“Criticar o papa Francisco não significa estar contra ele”, afirma cardeal Ruini

Foto: Vatican Media

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08 Outubro 2020

O purpurado apontou ao Il Corriere della Sera que a oposição a Francisco no Vaticano “de alguma maneira existe, porém, tem várias acentuações e facetas”.

A reportagem é de Elena Magariños, publicada por Vida Nueva Digital, 06-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Em uma entrevista concedida ao jornal italiano Il Corriere della Sera, o cardeal Camilo Ruini conversou sobre a realidade política do país e das relações da Igreja Católica com a cultura. Porém, também, sobre o papa Francisco. De fato, ao ser perguntado pela oposição ao Pontífice dentro do Vaticano, Ruini reconheceu que “de alguma maneira, existem, porém, várias acentuações e facetas”. Para o purpurado “somente alguns poucos podem realmente ser considerados ‘contra’ o papa Francisco: por exemplo, não se pode considerar assim os que formularam alguma crítica com intenções construtivas”.

Mesmo assim, fez referência à abertura à Igreja universal que a Santa Sé viveu com o pontificado de Francisco. “Há cem anos, a maioria absoluta dos cardeais eram italianos”, destacou. “A internacionalização começou com Pio XII, mais em harmonia com a catolicidade ou universalidade da Igreja, e com o papa Francisco está experimentando um maior desenvolvimento”, disse. Não obstante, para o cardeal isto deve ter um limite. “Não seria bom que a Itália estivesse pouco representada, sobretudo porque Roma, sede dos sucessores de Pedro, é a capital da Itália”, defendeu.

Católicos, cultura e política

Na mesma linha, o cardeal Ruini apurou que considera “lamentável” a existência de um declive político e cultural na Igreja italiana. “A dimensão cultural está intimamente ligada à fé e a dimensão política tem uma conexão evidente com a cultural. Este declínio não pode deixar de nos preocupar”, afirmou. “Necessitamos reagir, e esta tarefa que pertence aos leigos crentes, porém também à Igreja como tal. Hoje é mais difícil que há uns anos, porém não é impossível”.

Exemplo disso, para Ruini, é a diminuição de temas centrais como defesa da vida e da família como parte da agenda política. “Tem menos representação que antes, porém não desapareceu, nem poderia fazer isso: no contexto do Ocidente contemporâneo são inevitavelmente objeto de debate”, destacou, apontando que “há uns dias chegou uma boa notícia, ao menos desde meu ponto de vista: a Santa Sé reiterou com força seu rechaço à eutanásia”.

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