26 Outubro 2022
A informação é publicada por Religión Digital, 25-10-2022.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva travaram uma guerra santa em busca do voto religioso antes do segundo turno do próximo domingo, no qual a fé se tornou um pilar central da disputa eleitoral.
Embora sempre tenha estado presente na agenda política, a religião ganhou destaque sem precedentes no Brasil, país laico de maioria católica que vive um forte crescimento e influência das igrejas evangélicas.
Este último grupo tornou-se um trunfo para o líder da extrema direita brasileira, que abraçou sob seu guarda-chuva os setores mais conservadores da sociedade com uma firme defesa dos valores cristãos.
Com a Bíblia como escudo e "Brasil acima de tudo e Deus acima de tudo" como lema, o presidente brasileiro fez uma peregrinação nos últimos meses pelos templos para reafirmar o apoio que tem dos evangélicos , grupo que representa cerca de 30% da o eleitorado.
Na maioria das vezes ela tem sido acompanhada pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que se define como uma "serva do Senhor" e chegou a prometer aos fiéis "Jesus Cristo no Governo" caso o marido seja reeleito para um novo mandato. termo.
Ciente da influência e do poder dos evangélicos dentro e fora da política, Lula concentrou seus esforços na reta final da campanha na tentativa de arrancar a bandeira de "Deus e família" do presidente.
Para isso, o ex-sindicalista cercou-se nas últimas semanas de frades franciscanos, freiras, padres e pastores evangélicos; beijou santos, cantou canções religiosas, rezou e recebeu bênçãos para se ratificar como um homem que acredita em Deus e se livrar da imagem de "comunista" da qual seus detratores o acusam de forma pejorativa.
Para acalmar os evangélicos, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT), formação de centro-esquerda de origem trotskista, lançou na semana passada uma carta dirigida aos evangélicos em que se compromete com a liberdade de culto e com a família. "A família é sagrada", declarou diante de um grupo de evangélicos.
Lula, favorito às eleições, deu um passo além e reiterou sua rejeição pessoal ao aborto, retraindo algumas declarações feitas meses atrás, quando considerou a interrupção voluntária da gravidez uma "questão de saúde pública", e que serviu de munição para Bolsonaro e seus aliados.
A carta, no entanto, foi categoricamente rejeitada por algumas das lideranças evangélicas mais influentes do país, como o polêmico pastor Silas Malafaia, que tem contribuído para propagar do púlpito a farsa de que Lula fechará igrejas se voltar ao poder, uma extremo negado pelo ex-presidente. A luta pelo voto religioso tem incentivado a disseminação de notícias falsas ou fora de contexto nas redes sociais.
Grupos bolsonaristas acusam Lula de fazer pactos com o diabo, enquanto a oposição liga Bolsonaro à Maçonaria, grupo que evangélicos e católicos associam a Satanás, e ao canibalismo.
O uso da religião como arma de campanha eleitoral foi veementemente condenado pelo Episcopado Católico Brasileiro, que em nota lamentou a “intensificação da exploração da fé” como forma de “capturar votos no segundo turno” das eleições.
A tensão eleitoral em torno da fé chegou até mesmo ao cardeal brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, que foi obrigado a justificar a cor vermelha de sua batina, ratificar sua oposição ao aborto e sua crença em Deus após ser acusado de ser esquerdista para internautas.
"Parece-me reviver os tempos de ascensão do fascismo ao poder. E sabemos as consequências", alertou o cardeal, um dos pilares da ala mais conservadora da Igreja Católica.
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A ‘guerra santa’ de Bolsonaro e Lula indigna os bispos católicos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU