20 Julho 2022
A reportagem é de Luis Miguel Modino, publicada por Religión Digital, 19-07-2022.
Nairobi acolhe esta semana, de 18 a 22 de julho, o II Congresso Católico Pan-Africano de Teologia, Sociedade e Ministério Pastoral da Rede Pan-Africana de Teologia e Ministério Católico. Mais de 80 líderes pastorais e acadêmicos interdisciplinares dos cinco continentes se reunirão na Universidade Católica da África Oriental para discutir o tema "Caminhando juntos por uma Igreja vital na África e no mundo".
Os temas que serão debatidos estão de acordo com o pensamento do Papa Francisco: sinodalidade, mulheres, crianças e uma Igreja vital. Tudo isso por meio de conferências e workshops, que contarão com a presença de representantes de mais de 10 países africanos, bem como de outros continentes, incluindo representantes da Revista Concilium, do Centro de Catolicismo Mundial e Teologia Intercultural da Universidade DePaul, da Pontifícia Comissão para a América Latina, que enviou sua secretária, Dra. Emilce Cuda, e do Dicastério vaticano para a Comunicação, que também enviou seu secretário, Dom Lucio Ruíz.
A secretária da Comissão para a América Latina diz que está participando como parte de sua missão, que nada mais é do que "comunicar a América Latina com a Cúria Romana e com o resto das Igrejas". Segundo Emilce Cuda, “a situação social no Sul Global, na América Latina, na África, em parte da Ásia, é muito semelhante. Por isso é importante partilhar as nossas experiências, ouvir uns aos outros, saber quais têm sido as soluções possíveis em situações semelhantes”.
A partir de sua experiência de trabalho nas aldeias argentinas, com movimentos populares, com comunidades eclesiais, destaca a importância de “comunicar essas periferias entre si”, algo que não é comum, “porque raramente vemos comunicação horizontal entre o Sul”. Por isso, a teóloga argentina insiste na necessidade de “colocar essas periferias em comunicação”.
Os participantes do encontro, professores, bispos, líderes populares, pastores, que em muitos casos se conhecem há anos, visitaram esta segunda-feira a maior zona marginal do Quênia, onde vivem um milhão de pessoas, estando em contato com o povo, comendo em suas casas, conhecendo o trabalho das organizações eclesiais da base. Cuda destaca o trabalho educativo que realizam e a importância de colocar em contato pessoas que que tem experiências maravilhosas.
Comentando a experiência, o secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina diz que "quando nos contaram como trabalhavam, nos disseram que tudo o que fizeram já estava escrito na Bíblia". Junto a isso, destacou-se que “as mulheres são a chave para passar de uma cultura de morte para uma cultura de vida”. Em terceiro lugar, destacou que “a primeira coisa que eles devem fazer é confiar em sua dignidade humana, gerar força espiritual, força econômica e capacitá-los psicologicamente para que possam ter confiança para mudar sua própria realidade”.
Emilce Cuda considera tudo isso algo maravilhoso, vendo muitas semelhanças com o trabalho realizado na América Latina. A teóloga argentina insistiu que "não partimos do conceito de classe social, como tantas vezes disse o Papa, por várias razões, mas principalmente porque para chegar lá é preciso primeiro um emprego, e onde há desemprego, onde há descartados, a forma de constituição da consciência é diferente, e é aí que o cristianismo se fortalece, porque a consciência se constitui da fé em Deus e do crer, considerar e confiar, não apenas que todos somos dignos de ser filhos de Deus, mas que Deus está operando na história, e eles partem daquele Jesus enforcado e ressuscitado, e essa é a esperança”.
O congresso pretende expressar "a riqueza da Igreja e do Continente, oferecendo uma representação inclusiva e acolhendo uma diversidade de pensamentos e vozes", nas palavras de Mūmbi Kīgūtha CPPS, secretário organizacional da Rede Pan-Africana de Pastoral Católica e Teologia, organização que visa "fazer uma ponte entre a prática pastoral e o trabalho acadêmico multidisciplinar no continente africano, escutando em comunhão a Deus e ao nosso povo, a fim de inspirar esperança e transformar a fé e promover e curar as melhores práticas para a melhoria da Igreja e sociedade.
Um Congresso que pretende dar continuidade ao realizado em 2019 na Nigéria, e que conta com o total apoio do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM).
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De 18 a 22 de julho em Nairobi (Quênia) II Congresso Católico Pan-Africano de Teologia: “Uma comunicação horizontal entre o Sul” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU