09 Novembro 2022
"Nas trilhas da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II que aponta a formação como exigência necessária em vista do espírito e da prática celebrativa que alimente a vida dos cristãos – o livro O Senhor prepara a sua mesa (Paulinas, 2020) é altamente recomendável para os membros da pastoral litúrgica, seminários, casa de formação e cursos de teologia. Bom apetite a todos/as!", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos), da Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, sobre o mencionado livro, recentemente elaborado por Dom Bruno Carneiro Lira.
Dom Bruno Carneiro Lira é monge beneditino, licenciado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Conhecido por suas obras em torno de temas de espiritualidade, liturgia, temáticas pastorais, educação e linguística, é autor do livro O Senhor prepara sua mesa. Trata-se de um estudo das Orações Eucarísticas através do qual busca homenagear o XVIII Congresso Eucarístico Nacional a ser realizado em Recife, de 12 a 15 de novembro de 2021.
O Senhor prepara a sua mesa (Paulinas, 2020)
Foto: Divulgação
O livro composto de nove capítulos é prefaciado por Dom Antônio Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife (cf. p. 11-16). Destaca que “este livro poderá nos ajudar muito na preparação do Congresso Eucarístico” (p. 13), olhando para a “Eucaristia não somente como memória da Última Ceia de Jesus, mas também como antecipação do Reino futuro que nós esperamos” (p. 15), celebrando a “Eucaristia como um ato de amor cósmico” (p. 15), pois, a Eucaristia é “também fonte de luz e motivação para as nossa preocupações pela ecologia e leva-nos a ser guardiões da criação inteira” (p. 15).
Na Introdução, o autor salienta que: “participar da Eucaristia é a atividade mais importante que o cristão católico faz em seu cotidiano, pois é a antecipação do futuro, ou seja, o próprio céu na terra. Por isso é importante que se conheça o sentido de cada parte de uma Oração Eucarística, pois, sabendo o que se está fazendo, a nossa oração cresce em qualidade e nos oportuniza, de maneira segura, a busca de conversão” (p. 17).
No primeiro capítulo, o autor entendendo a Eucaristia como “Memorial da Páscoa de Jesus Cristo” (p. 21), parte do contexto bíblico e brevemente passeia pela história para aprofundar a Ceia do Senhor (p. 21-26).
O segundo capítulo traz uma reflexão sobre as parte de uma Oração Eucarística (p. 27-34).
No terceiro capítulo traz considerações sobre alguns Prefácios que iniciam a Oração Eucarística e expressão a ação de graças feita pelo presidente da celebração, em nome do povo eleito; glorificam a Deus pela sua obra salvadora, conforme o dia ou tempo litúrgico (cf. p. 35-48).
No quarto capítulo traz um estudo das cinco Orações Eucarísticas que estão no Cânon do Missal de São Paulo VI: a primeira ou Cânon Romano, a segunda, a terceira e a quarta. A quinta Oração é própria para o Brasil, fruto do Congresso Eucarístico de Manaus em 1975 e as demais opções de Orações Eucarísticas (cf. p. 49-85).
No quinto capítulo temos uma reflexão sobre o Amém, que conclui a Oração Eucarística e que é de suma importância para a compreensão e realização do rito, sendo dito como resposta à glorificação do Pai, no Filho e pelo Espírito Santo (cf. 87-91).
O sexto capítulo apresenta uma sugestão de Oração Eucarística para o Dia Mundial dos Pobres – instituído pelo Papa Francisco e celebrado no Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum (cf. p. 93-100).
O sétimo capítulo ocupa-se com algumas notas pastorais com a finalidade de facilitar a participação ativa dos fiéis: a importância do silêncio litúrgico, a atenção para a escolha da Oração Eucarística, Oração Eucarística dita pelo presidente da celebração, a importância do estudo das Sagradas Escrituras e dos Padres da Igreja, no que se refere às partes de uma Oração Eucarística, incentivo à realização de Oficinas Paroquias Litúrgicas, a importância da oração de qualidade, a garantia da unidade da Igreja, na diversidade, pois a comunhão é fruto da própria Eucaristia (cf. p. 101-106).
O oitavo capítulo traz uma proposta de Adoração Eucarística que poderá ser utilizada em qualquer período do calendário das celebrações, independentemente do dia e tempo litúrgicos (cf. p. 107-115).
Por fim, no nono capítulo traz uma meditação intitulada: Sim, irei ao altar do Senhor (cf. p. 117-119).
Como anexos, o autor traz : 1) o Hino do XVIII Congresso Eucarístico Nacional – letra e música de Pe. Josenildo Nunes de Oliveira (cf. p. 121-123) e, 2) a Oração deste Congresso (cf. p. 125-126).
Não há duvida, esta obra merece ser conhecida, estudada e meditada. Uma leitura enriquecedora. Em tempos de retrocessos litúrgicos, em tempos que muitos manipulam a liturgia com a criatividade selvagem, com exageros estéticos desprovidos do espírito orante e contemplativo, onde o altar é transformado em palco e a celebração eucarística em show - este livro preparado por Dom Bruno Carneiro está destinado a fazer enorme bem e muito contribuirá para o leitor adentrar na riqueza teológica contida nas orações eucarísticas em vista de uma liturgia sóbria, fecunda e profunda - saboreando a celebração eucarística.
Fiel à reforma litúrgica empreendida pelo Concílio Vaticano II, cada umas das páginas deste livro foram escritas com leveza, sobriedade e clareza tendo em conta o XVIII Congresso Eucarístico Nacional, mas podemos alargar as reflexões aí contidas para a caminha eclesial do Brasil através das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 ao lembrarem que a Eucaristia é um elemento essencial e insubstituível para a vida cristã e a liturgia é o coração da comunidade, pois remete ao Mistério e, a partir deste, ao compromisso fraterno e missionário (cf. n. 160).
Nas trilhas da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II que aponta a formação como exigência necessária em vista do espírito e da prática celebrativa que alimente a vida dos cristãos – este livro é altamente recomendável para os membros da pastoral litúrgica, seminários, casa de formação e cursos de teologia. Bom apetite a todos/as!
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O Senhor prepara a sua mesa. Artigo de Eliseu Wisniewski - Instituto Humanitas Unisinos - IHU