08 Outubro 2019
Na tarde de segunda-feira, 7 de outubro, os trabalhos do Sínodo Especial para a Região Pan-amazônica continuaram, na presença do Papa, com a 2ª Congregação Geral e com as eleições dos membros da Comissão para a elaboração do documento final e da Comissão de informação. Foram 176 os Padres sinodais presentes no auditório.
O resumo foi publicado por Sala de Imprensa da Santa Sé. A tradução é de Luisa Rabolini.
Foram eleitos os quatro membros da Comissão para elaborar o documento final do Sínodo, por maioria absoluta, mediante votações separadas.
Eles são os bispos
- Mario Antonio Da Silva, bispo de Roraima no Brasil;
- Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, ofm, arcebispo de Trujillo e presidente da Conferência Episcopal do Peru;
- Nelson Jair Cardona Ramírez, bispo de San José del Guaviare, na Colômbia, e
- Sergio Alfredo Gualberti Calandrina, arcebispo de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Outros três membros serão escolhidos pelo Papa.
Inicialmente eleito, o cardeal Carlos Aguiar Retes, arcebispo da Cidade do México, expressou o desejo de ceder o lugar a um padre sinodal vindo de uma das sete conferências episcopais diretamente envolvidas na região amazônica.
Os prelados eleitos se unirão ao restante da Comissão, composta pelo relator e presidente geral, cardeal Claudio Hummes; pelo secretário geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri; pelo pró-secretário geral, D. Mario Grech; pelos dois secretários especiais: Cardeal Michael Czerny e Monsenhor David Martinez de Aguirre Guiné. Três outros membros da nomeação pontifícia serão oficializados nos próximos dias.
O Sínodo passou então à votação de quatro membros da Comissão de Informação, eleitos por votações separadas por maioria relativa. Foram eleitos D. Erwin Kräutler, c.pp.s., prelado emérito de Xingu, no Brasil; Rafael Cob García, vigário apostólico de Puyo, Equador; José Ángel Divassón Cilveti, SDB, ex-vigário apostólico de Puerto Ayacucho na Venezuela e, finalmente, o italiano padre Antonio Spadaro, diretor de "La Civiltà Cattolica".
Esses nomes se somarão à equipe presidida por Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério da Comunicação e composta pelo secretário, padre Giacomo Costa; pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni; pelo diretor editorial do Dicastério da Comunicação Andrea Tornielli; pela Ir. Maria Ines Lopes dos Santos, assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Episcopal do Brasil e por Mauricio López Oropeza, secretário executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica - REPAM.
Depois seguiu-se o espaço para as intervenções dos Padres sinodais, em diferentes pontos do Instrumentum Laboris. Em continuidade com o Sínodo sobre os jovens de 2018, refletiu-se a importância do protagonismo juvenil na ecologia integral, com o exemplo da jovem ativista sueca Greta Thunberg e da iniciativa "A greve pelo clima". A "opção pelos jovens", a necessidade de dialogar com eles sobre as questões da proteção da Criação foram lembradas várias vezes, juntamente com a necessidade de aumentar o empenho social dos jovens, capazes de estimular a Igreja a ser profética nesse âmbito.
O coração jovem - foi dito - quer construir um mundo melhor, porque a geração de jovens representa uma Doutrina social em movimento. Hoje, mais do que muitos outros, os jovens sentem a exigência de estabelecer uma nova relação com a Criação, uma relação que não seja do tipo predatório, mas esteja atenta ao sofrimento do planeta. Por esse motivo, o tema ambiental - também de natureza ecumênica e inter-religiosa - deve ser percebido pela Igreja como um desafio positivo, como uma exortação ao diálogo com os jovens, ajudando-os no correto discernimento para que seu empenho para salvaguardar a Criação não seja apenas um slogan "verde e da moda", mas realmente se torne uma questão de vida ou morte para o homem e para o planeta.
Além disso, alguns Padres sinodais a presentaram um apelo pela proteção das águas subterrâneas das contaminações químicas decorrente de produções multinacionais, para que as populações indígenas possam sobreviver preservando a cultura e seguindo novos caminhos de evangelização. As atividades maciças de mineração industrial foram citadas em várias intervenções na Assembleia, com particular preocupação pelos abusos cometidos por algumas empresas, que se repercutem com graves consequências para os povos autóctones. Por esse motivo, os bispos lembram repetidamente a necessidade de respeitar os direitos humanos e ambientais, porque uma verdadeira ecologia integral exige um novo equilíbrio entre o homem e a natureza.
O foco da Assembleia se dirigiu também sobre a questão climática cujas mudanças estão alterando a Criação. O clima é um bem global, foi afirmado, um bem que deve ser protegido e preservado para as gerações futuras. Sugeriu-se que parássemos de usar combustíveis fósseis, principalmente nos países mais industrializados, os principais responsáveis pela poluição. Na Assembleia também se refletiu sobre a necessidade de superar as formas de colonialismo que caracterizaram grande parte da missão dos séculos passados, em prol da preservação das identidades culturais da Amazônia: cada cultura, de fato, dá sua contribuição para a catolicidade da Igreja, constituída pelo respeito e complementaridade.
E citando São João Paulo II, os Padres sinodais lembraram que Cristo anima o centro de cada cultura. Porque, no fundo, enfatizou-se que a Igreja é um ecossistema complexo com uma "maravilhosa biodiversidade espiritual" que se expressa em várias comunidades, expressões culturais, formas de vida consagrada e ministérios. Várias vezes, São Paulo foi citado como o primeiro apóstolo da inculturação, aquele que se tornou "grego entre os gregos".
Espaço, além disso, para a reflexão sobre os rituais indígenas: a Igreja – foi dito - considera com benevolência tudo o que não está vinculado a superstições, para que possa se harmonizar com o verdadeiro espírito litúrgico. Daí a sugestão de iniciar na Amazônia um processo de compartilhamento das experiências daquelas comunidades indígenas que realizaram celebrações inculturadas para alguns sacramentos como o batismo, o casamento ou a ordenação sacerdotal. De tal modo, uma das propostas apresentadas foi pensar em estabelecer - ad experimentum e de acordo com o correto discernimento teológico, litúrgico e pastoral - um rito amazônico católico para viver e celebrar a fé em Cristo. Afinal, foi enfatizado na Assembleia, assim como existe um ecossistema ambiental, existe também um ecossistema eclesial.
Finalmente, algumas intervenções focalizaram a questão dos chamados viri probati, descrita no Documento de Trabalho Sinodal como uma das propostas para garantir a frequência dos Sacramentos, onde a falta de padres é particularmente sentida: é uma necessidade legítima – foi afirmado na Assembleia - mas que não pode condicionar um repensar substancial da natureza do sacerdócio e de sua relação com o celibato, previsto pela Igreja de rito latino. Em vez disso, foi sugerida uma pastoral vocacional entre os jovens indígenas, a fim de promover a evangelização até mesmo nas áreas mais remotas da Amazônia, de modo que não se criem "católicos de primeira classe" que possam se aproximar facilmente à Eucaristia e "católicos de segunda categoria", destinados a permanecer sem o Pão da Vida inclusive por dois anos seguidos.
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Sínodo Pan-amazônico - 2ª Congregação Geral - Um resumo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU