08 Março 2022
"Educar 'é um ato eminentemente humano. Somos renovados quando aprendemos mais a respeito da vida e seu sentido, quando nos ensinam novos conhecimentos e quando percebemos que em nós existe a profunda sede de aprender e ensinar'", escreve frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia da UFG, 28-02-2022.
No Brasil, desde 1964, a Igreja promove a Campanha da Fraternidade (CF), que tem seu tempo forte na Quaresma e continua durante o ano todo. A Campanha apresenta sempre um Tema e um Lema que nos ajudam a viver a Quaresma como tempo de conversão, mudança de vida e preparação para a Páscoa, construindo uma sociedade e uma cultura mais justas, fraternas e solidárias, e fazendo acontecer a Boa Notícia do Reino de Deus na história do ser humano e do mundo: a Irmã Mãe Terra Nossa Casa Comum.
O Tema deste ano de 2022 é: Fraternidade e Educação e o Lema: Fala com sabedoria, ensina com amor (cf. Pr 31,26). Por ser sempre atual, neste ano, é a terceira vez que o tema Educação aparece na CF (as primeiras duas foram em 1982 e 1998), sob prismas diferentes.
O mundo e nele o Brasil “estão diante de um desafio: redescobrir caminhos para uma reconstrução que não é parcial, mas global; que não atinge somente alguns aspectos, mas deve chegar às raízes do modo como pessoas e povos compreendem e organizam a totalidade da vida. O mundo de nosso tempo precisa encontrar caminhos para se reconstruir, ouvindo os clamores dos vulneráveis em uma casa comum cada vez mais vulnerabilizada” (CF22. Texto-Base. Apresentação).
Educar “é um ato eminentemente humano. Somos renovados quando aprendemos mais a respeito da vida e seu sentido, quando nos ensinam novos conhecimentos e quando percebemos que em nós existe a profunda sede de aprender e ensinar” (ib.).
Foto: Divulgação CNBB
Educar “é também uma ação divina. A Bíblia nos mostra a história de um Deus que educa seu povo, caminhando com ele, compreendendo suas fragilidades, respeitando suas etapas e alertando diante dos erros. Quando contemplamos as ações e palavras de Jesus, encontramos um caminhar educativo. Sua presença atenciosa junto às pessoas, a relação entre os milagres e a conversão, o uso de exemplos recolhidos do cotidiano, tudo, enfim, nos apresenta Jesus como o grande educador” (ib).
Neste ano, a CF 22, “mais do que abordar um ou outro aspecto específico da problemática educacional, nos convoca a refletir sobre os fundamentos do ato de educar” (ib.). Nos recorda que educar não é um ato isolado. É encontro no qual todos são educadores e educandos. É tarefa da própria pessoa, da família, da escola, da Igreja e de toda a sociedade. Afinal, como nos ensina o conhecido provérbio de origem africana, ‘é preciso uma aldeia para se educar uma criança’” (ib.)
A realidade da educação “nos interpela e exige profunda conversão de todos/as. Verdadeira mudança de mentalidade, reorientação da vida, revisão das atitudes e busca de um caminho que promova o desenvolvimento pessoal integral, a formação para a vida fraterna e para a cidadania” (CF22. Texto Base, nº 5)
Todos e todas “somos convidados a ver a realidade da educação em diversos âmbitos, iluminá-la com a Palavra de Deus, encontrando e redescobrindo meios eficazes que favoreçam processos mais adequados e criativos a fim de que ninguém seja excluído de um caminho educativo integral que humanize, promova a vida e estabeleça relações de proximidade, justiça e paz. A educação é um indispensável serviço à vida. Ela nos ajuda a crescer na vivência do amor, do cuidado e da fraternidade” (ib. nº 6)
“O testemunho de uma Igreja (acrescento eu: de Base) missionária é o princípio que qualifica o anúncio do Evangelho e a torna capaz de propor aos homens e mulheres de boa vontade um novo aprendizado: educar é um ato de esperança no ser humano. É contribuir para que cada pessoa, cada discípulo/a missionário/a de Jesus Cristo ofereça o melhor de si a Deus, ao próximo, à Igreja e à sociedade. Educar com sabedoria e amor é estimular o cuidado pela vida, desde a concepção, passando pelo fim natural, até a eternidade. Convictos do poder transformador da educação pedimos: Senhor, ajudai-nos a criar um mundo novo!” (CF22. Texto Base, nº 221).
Educação pública de qualidade para todos e para todas!
Vivamos e sejamos sempre promotores de uma educação libertadora “desde os Pobres”: a educação praticada pelo grande educador Jesus de Nazaré e seu seguidor Paulo Freire.
Pai Santo, neste tempo favorável de conversão e compromisso, dai-nos a graça de sermos educados pela Palavra que liberta e salva. Livrai-nos da influência negativa de uma cultura em que a educação não é assumida como ato de amor aos irmãos e de esperança no ser humano. Renovai-nos com a vossa graça para vencermos o medo, o desânimo e o cansaço, e ajudai-nos a promover uma educação integral, fraterna e solidária. Fortalecei-nos, para que sejamos corajosos na missão de educar para a vida plena em família, em Comunidades Eclesiais (de Base) missionárias, nas escolas, nas universidades e em todos os ambientes. Ensinai-nos a falar com sabedoria e educar com amor! Permitais que a Virgem Maria, Mãe educadora, com a sabedoria dos pequenos e pobres, nos ajude a educar e servir com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz. Por Jesus, vosso Filho amado, no Espírito, Senhor que dá a vida. Amém.
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Jesus como o grande Educador - Instituto Humanitas Unisinos - IHU