Cibernético? Não, o futuro é alimento ético

Foto: Ahlan F. Dias | Wikimedia Commons

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14 Julho 2021

 

"A realidade de um lado, desafios ainda a serem enfrentados do outro. E, no meio, o consumidor, que todos os dias deve escolher o que é melhor, tornando a compra um ato ético. Exatamente como Kierkegaard sugeria", escreve Lara De Luna, em artigo publicado por La Repubblica, 13-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

 

Escolher é uma expressão rigorosa e eficaz da ética”. Kierkegaard no seu Aut-Aut aborda todas as diferenças possíveis entre a vida estética e a vida ética, marcando uma linha reta, sutil e decisiva no campo das ações humanas. Uma linha ainda mais contemporânea hoje, onde após décadas de não escolhas ditadas pelas modas e pelo desejo de uma vida confortável e sem sobressaltos, a emergência ecológica está nos forçando a uma consciência social em todos os setores.

Alimentos, em primeiro lugar, que continuam a ser um pilar da sociedade. Impossível ignorar, são responsáveis por 25% do impacto que temos no ambiente e por mais de 32% da saúde do nosso corpo. Contar o mundo contemporâneo sem falar de comida e seu entorno - partindo obviamente da produção, passando pelas modalidades de comércio - é impossível. Como é impossível querer viver como seres humanos contemporâneos, ignorando que o futuro será dominado pela tecnologia, mas que sem uma base ética forte para nos guiar assim que cruzarmos a soleira do supermercado, não haverá um amanhã.

A Ética do Gosto é um dossiê que visa nos acompanhar na descoberta das escolhas que podemos fazer hoje para garantir um amanhã mais verde, saudável e sustentável. E uma fotografia realista daquelas que são hoje as políticas implementadas pelos grandes da distribuição. Em colaboração com a Coop falaremos sobre a política da cadeia de abastecimento agroalimentar e tentaremos contar sobre tudo e todas as histórias daqueles trabalhadores (artesãos, agricultores e criadores) que fazem da atenção obsessiva à saúde do território seu estilo de vida. Essa viagem não vai esquecer aqueles meios, como o Blockchain, que a tecnologia já disponibiliza para o setor.

Haverá também o devido espaço para um olhar desencantado, mais do que realista, sobre os problemas que pressionam a nossa sociedade além do alimento gourmet, do fine dining e da moda verde. Porque ser filhos do próprio tempo e consumidores conscientes também significa saber o quanto as práticas de trabalho incorretas, como contratações ilegais ou leilões para rebaixamento de preços, ainda afetam o preço e a qualidade do que levamos para a mesa. E como a igualdade de gênero na agricultura não é uma conquista que se possa dar como certa.

A realidade de um lado, desafios ainda a serem enfrentados do outro. E, no meio, o consumidor, que todos os dias deve escolher o que é melhor, tornando a compra um ato ético. Exatamente como Kierkegaard sugeria.

 

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