04 Novembro 2019
Foca na autonomia em relação à direita e ao Pd. Entre os signatários Stefano Zamagni, chefe da Pontifícia Academia de Ciências Sociais. O ex-parlamentar Dellai: "Queremos ver se há um espaço alternativo a Salvini".
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 31-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Uma nova formação política de inspiração católica e popular, "mas não somos um partido católico". O objetivo do Manifesto é apresentado nesta data é a construção de uma organização política que represente as instâncias de crentes e não crentes que se referem à Constituição e à Doutrina Social da Igreja, e entre os promotores estão a Política Insieme, da qual fazem parte Stefano Zamagni - chefe da Pontifícia Academia de Ciências Sociais, ou seja, um dos mais altos cargos laicos do Vaticano - e Giancarlo Infante; Rete Bianca, cujo porta-voz é Dante Monda; Costruire Insieme, da qual faz parte o ex-senador da Udc Ivo Tarolli. O nome ainda não existe. No entanto, existe um Manifesto - que, como escrevem os signatários, "ainda não é um programa político" - para marcar a autonomia do Pd e da direita; porque "as sérias dificuldades sociais, econômicas e morais de nosso país, semelhantes às dos países do mundo ocidental, confirmam que a opção reformista é inadequada, pois o nosso tempo é caracterizado por fenômenos de dimensão epocal, como aqueles da nova globalização, da quarta revolução industrial, do aumento sistêmico das desigualdades sociais, dos fluxos migratórios extraordinários, das questões ambientais e climáticas, da queda dos valores éticos, tanto na esfera privada quanto na pública. As paixões ideais da solidariedade e da tensão cívica são substituídas por egoísmos sociais e pelo individualismo libertário. Não basta 're-formar', e preciso 'trans-formar'”.
Entre os pontos, o trabalho - "para todos, deve ser considerado como primeiro objetivo político; o desenvolvimento equilibrado e sustentável e a luta contra a degradação ambiental suscitam expectativas compartilhadas, mas ao mesmo tempo são motivos de uma generosa intervenção pública" - a família - "reconhecimento da Pessoa, de sua dignidade em todas as etapas da vida, a partir do momento da concepção até seu fim natural, e da família que permanece o primeiro insubstituível núcleo humano e social"-, o não ao centralismo estatista. No mesmo manifesto, fala-se de um retorno ao sistema "substancialmente proporcional", a contraposição a soberanismos e populismos, definido como "respostas ao medo, não aos problemas que, aliás, no final, por experiência histórica, degradam em conflitos armados", a plena implementação do Título V da Constituição sobre autonomias locais", desencorajando o aborto e favorecendo o direito à maternidade e à paternidade”, “políticas que protejam conjuntamente a pessoa, a sociedade, a natureza, como a Laudato Sì proclama com vigor", ou seja, a segunda encíclica do Papa Francisco e a liberdade de educação: "Deve-se prestar uma atenção particular à liberdade de educação e ao ensino escolar garantido por escolas paritárias, obviamente garantidos dentro da estrutura nacional estabelecida em matéria pelo Estado".
No manifesto também a luta determinada à corrupção e à evasão e desvio fiscais, até "constitucionalizar a proibição de recorrer a qualquer tipo de anistia", a política pró-Europa com "a coragem de iniciar também políticas comuns e unitárias em matéria tributária e de defesa" e acolhimento dos migrantes: "A Europa também deve se encarregar do macro fenômeno da imigração de maneira contínua e estratégica, adotando e reforçando aquelas políticas de cooperação para o desenvolvimento nas áreas dos países emergentes abandonadas nas últimas décadas. Não podem ser os países europeus individuais, ou os confrontos entre países, a resolver um problema tão enorme".
"Um novo partido de centro? Não, este manifesto representa um raciocínio inicial, o início de um caminho que esperamos também leve a um sujeito político de inspiração popular. O objetivo é fazer crescer uma área política: a nossa quer ser uma contribuição para a recuperação do sentido político, de suas raízes culturais, com formas adaptadas aos tempos". Quem explica isso à Adnkronos, é o ex-parlamentar centrista Lorenzo Dellai, entre os signatários do manifesto.
É uma maneira de contrapor a direita soberanista de Matteo Salvini? "Claramente - diz Dellai - o manifesto e o percurso político que o manifesto pressupõe são ontologicamente alternativos à direita, isso é totalmente claro. Mas o objetivo não é se opor ou ser uma alternativa para as contingências da política. O objetivo é ver se existem novas formas, espaços e linguagens para dar atualidade a uma cultura política que nós pensamos tenha ainda muito a oferecer. Para De Gasperi, o Centro precisava ter uma fronteira intransponível à direita, e devemos continuar com essa convicção".
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Manifesto do partido de inspiração cristã abençoado pelo Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU