10 Janeiro 2022
"Apesar dos seus 85 anos, Francisco continua atento aos problemas da Humanidade e incansável na sua missão. Mostrou-o de modo exemplar neste tempo natalício. Ficam aí apontamentos, extratos de mensagens, chamadas de atenção...", escreve Anselmo Borges, padre e professor de Filosofia, em artigo publicado por Religión Digital, 09-01-2021.
Apesar dos seus 85 anos, Francisco continua atento aos problemas da Humanidade e incansável na sua missão. Mostrou-o de modo exemplar neste tempo natalício. Ficam aí apontamentos, extratos de mensagens, chamadas de atenção...
1. Lembrou: "O nascimento de Jesus é um acontecimento universal que afeta todos homens." "Para chegar a Belém é preciso pôr-se a caminho, correr riscos, perguntar e até enganar-se." "Hoje, quereria levar a Belém os pobres e também aqueles que julgam não ter Deus, para que possam compreender que só n'Ele se realizam os nossos desejos e se chega a ser profundamente humano". "Os Magos representam também os ricos e os poderosos, mas só aqueles que não são escravos da posse, que não estão "possuídos" pelas coisas que julgam possuir."
2. Migrantes e refugiados. "A família de Nazaré experimentou na primeira pessoa a precariedade, o medo e a dor de ter de abandonar a sua terra natal.
"São José, tu que experimentaste o sofrimento dos que têm de fugir para salvar a vida dos seus entes mais queridos, protege todos os que fogem por causa da guerra, do ódio, da fome. A História está cheia de personalidades que, vivendo à mercê dos seus medos, procuram vencê-los exercendo o poder de modo despótico e realizando atos de violência desumanos."
3. Dia Mundial da Paz. "Se nos convertermos em artesãos da fraternidade, poderemos tecer os fios de um mundo lacerado por guerras e violências." "Não serve de nada ir-se abaixo e queixar-se, precisamos de arregaçar as mangas para construir a paz". Aqui, é essencial recordar que no Natal "Deus não veio com o poder de quem quer ser temido, mas com a fragilidade de quem pede para ser amado."
4. Natal é tempo de família. Assim, escreveu uma carta aos casais de todo o mundo. Alguns extratos:
"Que estar juntos não seja uma penitência, mas um refúgio no meio das tempestades." "As famílias têm o desafio de estabelecer pontes entre as gerações para a transmissão dos valores que conformam a humanidade. É necessária uma nova criatividade para, frente aos desafios atuais, configurar os valores que nos constituem como povo nas nossas sociedades e na Igreja, Povo de Deus."
"É importante que, juntos, mantenhais o olhar fixo em Jesus. Só assim encontrareis a paz, superareis os conflitos e encontrareis soluções para muitos dos vossos problemas. Estes não vão desaparecer, mas podereis vê-los a partir de outra perspectiva." "Que o cansaço não ganhe, que a força do amor vos anime para olhar mais para o outro - o cônjuge, os filhos - do que para o próprio cansaço." "Muitos viveram inclusivamente a ruptura do casamento que vinha sofrendo uma crise que não se soube ou não se pôde superar. Também a estas pessoas quero exprimir a minha proximidade e o meu afeto,"
"A ruptura de uma relação conjugal gera muito sofrimento devido ao afundamento de tantas expectativas; a falta de entendimento provoca discussões e feridas não fáceis de reparar. Também não é possível poupar os filhos ao sofrimento de ver que os pais já não estão juntos. Mesmo assim, não deixeis de procurar ajuda para que os conflitos possam de algum modo ser superados e não causem ainda mais dor a vós e aos filhos."
"Se antes da pandemia era difícil para os noivos projetar um futuro, quando era complicado encontrar um trabalho estável, agora a situação de incerteza laboral aumenta ainda mais." "A família não pode prescindir dos avós. Eles são a memória viva da humanidade, e esta memória pode ajudar a construir um mundo mais humano, mais acolhedor."
No Dia da Sagrada Família, voltou ao tema. Para denunciar "a violência física e moral que quebra a harmonia e mata a família". Para pedir: "Passemos do 'eu' ao 'tu'. E, por favor, rezai todos os dias um pouco juntos, para pedir a Deus o dom da paz. E comprometamo-nos todos - pais, filhos, Igreja, sociedade civil - a apoiar, defender e proteger a família." "É perigoso quando, em vez de nos preocuparmos com os outros, nos centramos nas nossas próprias necessidades; quando, em vez de falar, nos isolamos com os nossos telefones móveis; quando nos acusamos uns aos outros, repetindo sempre as mesmas frases, querendo cada um ter razão e no fim há um silêncio frio."
"Talvez não tenhamos nascido numa família excepcional e sem problemas, mas é a nossa história, são as nossas raízes: se as cortarmos, a vida seca." "Jesus é também filho de uma história familiar, inserido na rede de afetos familiares, nascendo e crescendo no abraço e com a preocupação dos seus." E "até na Sagrada Família nem tudo corre bem: há problemas inesperados, angústia, sofrimento." Contra o inverno demográfico: "Alguns perderam a vontade de ter filhos ou só querem um. Pensem nisto: é uma tragédia. É um problema demográfico: façamos todo o possível para vencer este inverno demográfico, que vai contra a nossa pátria e o nosso futuro."
Neste contexto, condenou com vigor a violência contra as mulheres: "Basta. Ferir uma mulher é ultrajar a Deus."
5. Não esqueceu a Cúria: "A humildade é requisito" para o governo da Igreja. "Se o Evangelho proclama a justiça, nós devemos ser os primeiros a procurar viver com transparência, sem favoritismos nem grupos de influência." E a Igreja somos todos. "Todos! não é uma palavra que possa ser mal interpretada. O clericalismo faz-nos pensar sempre num Deus que fala só a alguns enquanto os outros só têm de escutar e executar."
A missão de Francisco é continuar a pôr fim a esta situação.
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O Papa Francisco em tempo natalício - Instituto Humanitas Unisinos - IHU