20 Mai 2021
"Tento responder às perguntas que vêm de cima e de baixo: como será a Igreja de amanhã, ainda que a resposta seja muito difícil e apenas provável", escreve o biblista e monsenhor italiano Giovanni Giavini, ex-capelão de Sua Santidade, durante o pontificado de João Paulo II, em artigo publicado por Settimana News, 19-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Tento responder às perguntas que vêm de cima e de baixo: como será a Igreja de amanhã, ainda que a resposta seja muito difícil e apenas provável.
1) Menos sacramental: veja a suspensão da tradicional missa festiva com suas várias consequências, das missas para os funerais, o desaparecimento das velhas filas nos confessionários, etc. Ainda assim, continuamos seguindo em frente, com outras formas e iniciativas.
Olhe as igrejas nas missões: apenas uma missa de vez em quando. Cf. as Igrejas apostólicas primitivas: nos Evangelhos e em São Paulo: quanto se fala de sacramentos? Pouco, muito pouco. Talvez uma certa virada enfática tenha ocorrido com Santo Ambrósio e depois com outros. À custa da escuta da Palavra e da caridade? Pode ser. Um caso pesado: o que se tornou a iniciação aos sacramentos, apesar de todas as tentativas de reforma?
2) Menos moralista (e com predomínio sobre a moral sexual), mais orientada para o kerygma evangélico-pascal e suas consequências para a vida. A nova evangelização, portanto, também favorecida pelos novos meios de comunicação social (cf. PIME Mondo e Missione, maio de 21, e outros exemplos também nossos).
3) Menos clerical, porque nós, sacerdotes, seremos cada vez menos, e porque precisaremos de mais leigos e mulheres bem dispostos e formados para a colaboração e a responsabilidade.
4) Menos “miraculista” e mais disposta às surpresas da misteriosa providência, mais em busca da "graça" do que das graças, até porque na luta contra o covid se revelou mais eficaz a ciência e a vacina do que tantas nossas maratonas de rosários e orações variadas. Da mesma forma para outras ocasiões. Ou: mais oração para ter mais o dom milagroso de assistência aos enfermos (como aconteceu).
5) Menos politizada, mais “religiosa” e mais “servidora” por amor ao seu Senhor e ao homem; mais livre de empenhos organizacionais e administrativos.
6) Menos católica e mais das e com as pessoas, mais ecumênica e missionária do que dobrada sobre si mesma.
7) Menos centralizada e mais sinodal (verdadeiramente sinodal e não apenas em certos aspectos e momentos; também aqui o Papa Francisco merece algumas críticas).
8) Menos preocupada com o imposto de 0,8% e mais aberta aos pobres e à sociedade humana.
Em suma, uma Igreja nos caminhos da Evangelii gaudium e de outras cartas papais, nas quais estamos caminhando em um "já e ainda não". Em busca de novos equilíbrios entre bens e aspectos vários da vida.
De 04 de junho a 10 de dezembro de 2021, o IHU realiza o XX Simpósio Internacional IHU. A (I)Relevância pública do cristianismo num mundo em transição, que tem como objetivo debater transdisciplinarmente desafios e possibilidades para o cristianismo em meio às grandes transformações que caracterizam a sociedade e a cultura atual, no contexto da confluência de diversas crises de um mundo em transição.
XX Simpósio Internacional IHU. A (I)Relevância pública do cristianismo num mundo em transição
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Como será a Igreja. Artigo de Giovanni Giavini - Instituto Humanitas Unisinos - IHU