14 Agosto 2020
“No final de 2018 começou o caso do padre Jankowski, um famoso ativista da oposição na década de 1980, apoiando ativamente os espaços de 'Solidariedade' que contribuíram para o colapso do comunismo. Ele também era conhecido por sua paixão pelo luxo. Agora, descobriu-se que abusava sexualmente de crianças e também teve relações ambíguas com os meninos adolescentes. A Polônia está dividida em duas partes: aqueles que defendem um padre que já morreu e aqueles que exigem saber. O arcebispo local se recusa a investigar. Outros bispos não comentam o assunto. Os moradores de Gdańsk derrubaram uma estátua do padre à noite”, escreve Monika Bialkowska, em artigo publicado por Religión Digital, 13-08-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Documentos? Claro que existem, devem existir. Já em 2009, a Conferência do Episcopado Polonês adotou diretrizes apropriadas sobre a questão dos pedófilos, declarando claramente que este é um dos pecados mais graves e um delito que exige tanto castigo quanto conversão. Outros anexos referiam-se à assistência às vítimas, os princípios de prevenção da pedofilia e a formação de futuros clérigos. Os bispos escrevem uma bela carta aos fiéis sobre a sensibilidade e a responsabilidade. Um centro foi criado especificamente para este fim (na realidade somente duas pessoas) e começou a se dividir em mais departamentos. Hoje em dia, provavelmente não há ninguém na Polônia que trabalha na Igreja com crianças e jovens, que não tenha passado pelo sistema de formação ou pelo menos assinado um documento declarando seu conhecimento das diretrizes.
No nível das relações atuais, entre padres, crianças e jovens, tudo parece estar sob controle. No entanto, o problema existe, porém muito mais acima.
Pela primeira vez, a Polônia foi claramente abalada pelo caso do arcebispo de Poznań, Juliusz Paetz, que assediava clérigos subordinados a ele. O arcebispo negou. Os padres individualmente contataram João Paulo II com intervenção, mas o ambiente polonês do Papa bloqueou o acesso direto a ele por quase dois anos. Eles tiveram sucesso em 2002 graças a um amigo do Papa, que levou a carta para o Vaticano e a entregou pessoalmente a ele. O arcebispo Paetz renunciou ao cargo e a Santa Sé o proibiu de exercer parte de suas funções. No entanto, as acusações nunca foram esclarecidas: o arcebispo continuou a assistir as cerimônias públicas. Quando ele morreu em 2019, tentaram enterrá-lo na catedral – somente a oposição pública dos fiéis os impediu.
O papa Francisco escreve uma carta dramática: “Com vergonha e remorso como comunidade eclesiástica, reconhecemos que não podíamos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo de reconhecer a magnitude e a gravidade dos danos causados a tantos seres humanos. Subestimamos e abandonamos os mais pequenos”.
Ao mesmo tempo, um tribunal polonês impõe pela primeira vez na história uma pena pecuniária a uma congregação de cristãos, cujo membro estuprou repetidamente uma menina, e durante anos foi protegido pela congregação. A Ordem deve pagar um milhão de zlotys (260 mil~230 mil euros) e uma anuidade vitalícia para a vítima. A Assembleia recusa-se a aceitar a decisão e os recursos. O caso continuou pelos próximos dois anos e, em última instância, a Assembleia perde o caso. Este será o primeiro – e até agora o único – sinal de que, além da responsabilidade moral, a Igreja na Polônia deve assumir também a responsabilidade financeira. E é o medo deste último que estará no pano de fundo de novas tentativas de fuga para escapar da culpa. A Igreja não quer pagar indenização por seus padres. Admite que as indenizações pertencem a vítimas de abuso, mas a vítima só pode reclamá-las de maneira civil ao autor do crime.
No final de 2018 começou o caso do padre Jankowski, um famoso ativista da oposição na década de 1980, apoiando ativamente os espaços de 'Solidariedade' que contribuíram para o colapso do comunismo. Ele também era conhecido por sua paixão pelo luxo. Agora, descobriu-se que abusava sexualmente de crianças e também teve relações ambíguas com os meninos adolescentes. A Polônia está dividida em duas partes: aqueles que defendem um padre que já morreu e aqueles que exigem saber. O arcebispo local se recusa a investigar. Outros bispos não comentam o assunto. Os moradores de Gdańsk derrubaram uma estátua do padre à noite.
Ocorre uma cúpula sobre pedofilia no Vaticano. Participam os presidentes dos episcopados de todos os países do mundo. Na Polônia, o presidente da Conferência Episcopal Polonesa (CEP), dom Stanisław Gądecki, está doente, sendo substituído pelo arcebispo Marek Jędraszewski. No entanto, ele sai da cúpula antes que ela termine e antes da liturgia penitencial. Foi o arcebispo Jędraszewski quem, alguns anos antes, quando bispo auxiliar, obrigou os padres a assinarem uma carta em defesa do arcebispo Paetz, aquele que abusava dos clérigos.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Escândalos sexuais na Igreja da Polônia, um segundo Chile? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU