Nota de estudantes sul-americanos no PISA fica aquém da média

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21 Dezembro 2023

A escola básica do continente sul-americano “perdeu o rumo”, avaliou o professor colombiano Javier González Quintero, com 40 anos de magistério e autor de livros didáticos, em reportagem de Grisha Vera para o portal Connectas. O resultado é que alunos e alunas não estão aprendendo. “Dedicamo-nos a ensinar como sinônimo de repetir uma lição”, disse.

A reportagem é de Edelberto Behs.

Estudantes dos 15 e 16 anos de idade dos 13 países da região que prestaram testes no Programa para a Avaliação Internacional de Alunos (PISA, a sigla em inglês) ficaram abaixo da média em matemática, ciências e leitura (interpretação de textos). Em relação a exames anteriores só o Brasil, Peru e a República Dominicana apresentaram avanços no PISA de 2022.

Ainda assim a nota brasileira ficou abaixo da média. A nota de alunos e alunas do Brasil que prestaram o exame foi de 379 pontos em matemática, 92 pontos abaixo da média, ficando na posição 65 entre os 81 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que aplica o PISA. Em ciências, a nota brasileira foi de 403 pontos contra a média geral de 485 pontos, com o país na 62ª posição; e em leitura, a média geral foi de 476 pontos, mas alunos e alunas brasileiros atingiram apenas 410 pontos, colocando o Brasil na 52ª posição.

Especialistas apontam que a baixa qualidade educacional registrada em países sul-americanos é multicausal, entre eles o deterioramento das instituições, a perda de autoridade social e a qualidade da formação de professores e professoras.

Quando da apresentação do Estudo Comparativo e Explicativo de 2021, a subdiretora de Educação da UNESCO, Stefania Giannini, já alertava que os resultados desse levantamento eram “motivo de grande preocupação”. O que, argumentou, “não é apenas uma injustiça para com as crianças, mas um atraso em todo o desenvolvimento econômico e social num momento em que todas as nações necessitam mais e melhor educação para fazer frente aos desafios”.

A equidade e a inclusão devem ser as medidas de toda e qualquer política educacional, defendeu Giannini. “Isso é sabido, mas não está ganhando prioridade na prática”, lamentou. O professor González defende uma educação integral. A qualidade deve ser a norma, com um único objetivo essencial: que alunos e alunas aprendam. O que não está ocorrendo porque falta controle de qualidade, analisou para a repórter Grisha Vera.

“Vivemos na época da distração, do zapping, da internet, da inteligência artificial. Tudo isso impacta na capacidade e no modo de aprender e ensinar. Mas os objetivos e as capacidades desenvolvidas na escola não deixam de ser indispensáveis”, definiu.

O ex-ministro da Educação de Mendoza, Jaime Correas, entrevistado por Vera, defendeu uma maior institucionalização do setor educacional, o que colocaria a escola num local que ela já ocupou, organizada, valorizada, bem equipada. “Na medida em que tudo isso melhora, é mais fácil explicar a uma criança numa escola que ela deve respeitar o professor”, disse. Há atitudes que se mostraram de fundamental importância que não podem ser desprezadas, como exigência, ordem e disciplina.

Correas advertiu que mais dinheiro não significa necessariamente maior qualidade se o impacto dos investimentos não é avaliado. Deu como exemplo a política de leitura, em que se compram livros e mais livros, mas nunca se avalia se esses livros foram lidos por alunos e alunas, se impactaram o processo de alfabetização e de letramento.

Cabe a implantação de políticas educacionais que projetam as escolas para o futuro, e que a qualidade seja a norma. O que falta em boa parte das escolas sul-americanas, foi a conclusão da matéria.

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