10 Dezembro 2021
A já famosa frase do Papa sobre as "pequenas carícias e massagens que ele fazia à secretária", no site oficial da Santa Sé tornou-se: “Pequenas carícias e massagens que ele fazia”. A quem fazia as massagens o ex-arcebispo detonado de Paris? Não é dado a conhecer. Confusão papal, constrangimentos e pruridos pelas novas implicações que estão aparecendo levaram o Vaticano a censurar as palavras do Papa pronunciadas no avião ao retornar da Grécia.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 09-12-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Enquanto no Vaticano ainda não foi superado o choque das frases papais usadas para explicar aos jornalistas por que ele demitiu D. Michel Aupetit, 70 anos, até poucos dias atrás o chefe da diocese mais importante da França, outro episódio da vida privada do arcebispo conservador teve o efeito de uma bomba cluster.
O semanário Paris Match publicou duas fotos tiradas há apenas alguns dias, logo após a demissão. Mostram Aupetit na companhia de uma jovem consagrada, uma teóloga que trabalha no Colégio de Bernardin. A manchete do semanário francês é esta: "Aupetit perdido por amor", sugerindo que, por trás de sua demissão decidida sem hesitação pelo pontífice (que desta vez não usou nenhuma misericórdia para com ele), haveria outra mulher, e não apenas a amizade profunda com a tal Madame Colette que remonta a 2012, esta última no centro do escândalo e destinatária da carta particular que acabou na imprensa. Uma ligação definida pelo próprio Aupetit como um pouco "ambígua".
O semanário escreve: “A mulher do e-mail de 2012, Colette, teria desempenhado um papel mais importante do que o arcebispo gostaria de fazer acreditar e sua ligação teria durado por muito tempo. Ninguém sabe exatamente o papel de Colette, mas esse episódio parece esconder outra mulher com efetivo poder sobre ele, Laetitia Calmeyn, religiosa consagrada e teóloga”.
A primeira foto mostra Aupetit e a jovem Laetitia enquanto caminham, e a segunda enquanto passeiam em um bosque. O tormento do arcebispo demasiado conservador nomeado pelo Papa Francisco em 2018 e demitido está destinado a continuar.
No entanto, permanece o mistério da censura às palavras do pontífice. Por que censurar justamente a palavra secretária? Talvez por que o Papa se confundiu ou talvez porque não querem falar de massagens a secretárias? Haveria o suficiente para iniciar com toda força o movimento #MeToo. Durante a coletiva de imprensa no avião, falando do caso de Paris, Francisco garantiu que os pecados da carne são veniais, que todos somos pecadores, não apenas Aupetit. Ele também disse que aceitou a demissão do bispo de Paris "não no altar da verdade, mas da hipocrisia", devido à tagarelice, às fofocas e pediu aos jornalistas para investigar. Mas se Francisco jogou Aupetit ao mar, ele fez isso apenas em função das fofocas ou o fez antes das investigações?
Nesse ínterim, a sala de imprensa do Vaticano, com uma singular sincronia com à chegada às bancas do Paris Match, divulgou as palavras do Papa pronunciadas durante a tarde, durante a visita a uma comunidade de religiosos em Roma. “Não devemos ter medo da realidade, da verdade, das nossas misérias”.
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O caso Aupetit, ex-arcebispo de Paris, se complica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU