Ele disse que queria me parabenizar”, disse o bispo. “Expressei ao Santo Padre que sentia que era imperativo mostrar nossa solidariedade com aqueles que estão sofrendo”.
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