21 Dezembro 2020
“Estou tentando apontar a situação do mundo na época pré-pandêmica. A pandemia parou a máquina econômica. Então, o mundo derrapou economicamente. Agora, um esforço está sendo feito por governos e empresas para voltar à situação pré-pandêmica, para que a economia alcance a mesma velocidade de antes. Estou insistindo que a nossa política deveria ser de não voltar para aquele mundo, porque ele estava levando ao fim da existência da humanidade através do aquecimento global, do processo de extrema concentração de riqueza e da invasão da inteligência artificial, que torna o homem redundante no mundo. Os cientistas têm nos alertado que o aquecimento global não nos permite muito mais tempo neste planeta. A contagem regressiva começou. Voltar ao mundo pré-pandêmico seria suicídio. Agora, que a economia parou, podemos reorientá-la em uma direção diferente, em direção a um mundo de três zeros: zero emissão de carbono, zero concentração de riqueza e zero desemprego. Sabemos como chegar lá. O que precisamos fazer é tomar uma decisão ousada e abandonar o caminho antigo”, afirma Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz, em entrevista publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 20-12-2020.
Segundo Yunus, “não temos outra opção que não seja redesenhar o sistema. Estamos vivendo em uma casa em chamas, mas o sistema nos mantém alheios a isso. Estamos nos mantendo ocupados com uma grande festa dentro de uma casa em chamas. Estamos celebrando nosso crescimento econômico e os milagres tecnológicos, cantando músicas de prosperidade e ignorando completamente que nossa própria festa está colocando lenha em uma fogueira que queimará nossa casa. Jovens em todos os países estão percebendo isso e tentando se desvencilhar da festa”.
A íntegra da entrevista pode ser lida aqui.
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‘Voltar ao mundo pré-pandêmico seria suicídio’, afirma Prêmio Nobel da Paz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU