28 Abril 2022
O atual arcebispo de Lille foi nomeado arcebispo da capital na terça-feira pelo papa Francisco. Ele é conhecido por sua consciência social e sua abertura ao diálogo.
A reportagem é de Florence Trollé, publicada por Le Monde e reproduzida por Fine Settimana, 27-04-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
A prefeita de Lille, Martine Aubry, diz dele que deixará a memória de um "homem de grande espiritualidade que muitas vezes faz referências às encíclicas do papa sobre questões sociais e ambientais".
Xavier Bertrand, presidente da região de Hauts-de-France, reconhece as qualidades "de um homem de diálogo e de escuta, ao serviço de todos". O atual arcebispo de Lille, D. Laurent Ulrich, foi nomeado, na terça-feira, 26 de abril, arcebispo de Paris pelo Papa Francisco, substituindo Michel Aupetit, que foi forçado a renunciar em dezembro de 2021. Este último era contestado por sua gestão dos recursos humanos. Além disso, a imprensa alegou que ele mantinha um relacionamento íntimo com uma mulher, o que ele negou categoricamente.
Apesar dos rumores persistentes de sua indicação em Paris, Laurent Ulrich disse que estava “muito surpreso por ter sido nomeado. Eu não esperava mesmo”, em um vídeo postado online no site da diocese de Paris. Ele confidencia que "sentiu um pouco de medo" com esse anúncio, mas que se tranquilizou pensando em um chamado do Senhor. Sem rodeios, ele menciona os "eventos vividos pela diocese de Paris", e garante que estará "atento aos sofrimentos vividos nos últimos meses e nos últimos anos com a partida de seu antecessor".
Aos 70 anos, o bispo Laurent Ulrich nasceu em Dijon. Titular de um duplo mestrado em filosofia e teologia, foi ordenado sacerdote em 1979 para a diocese de Lyon. Em 2000 tornou-se arcebispo de Chambéry, antes de ser nomeado para a mesma função em Lille em 2008. Desde 2000 faz parte da Conferência Episcopal francesa, onde é considerado uma pessoa com excelentes capacidades de gestão.
Reconhecido por estar imbuído do catolicismo social das regiões do Norte, antes das eleições regionais de 2015 havia declarado que “não se pode ser ao mesmo tempo católico, ou seja, universal e xenófobo”.
Considerado sensível à causa dos migrantes, publicou, em novembro, com o bispo auxiliar de Lille, com o bispo de Arras e o arcebispo de Cambrai (Norte), uma declaração comovente após o naufrágio de um barco de refugiados na costa de Calais que causou 27 vítimas. O título do comunicado era: "O que fizemos com nossos irmãos?". Os autores afirmavam que "a Europa tem as ferramentas para colocar a dignidade no centro do debate e fornecer os meios da solidariedade internacional".
Aberto ao diálogo sobre questões sociais e bioéticas, ele é, no entanto, um defensor das posições da Igreja sobre essas questões. Ele assumiu a dolorosa questão dos abusos sexuais na Igreja.
Em maio de 2019, a diocese de Lille organizou um conselho pastoral, excepcionalmente aberto à imprensa “por uma questão de transparência” com 200 religiosos e leigos, para “dialogar e abrir caminhos para a reflexão”. Uma unidade de escuta também foi criada na diocese. Após o relatório da comissão independente sobre os abusos sexuais na Igreja (Ciase), D. Ulrich afirmou a necessidade de "continuar os esforços da Igreja naquele âmbito". Sua posse oficial em Paris está marcada para segunda-feira, 23 de maio, na igreja de Saint Sulpice.
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Laurent Ulrich, novo arcebispo de Paris, é considerado bastante progressista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU