05 Mai 2020
Enquanto na Itália e nos Estados europeus inicia-se a segunda fase da Covid-19, com uma abertura progressiva após o confinamento, é possível traçar um primeiro balanço, muito provisório, das práticas e dos desafios enfrentados pelas Igrejas cristãs.
A reportagem é de Lorenzo Prezzi, publicada por Settimana News, 04-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“No espaço de algumas semanas, a vida das Igrejas cristãs em grande parte do mundo sofreu um terremoto. Elas geralmente não tinham nenhuma memória viva do comportamento a ser mantido em caso de pandemia. Mas se adaptaram rapidamente. Além disso, não tinham escolha. Acompanharam os eventos, tentando encontrar neles oportunidades para desenvolver abordagens criativas”, afirmou Jean-Fraçois Mayer (“Les Ėglises chretiennes face au coronavírus”, Religioscope).
Uma condição que está longe de terminar e que poderá sofrer outros abalos nos próximos meses, com transformações ainda não previsíveis.
Usando uma abordagem narrativa e sociológica, e não pastoral e teológica, podem ser indicadas algumas condensações problemáticas: os poderes e os símbolos diante da pandemia, as reações eclesiais antes e depois das diretrizes dos governos, a entrada do virtual nas práticas eclesiais, o eclipse ou o redespertar da fé, traços ecumênicos e inter-religiosos.
As duas fontes de autoridade que tentaram orientar os processos sociais nesses meses foram a política (os governos) e as sugestões dos comitês científicos. Os administradores centralizaram poderes de orientação, colocando limites significativos aos parlamentos e redesenhando as responsabilidades, como ocorreu na Itália entre o governo e as regiões. Com exemplos preocupantes em relação à estrutura democrática, como na Hungria e na Polônia.
Os consultores científicos ocuparam os espaços de instrução das decisões e das comunicações midiáticas, revertendo os impulsos anticientíficos ativos há anos nas mídias sociais, mas conjugando uma diversidade de opiniões e sugestões nem sempre compreensíveis para o grande público. Uma orientação abrangente voltada à saúde pública que não evidenciou, nem mesmo em nível mundial, personalidades políticas com autoridades morais de referência. As lideranças religiosas e os seus símbolos entraram no cone de sombra dos atores coadjuvantes. Até se chegar a denúncias explícitas de preguiça.
“Como eu acusei a responsabilidade de cada um de nós – escreveu Giorgio Agamben – não posso deixar de mencionar as responsabilidades ainda mais graves daqueles que teriam a tarefa de zelar pela dignidade do ser humano. Acima de tudo, a Igreja, que, fazendo-se serva da ciência, que já se tornou a verdadeira religião do nosso tempo, renegou radicalmente os seus princípios mais essenciais”.
E, em um texto anterior, ele anotava: “Dir-se-ia que os seres humanos não creem mais em nada, exceto na nua existência biológica que deve ser salva a qualquer custo. Mas, sobre o medo de perder a vida, só se pode fundamentar uma tirania”. Uma conclusão compartilhada também por outros, que veem na pandemia o eclipse definitivo da religião e do cristianismo.
Uma conclusão drástica, que não concorda com os resultados de uma primeira investigação sociológica de F. Garelli, que observa o crescimento da demanda religiosa sem o recurso ao medo de um Deus vingativo. Com um pedido generalizado, compartilhado por 80%, “de que este seja um tempo propício para voltarmos a ser mais humanos e solidários, para viver de modo mais saudável, justo e fraterno a nossa história pessoal e coletiva”.
Assembleias religiosas foram acusadas de ser focos do vírus. Isso ocorreu na Coreia, na Igreja neopentecostal “Templo do Tabernáculo do Testemunho”, mas também na França (em Mulhouse, na Igreja livre “La Porte Ouverte”), na Itália, para uma celebração neocatecumenal na Campânia, em um templo budista de Hong Kong, em uma reunião de sikhs na Índia, em duas assembleias cristãs em Cingapura, no movimento de avivamento islâmico em Kuala Lumpur (Malásia) etc.
Nas Igrejas cristãs, não faltaram resistências às disposições de confinamento e de cessação das celebrações, especialmente nos primeiros dias. Em particular nos grupos mais tradicionalistas, mas também entre os bispos, como no caso de Dom Pascal Roland, na França.
As razões que guiam a resistência são substancialmente três. Acima de tudo, a convicção de ter de testemunhar a fé em um contexto de pessoas mornas e compromissadas; depois o desafio aos governos (especialmente no caso da ex-União Soviética) com pouca credibilidade democrática; e, finalmente, a convicção de que a fé e suas ações litúrgicas são preservadas do vírus ou têm a força de vencê-lo.
Um conjunto de orientações, motivadas de forma muito diferenciada. As Igrejas históricas rapidamente se sintonizaram com as disposições dos poderes públicos. Os casos de resistência foram substancialmente minoritários. Voltaram à tona ritos e devoções ligadas às pestes do passado: do culto a crucifixos e imagens marianas milagrosas, à consagração da nação a Maria (como na Itália e em Portugal), à exibição de relíquias, às peregrinações solitárias de bispos, monges ou popes aos lugares símbolos da devoção popular. Até mesmo gestos incomuns, como a bênção com água benta aspergida do helicóptero ou em carros ao longo das estradas.
Embora o conflito com o Estado foi registrado nos primeiros dias da pandemia na Eslováquia (em relação à Igreja Ortodoxa) e em Montenegro (perante as disposições do governo sobre as celebrações da Quaresma e da Páscoa), há em algumas Igrejas ortodoxas uma certa dificuldade em conter as forças centrífugas.
Se o Sínodo da Igreja sérvia teve que defender a correção das celebrações diante das acusações de terem ultrapassado os limites previstos (presenças, modalidade de distribuição da eucaristia etc.), os níveis mais altos tiveram que intervir em Moscou.
No dia 29 de março, o patriarca Cirilo advertia: “Não deem ouvidos a outras vozes, inclusive as que provêm de um clero irracional. Ouçam o que o patriarca lhe diz hoje (para ficar em casa). Não digo isso por mim mesmo, mas a exemplo de Santa Maria egípcia, que salvou tanto corpo quanto a alma”, em uma longa experiência no deserto, sem a possibilidade de celebrações eucarísticas.
O debate dentro da Igreja Ortodoxa Grega também foi muito candente. O metropolita de Mesoge, Nicolau, lembrou que “a proibição da celebração nunca ocorreu”, e que até mesmo o Estado ateu soviético “nunca proibiu as celebrações”, enquanto “hoje isso ocorre por parte do nosso governo”.
Respondeu-lhe o metropolita Hieroteu (Nafpaktos), exortando os dissidentes a não “se comportarem como se não houvesse um Santo Sínodo”, como se o órgão eclesial máximo “fosse um órgão de pessoas incapazes”.
Na Geórgia, um grupo de padres e teólogos se opôs ao Patriarca Elias II para pedir o fechamento total das celebrações diante do perigo de contágio. No Chipre, houve uma disputa entre o arcebispo Crisóstomo, que propunha celebrações sem o povo, e dois bispos, incluindo Neófilo (Morfu), que diziam o contrário.
Foi curioso o caso ucraniano, em que a resistência ao confinamento e ao fechamento das igrejas e das celebrações dividiu as duas Igrejas ortodoxas. Por um lado, a pró-russa, mais relutante em relação às disposições do governo, em cuja Laura das Grutas (Kiev), mais de 90 monges foram infectados e outros quatro mosteiros tiveram que se fechar em quarentena; e, por outro, a Igreja Ortodoxa local autocéfala, mais obsequiosa às leis. Houve um contundente debate sobre o assunto na França entre os sites ortodoxos e o jornal La Croix sobre o modo como a história foi contada.
Algumas Igrejas evangélicas livres foram mais expressa e perigosamente desafiantes em relação ao vírus. O televangelista estadunidense Kenneth Copeland publicou um vídeo no qual fez um exorcismo diretamente ao vírus, e várias Igrejas livres defenderam as resistências daqueles que se opunham aos governadores (democratas) em relação ao confinamento e ao fechamento das igrejas. Mesmo assim, em um estudo da revista Christianity Today, os “resistentes” representavam apenas 7% do total.
Muito mais grave é o caso brasileiro, onde alguns pastores conhecidos, como Silas Malafaia, apoiaram a superficialidade do presidente, Bolsonaro, cujas aberturas indiscriminadas das reuniões religiosas foram interrompidas pelos tribunais civis. Em evidente contraste com as indicações da Conferência Episcopal católica.
Um caso semelhante ocorreu em Uganda com o pastor Augustin Yiga. A ponto de convencer a revista protestante francesa Réforme a escrever: “Fingir – pior, pregar – que a fé, o culto, a comunhão imunizam contra o contágio é uma mentira muito grave. Infantil, talvez sincera, mas mortal. E, portanto, uma loucura, e uma loucura criminosa”.
É diferente o caso do envolvimento dos responsáveis eclesiais na determinação das disposições de contenção relativas ao culto, especialmente na definição da “Fase 2” após a quarentena. Isso ocorreu com satisfação recíproca na Letônia, na Romênia, na Alemanha.
Nesse contexto, situa-se também o caso de tensão mais grave: aquele que opôs a secretaria da Conferência Episcopal Italiana (CEI) ao governo. Em um duro comunicado do dia 26 de abril, denuncia-se: “Os bispos não podem aceitar que o exercício da liberdade de culto seja comprometido”.
Foi tão alta a aposta (um confronto nos níveis fundamentais da liberdade democrática), quanto foi ocasional e transeunte o momento: o primeiro-ministro indicou imediatamente uma reunião esclarecedora com a presidência da CEI para permitir modalidades apropriadas de celebração, além dos funerais, já permitidos.
De fato, no dia 2 de maio, o presidente da CEI, cardeal G. Bassetti, escreveu: “Expresso a satisfação minha, dos bispos e, mais em geral, da comunidade eclesial por se ter chegado a compartilhar as linhas de um acordo – nas próximas semanas, com base na evolução da curva epidemiológica – para retomar a celebração das missas com o povo”.
Na França, embora não no mesmo nível italiano, também houve uma significativa tensão em relação às disposições relativas à “Fase 2”. Na Alemanha, na relação entre as religiões e os governos, inseriu-se a Corte Constitucional. Em duas (breves) sentenças, ela se pronunciou a favor das reuniões comunitárias, em conformidade com as indicações dadas (uma manifestação católica e uma reunião islâmica para o Ramadã) com base na liberdade de culto e de manifestação.
“Quando Deus bloqueia a porta da igreja, ele abre uma janela para o navegador web”: o título de uma revista evangélica estadunidense indica uma passagem para a transmissão a distância fortemente encorajada pela situação do vírus.
Um pároco atento, como o Pe. Antonio Torresin, escreveu: “Fui forçado por esse maldito vírus a me confrontar com um mundo alheio para mim”. Consciente desde sempre da prioridade do anúncio do Evangelho de pessoa para pessoa e do risco de superexposição narcísica, “tive que ceder... E assim comecei a dar os primeiros passos. Criei grupos de WhatsApp para os paroquianos e os amigos; fiz uma série de encontros com as plataformas de streaming; enviei áudios com comentários sobre a Palavra de Deus; aceitei em fazer vídeos curtos também com comentários sobe a Palavra e de catequese para os adultos”.
A missa do papa e dos bispos na TV alcançou números consistentes de audiência. O celular nunca foi tão utilizado por párocos e pastores. A comunicação social afetou as associações eclesiais, especialmente as juvenis, como os escoteiros.
Os evangélicos, que estão mais acostumados ao “espetáculo” e têm um vínculo menor com a igreja-edifício, foram facilitados nessa passagem, mas eles foram penalizados pelo desaparecimento da dinâmica emocional, inexoravelmente singular, e não coletiva. Limites e oportunidades das celebrações em streaming foram amplamente debatidos no nosso site.
As questões dizem respeito à dimensão propriamente sacramental que não existe na forma teletransmitida, à relação diferente entre o celebrante e os fiéis (simples espectadores), o desaparecimento da cola comunitária. Para a tradição católica e ortodoxa, não há nenhuma equiparação entre a missa celebrada e a missa tele ou radiotransmitida, mas, para uma parte das tradições protestantes e das Igrejas evangélicas, sim. E isso devido à doutrina sacramental diferente.
As oportunidades não podem ser negadas: as pessoas apreciam o fato de poderem acompanhar a missa, geralmente com a família inteira reunida (o que normalmente não é possível), com uma maior facilidade de expandir o círculo dos “frequentadores”.
Muitos redescobriram o senso da comunhão “espiritual” e, mais em geral, da dimensão orante e meditativa. A rapidez da passagem para a utilização dos meios técnicos ainda não permitiu nem a superação das resistências de alguns, nem a percepção plena dos condicionamentos para todos.
Um exemplo, entre muitos, de debate sobre a transmissão rádio-televisiva ou em streaming da eucaristia ocorreu entre o bispo reformado húngaro Istaváv B. Szabó e o teólogo ortodoxo Jean Ziziulas.
O primeiro afirma: “Na atual situação epidêmica, o mais simples é celebrar a Santa Ceia na forma de um culto em casa”. Basta o pastor, um ministro e uma webcam. “Quem assiste à transmissão forma igualmente a comunidade de culto. É a mesma família”.
Ziziulas: “Não concordo com a transmissão televisiva da liturgia divina... considero-a uma expressão de impiedade. É ímpio ficar sentado no sofá e ‘olhar’ a liturgia. Não se pode participar da liturgia a distância. Em vez disso, que os fiéis rezem em casa”. Mesmo assim, ele admite que uma celebração com um pequeno grupo é legítima e não exclui que possa ser transmitida a outros. Mas é necessário que haja uma pequena comunidade real ao redor do celebrante.
Permanece verdadeira a expectativa dos fiéis de se reconhecerem em um rito, mesmo que transmitido, sofrendo uma ausência que Igrejas inteiras experimentaram nas perseguições e colocando em campo um certo protagonismo laical e familiar que poderia ser fecundo para o futuro.
Um pároco de longa experiência me dizia: “As pessoas ficaram em casa e veem a missa na televisão, oferecida em diferentes horas do dia. Não tenho certeza de que todos esses esforços para reabrir as igrejas realmente correspondam àquilo que acontecerá. Tenho a impressão de que as igrejas ficarão vazias mesmo depois, ou pelo menos sem as multidões que alguns preveem”.
No estado atual das coisas, é difícil prever se a ausência nas celebrações produzirá um hábito e, portanto, confirmará a distância ou, ao contrário, exacerbará uma solicitação e alimentará a presença nas assembleias eucarísticas.
“Entre o encorajamento que o afastamento da vida litúrgica comunitária oferece a uma prática privada mais intensa e, pelo contrário, um impulso em favor de um distanciamento da prática, existem respostas contrapostas entre os especialistas, e nada pode ser dito com certeza, na falta de situações semelhantes.
“O desafio poderia ser a aceleração da perda de relevância das religiões em sociedades já amplamente secularizadas. É necessário levar em conta o contexto em que se encontram as instituições religiosas cristãs no mundo ocidental no momento em que a crise do vírus explodiu. Por outro lado, é verdade que, especialmente em países como a Itália e a Espanha, dezenas de padres perderam a vida na epidemia, e isso pode ser um fator de credibilidade”, afirmou J.-F. Mayer.
Ligada à questão da frequência no pós-vírus, está a questão da sustentabilidade econômica das comunidades cristãs. Sem a missa dominical, sem a celebração dos funerais – talvez o rito cuja ausência foi mais fortemente sofrida –, sem as primeiras comunhões e as crismas (muitas vezes celebradas nos meses primaveris [no hemisfério Norte]), sem as ofertas quaresmais, sem os rituais nupciais, sem as atividades formativas juvenis de verão, as contas das comunidades estão ficando rapidamente no vermelho.
E, enquanto cresce vistosamente o pedido de ajuda daqueles que perderam o emprego ou que navegam em dificuldades, os párocos e os pastores fazem as contas com os cofres vazios. Em uma condição econômica geral que se encaminha para uma forte contração e para dificuldades crescentes, esse não é um tema secundário.
Durante a pandemia, não houve tensões entre Igrejas nem entre religiões. A Praça de São Pedro se esvaziou, assim como os lugares santos do Islã (Meca e Kaaba) e os templos budistas ou hindus. Suspensões do culto são registradas por toda a parte: do Paquistão à Malásia, da Índia a Israel.
No entanto, especialmente onde existem iniciativas comuns há muito tempo, viu-se em ação uma atitude ecumênica e inter-religiosa. Isso ocorreu, por exemplo, na Bélgica, Alemanha e Canadá.
Cristãos, muçulmanos e judeus belgas assinaram uma declaração comum no dia 6 de abril para admitir o senso de impotência de todos diante do fenômeno da pandemia e do ressurgimento das perguntas de fundo acerca do ser humano e do seu sentido. O convite é à oração, ao apoio àqueles que estão na linha de frente (médicos e enfermeiros), à obediência às indicações administrativas e à tarefa de fornecer significados espirituais e morais para os comportamentos positivos e altruístas que surgem.
Católicos, evangélicos e ortodoxos alemães admitem que a seriedade da situação torna tolerável e oportuna a renúncia aos ritos e às celebrações, assim como a adesão às indicações das administrações públicas. “Não sairemos de uma crise existencial como esta, em que até as instituições sociais manifestam todos os seus limites, senão todos juntos. Não lutando por conta própria, mas porque todo olhar voltado ao outro, toda palavra amiga e toda mão amiga têm um grande valor e um significado profundo.”
No Canadá, 80 lideranças de comunidades católicas, cristãs, judaicas, muçulmanas e budistas assinaram uma mensagem comum, no dia 30 de março, intitulada “Esperança, gratidão, solidariedade”. A esperança vence os sentimentos de angústia e medo, a gratidão sustente quem se doa pela saúde de todos, e a solidariedade é aquilo que permite recomeçar no futuro próximo. Com uma atenção específica aos mais pobres e marginalizados.
A aliança necessária entre as religiões diante do perigo comum é apoiada pelo aiatolá iraniano Arafi, em uma carta ao Papa Francisco. O imã, responsável pela mais importante academia religiosa de Qom (50.000 estudantes), destaca a responsabilidade “de fortalecer os fundamentos da própria fé, proteger a sociedade, promover orações e súplicas diante de Deus”.
Um apelo surpreendente veio das Nações Unidas. O secretário-geral, Antonio Guterres, chamou todas as religiões para a tarefa comum de “trabalhar para apoiar a paz no mundo e se concentrar na luta contra o vírus”. “Que a inspiração profunda destes tempos sagrados (Quaresma, Ramadã, Páscoa) se torne um tempo de contemplação, de memória e de renovação”. E invocou “as comunidades de confissões e tradições religiosas diferentes a se unirem para cuidar uns dos outros”.
É difícil subestimar a referência moral que o papado confirmou neste tempo de coronavírus. As imagens do caminho solitário do papa na Praça São Pedro vazia e chuvosa, no dia 27 de março, “é uma das imagens mais fortes da pandemia”, segundo J.-F. Mayer.
(Foto: Vatican Media)
Somente na Itália, 17 milhões de pessoas acompanharam ou reviram aquele momento. “O pontífice voltou a ser central, e não principalmente de forma dividida, na semiosfera, por ser pastor e guia universal do povo ou santo de Deus”, afirmou Dario Viganò (Settimana News: Cena e dramática do amor).
A dramática ausência de autoridade moral nos líderes políticos atualmente em campo, incluindo China e EUA, elevou o papel do de referência do papado para a coerência do magistério, das decisões e dos sinais enviados nestas semanas, mesmo da parte daqueles que viram naquele caminho solitário e cansativo “o símbolo vivo daquele eclipse da religião que, entre outras coisas, parecemos assistir nestes dias”, disse I. Testa.
“Não fomos confrontados nestas semanas dramáticas com um diagnóstico de morte inapelável. Pelo contrário, é outro episódio interessante daquela história incerta que se descerrou com as revoluções modernas e cuja característica mais típica é o próprio dinamismo. É melhor esperar, portanto, antes de dar por falecidas as religiões por obra da Covid-19. Muitas delas são antigas, é verdade. Mas têm do seu lado anticorpos eficazes. Em particular, elas conservam uma confiança granítica de que a morte, o sofrimento, em uma palavra, o mal nunca pode ter a última palavra, nem mesmo quando parecem celebrar seus triunfos mais exaltantes”, afirmou Paolo Costa (Settimana News: “Prigionieri di un'immagine”).
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Igrejas e vírus: balanço intermediário - Instituto Humanitas Unisinos - IHU