18 Novembro 2022
Situada na serra gaúcha, a 88 Km de Porto Alegre, Nova Petrópolis é, desde 2017, uma das doze cidades educadoras no Rio Grande do Sul. A comunidade definiu como um dos seus eixos temáticos “Meio Ambiente e Sustentabilidade” enfatizando a questão do “Lixo: desde a sua separação até seu destino final”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A iniciativa de inserir Nova Petrópolis entre as cidades educadoras partiu do professor Irineu Lasch, formado em Pedagogia, Orientação Educacional e Curso Superior de Estudos Teológicos. “Quando viemos morar em Nova Petrópolis, em 2015, nos encantamos com a enorme quantidade e riqueza de eventos que aconteciam durante o ano. Não havia um final de semana em que não tivesse atividades na Rua Coberta, no Centro de Eventos, no Parque do Imigrante ou nos bairros e colônias”, conta Irineu.
Muitas dessas iniciativas – como diversidade, leitura, saúde, mobilidade urbana - contemplavam o que a Carta das Cidades Educadoras, redigida em Seminário realizado em Bolonha, na Itália em 1994, propunha em seus princípios e objetivos. O professor apresentou a proposta ao Executivo e Legislativo, que aprovou a inclusão do município entre as cidades educadoras. Atualmente elas somam em torno de 500 cidades em 50 países. Barcelona, na Espanha, sedia a Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE).
A Carta incentiva o investimento na educação “de cada pessoa, de maneira que esta seja cada vez mais capaz de exprimir, afirmar e desenvolver o seu potencial humano”, “promover as condições de plena igualdade para que todos possam sentir-se respeitados e serem respeitadores, capazes de diálogo”. Também insiste na construção de “uma verdadeira sociedade do conhecimento sem exclusões”, providenciando “o acesso fácil de toda a população às tecnologias da informação e das comunicações que permitam o seu desenvolvimento”.
Segundo Irineu, “na proposta fica evidenciado que o objetivo maior de uma cidade educadora é a busca da educação ao longo da vida, presente em todos os espaços e momentos da pólis, onde cidadãos e cidadãs vivem, trabalham, se relacionam, se encontram constroem seus sonhos, se divertem, sofrem, adoecem, se locomovem, nascem, crescem e morrem”. Uma cidade, define o professor, é um ser vivo. Ela sente, adoece, renasce, se entristece, se alegra, reage e merece cuidados como se cuida do corpo de um ser humano ou de qualquer outro ser.
Uma cidade educadora está compromissada a promover a diversidade, a compreensão, a cooperação solidária internacional e a paz no mundo. Ela encoraja o diálogo entre gerações, preserva e valoriza sua história e identidade cultural; presta cuidados especiais às necessidades das pessoas com dependência e prioriza o cuidado de crianças e jovens.
Para dar início às atividades que envolvessem os quatro eixos temáticos – uma Cidade Leitora, Cuidadora, Cidadã e da Diversidade Cultural - definidos num plano de ação elaborado em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação, o primeiro movimento foi divulgar os propósitos de uma Cidade Educadora na mídia local, nas redes de ensino, nas entidades públicas, associações de moradores. Essa ação foi de mão dupla, porque também ouviu manifestações, sugestões e demandas da comunidade.
O Conselho Municipal da Cidade Educadora, integrado por 14 entidades, tem a tarefa de implantar os programas e projetos, acompanhar sua realização, levando em conta o desenvolvimento sustentável, social, econômico e ambiental. Os objetivos que Nova Petrópolis se propôs como Cidade Educadora aparecem em vários momentos culturais realizados na cidade. O Festival Internacional do Folclore de 2019, por exemplo, focou o tema “O Tempo da Diversidade Chegou”, e a 24ª Feira do Livro apresentou-se com o lema “Não há limites para quem lê”.
Também a Horta do Hospital local entrou na pauta da Cidade Educadora. Um grupo de voluntários/as assumiu a horta, encaminhando os produtos da terra à cozinha da instituição ou para outras entidades.
A pandemia da Covid-19 freou bastante as atividades educativas e culturais da cidade e muito pouco foi realizado de modo presencial. Mas os propósitos do movimento continuaram vivos na cidade através a divulgação de materiais em emissora de rádio, matérias em jornais, e a elaboração de um Manual da Compostagem. O bairro Germânia, pioneiro no município na coleta de lixo, mesmo com essas restrições, deu continuidade na divulgação das práticas de descarte e compostagem. A primeira ação sobre o lixo e sua separação ocorreu em 30 de novembro de 2019, Dia Internacional da Cidade Educadora.
A Câmara de Vereadores aprovou, em outubro, lei municipal que integra Nova Petrópolis no Movimento Internacional Zero Waste – lixo zero. A cidade participou da Semana Nacional Lixo Zero, de 21 a 30 de outubro, com ações na Rua Coberta, quando ocorreram oficinas em escolas, caminhadas nos bairros sobre o lixo plástico, com ênfase à Campanha do Dia D sem Sacolas Plásticas. Também durante o ano, aconteceram oficinas no bairro Germânia sobre criação de abelhas sem ferrão, fabricação de sabão, consumo responsável e reaproveitamento de materiais descartáveis.
Nova Petrópolis se soma às 11 Cidades Educadoras em solo gaúcho, ao lado de Camargo, Carazinho, Gramado, Guaporé, Marau, Passo Fundo, Porto Alegre, Santiago, São Gabriel, Sarandi e Soledade. O Brasil tem, ainda, outras 11 cidades educadoras, entre elas Santos e São Paulo.
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Ações educadoras são destaque em Nova Petrópolis, RS - Instituto Humanitas Unisinos - IHU