17 Março 2020
É chamado de cinturão do coronavírus, é a faixa verde que pode ser vista no mapa, aquela em que a doença está se desenvolvendo. Cientistas da Universidade de Maryland, que fazem parte da rede Global Virus, uma coalizão internacional de virologistas que estudam o caso, estabeleceram uma interessante correlação entre a disseminação e as características climáticas das áreas em que se manifestou.
A reportagem é de Mariella Bussolati, publicada por Business Insider, 15-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
O resultado é que latitude, temperatura e umidade definem com precisão um corredor estreito entre 30 e 50 graus de latitude, onde as temperaturas médias estão entre 5 e 11 graus e a umidade entre 47 e 79%, onde doença explodiu de forma mais grave. Não é por acaso que a Lombardia tem uma média de 9 graus e umidade entre 68 e 75 por cento. Em geral, a Covid-19 não mostrou uma excessiva virulência em cidades onde a temperatura cai abaixo de 0 graus, o que poderia significar que não consegue sobreviver ao frio.
Fonte: Business Insider
Como o norte da Itália, foram mais afetadas a Coreia do Sul, França, Alemanha, Irã, a área do Pacífico Norte dos Estados Unidos. Todas essas regiões têm outra característica comum: o surto da epidemia coincide com temperaturas relativamente estáveis por um período superior a um mês. Não é por acaso que as áreas que poderiam ter sofrido uma maior emergência, devido à sua proximidade com a China, não sofreram um efeito semelhante.
Em Bangkok, Tailândia, existem apenas 80 casos. 47 são aqueles no Vietnã, apenas 7 no Camboja e em Mianmar nenhum. Em vez disso, no período entre janeiro e fevereiro em que houve a máxima evolução, em Wuhan a temperatura média foi de 6,8, em Seul, de 7,9, em Teerã, entre 7 e 15, em Piacenza, de 8 a 10, em Milão 6-9. Essas são as condições que facilitam a transmissão de comunidade, que tornou o vírus tão invasivo.
Muitos pesquisadores suspeitavam que a Covid-19 se comportasse como todas as outras gripes que atacam o sistema respiratório e, portanto, fosse sensível ao clima. Resiste melhor ao frio porque tem um revestimento de gordura que se degrada com o calor. É exatamente o que derrete quando entra no corpo humano e faz com que ele se torne virulento, mas se isso acontecer no exterior, ocorre a morte do vírus. Também é verdade que as condições médias das pessoas são melhores no verão: nosso sistema imunológico é mais forte. Uma hipótese é que desempenhe algum papel a melatonina, que é modulada pelo fotoperíodo. E também a vitamina D, ativada pela exposição aos raios ultravioletas, reduz a incidência de doenças que afetam o sistema respiratório.
O estudo de Maryland não é o único que foi realizado sobre o tema. A atenção científica neste momento é muito alta, porque todos esperam poder demonstrar que o verão será uma solução. Mas talvez não seja suficiente: zonas quentes, pertencentes ao outro hemisfério, ainda assim estão sendo afetadas pela pandemia.
Pesquisadores da Universidade de Guangzhou, China, confirmaram, porém, que a transmissão viaja melhor em torno de 8,72 graus.
Até mesmo pesquisadores da Universidade Tsinghua, em Pequim, que utilizaram dados do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, declararam que onde as temperaturas e a umidade foram mais baixas, houve mais casos do que onde era mais quente e a umidade era mais alta. Portanto, a chegada do verão poderia reduzir significativamente a transmissão.
Uma pesquisa do Hospital de Greifswald e da Universidade Ruhr, em Bochum, Alemanha, analisaram o tempo de permanência de conoravírus semelhantes em superfícies e descobriram que permanece mais tempo em condições de frio e umidade. A 4 graus, pode permanecer vivo por 28 dias. A 30-40 desaparece em pouco tempo. Os resultados podem se estender até aquele presente nos dias de hoje, eles acreditam. Por isso, recomenda-se desinfetar cada objeto com soluções de álcool 60% ou etanol, água oxigenada ou hipoclorito de sódio.
Através dos modelos da rede Global Virus, agora é possível prever os próximos surtos do vírus, o que possibilita implementar medidas de precaução para evitar a disseminação.
Nesse sentido, é previsível que os novos locais de expansão poderiam se deslocar para o norte, em relação com o atual corredor. O que significa, para os Estados Unidos, que o vírus se deslocará para a Colúmbia Britânica, serão atingidos Inglaterra, Escócia e Irlanda (onde poderia estourar entre o final de março e abril) e norte da China, onde até agora houve pouca difusão. Um aumento de temperatura, se uma redução na densidade populacional também for mantida, poderia atuar como killer.
Tudo isso vale se o vírus não mudar novamente, como já fez uma vez. Os especialistas acreditam, no entanto, que a palavra ainda não pode ser dada: poderia desaparecer no verão, mas retornar novamente no outono.
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Poderia existir um ‘cinturão de coronavírus’: uma faixa climática em que se desenvolve mais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU