21 Setembro 2022
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 20-09-2022.
Nem o acesso das mulheres ao sacerdócio, nem o acolhimento à comunidade LGTBI, nem o papel dos leigos, que todos veem como algo que pode ser melhorado. Nada disso foi objeto de particular controvérsia na fase de escuta sinodal, cujo resumo acaba de ser enviado ao Vaticano pela Conferência Episcopal dos Estados Unidos. Pelo contrário, são as questões políticas e a liturgia escolhida para a celebração da Eucaristia que evidenciam uma “profunda divisão da Igreja”, constatação que os participantes vivenciaram “com profundo sentimento de dor e angústia”.
De acordo com o resumo da síntese, divulgado nesta terça-feira, "como um participante compartilhou, as ideologias políticas divisórias presentes em nossa sociedade se infiltraram em todos os aspectos de nossas vidas".
Quanto à divisão segundo o rito eucarístico, “infelizmente, a celebração da Eucaristia também é vivida como um espaço de divisão dentro da Igreja. A questão mais comum na liturgia é a celebração da Missa pré-conciliar”.
Nesse sentido, “lamentava-se o acesso limitado ao Missal de 1962; muitos sentiram que as diferenças sobre como celebrar a liturgia 'às vezes atingem um nível de hostilidade. As pessoas de cada lado da questão disseram que se sentem julgadas por aqueles que diferem delas'”.
Sobre a divisão que a polarização política está causando na comunidade cristã americana, a síntese aponta que “pessoas de ambos os extremos do espectro político se estabeleceram em oposição aos 'outros', esquecendo que estão unidos no Corpo de Cristo. A política partidária está se insinuando nas homilias e no ministério, e essa tendência criou divisões e intimidação entre os crentes”.
A síntese - elaborada com base na participação de 700.000 dos 66,8 milhões de católicos americanos em cerca de 30.000 encontros - também observa "um desejo de papéis mais fortes de liderança, discernimento e tomada de decisão para as mulheres, tanto leigas quanto religiosas, em suas paróquias e comunidades”.
“As pessoas – observa a síntese – mencionaram uma variedade de maneiras pelas quais as mulheres podem exercer a liderança, incluindo a pregação e a ordenação ao diaconato ou ao sacerdócio. A ordenação de mulheres surgiu, não principalmente como solução para o problema da falta de padres, mas como uma questão de justiça”.
Também de forma muito natural, percebeu-se a necessidade de um maior envolvimento dos leigos nas tarefas de governo na Igreja, bem como um canal muito adequado para ajudar os padres em tarefas paroquiais que não lhes são especificamente reservadas.
E a esperança de uma Igreja acolhedora se expressava claramente no desejo de acompanhar autenticamente as pessoas LGBTQ+ e suas famílias, segundo a síntese, que foi enviada ao Vaticano depois que os párocos pediram uma prorrogação, já que os resumos deveriam ter chegado à Secretaria-Geral do Sínodo antes de 15 de agosto passado.
Também muito significativa foi a constatação de que “a principal ferida duradoura que aflige o Povo de Deus nos Estados Unidos é a dos efeitos da crise dos abusos sexuais que ainda se manifestam”.
Assim, confirma-se que “a confiança na hierarquia da Igreja é fraca e precisa ser fortalecida. Os escândalos de abuso sexual e a forma como a liderança da Igreja lidou com a situação são considerados uma das causas mais fortes da falta de confiança e credibilidade por parte dos fiéis”.
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EUA: A Missa em latim divide a Igreja mais do que o sacerdócio feminino, segundo a síntese sinodal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU