24 Agosto 2020
"Há que desmascarar o populismo bolsonarista, que capitaliza as medidas populares que vêm da esquerda, como as emergenciais, e que esta não tem sabido comunicar adequadamente", escreve Luiz Alberto Gomez de Souza, sociólogo.
O governador Flavio Dino apontou uma falha na comunicação da esquerda no tema do auxílio emergencial, que foi uma conquista de partidos progressistas no Congresso Nacional e que acabou caindo na conta de Bolsonaro, nos olhares confundidos do povo, o que fez a popularidade do governo federal subir.
“Nós precisamos ter bandeiras claras, como com os R$ 600, de que o Bolsonaro abocanhou os resultados para ele. Acho que nessa temática do auxílio emergencial faltou isso: nós vencemos a luta parlamentar, mas não houve um trabalho de comunicação dessas bandeiras e dessas lutas, na conexão da luta social com a luta institucional, até porque, equivocadamente, houve uma minimização da vitória. Os nossos companheiros e companheiras lutam, obtêm vitórias e quem não está lá [no Congresso Nacional] não se dá conta, e depois você descobre que foi uma grande vitória, só que você não capitalizou para o seu campo adequadamente”.
Para isso a esquerda tem de estar unida e mostrar que o auxílio emergencial é uma conquista dela. Tem de recuperar um diálogo com as bases populares, que perdeu lá atrás, já no governo Dilma.
Bolsonaro avançou no nordeste com um populismo agressivo. Como recuperar terreno? Só uma grande união progressista que desoculte a política privatista antipopular e proponha medidas concretas para a melhoria dos vários segmentos da sociedade, começando pelos empobrecidos, atingidos com a política de arrocho, desemprego e corte nos salários.
Há que desmascarar o populismo bolsonarista, que capitaliza as medidas populares que vêm da esquerda, como as emergenciais, e que esta não tem sabido comunicar adequadamente.
A política de Dino, no Maranhão, é um bom exemplo de como abrir as portas aos anseios populares. Só um governo popular como o do Maranhão sabe enfrentar adequadamente um populismo de direita enganador. Possivelmente dali poderá vir uma alternativa progressista em 2022.
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Bolsonaro capitaliza com as propostas da oposição - Instituto Humanitas Unisinos - IHU