Sínodo: Indígenas, ONU e Cimi debaterão violações de direitos e demarcação de terras indígenas

Na faixa, mensagem denuncia o roubo, devastação e invasão das Terras Indígenas. | Foto: Guilherme Cavalli/Cimi

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07 Outubro 2019

Na segunda-feira (07) evento organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) levará ao Vaticano a conjuntura do Brasil e a paralisação nas demarcações de terras indígenas. A mesa “Povos indígenas e luta pela terra: desafios, ameaças e resistências”, que acontece simultânea ao Sínodo da Amazônia, contará com a presença da relatora especial das Nações Unidas para direito dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, do presidente do Cimi e bispo sinodal, dom Roque Paloschi, dos indígenas Adriano Karipuna (RO) e Jair Maraguá (AM) e Marline Dassoler, do secretariado nacional do Cimi.

A reportagem é de Guilherme Cavalli, publicada por Conselho Indigenista Missionário - Cimi, 05-10-2019.

Na faixa, mensagem denuncia o roubo, devastação e invasão das Terras Indígenas. (Foto: Guilherme Cavalli/Cimi)

O Instrumentum Laboris (IL) do Sínodo sublinhou a demarcação dos territórios indígenas e o reconhecimento do seu direito à terra como um elemento central para o debate da vida na Pan-Amazônia. No evento, panelistas farão a ponte entre o que se debate na reunião sinodal e as violências sofridas pelos povos no Brasil. Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi e um dos bispos presentes no Sínodo, trará à mesa os primeiros diálogos ocorrentes na assembleia que se estende até o dia 27. “Nós não queremos mais uma Igreja colonial, mas companheira e de escuta”, pontuou Dom Paloschi durante a Assembleia do Cimi, ocorrida em setembro.

Adriano Karipuna, liderança do povo Karipuna em Rondônia, Brasil, antecipa o que estará em sua fala: “Nosso território tem sofrido constante invasão de grileiros que retiram madeira e loteiam as terras indígenas já demarcada. São invasões que ocorrem com autorização do Estado brasileiro”. O que aponta a liderança Karipuna é uma política orquestrada para “transformar a Amazônia em terra sem lei, livre para a destruição em massa”, afirma o indígena.

Em 2018 foram registrados 109 casos de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio”, enquanto em 2017 haviam sido registrados 96 casos. Nos nove primeiros meses de 2019, dados parciais e preliminares do Cimi contabilizam 160 casos do tipo em terras indígenas do Brasil.

Jair Maraguá traz as realidades dos povos que enfrentas as pressões de garimpeiros. “O rio é nossa fonte de vida. Tomamos água, nos banhamos, comemos o peixe. Infelizmente hoje o que vem junto com nosso alimento é o mercúrio e o cianeto”, lamenta a liderança ao relatar a intoxicação por substâncias usadas na extração de minérios. “As ameaças que sofremos devido ao garimpo coloca nossa vida em risco”.

Com território em fase de demarcação desde 2001, o representante vindo do Amazonas reforça a posição de Adriano Karipuna: A não demarcação das terras indígenas intensifica as ameaças. “Vivemos um governo que diz que não irá demarcar. Além de desrespeitar a Constituição Federal, ele legitima a violência com os povos. A demarcação é o primeiro passo para o respeito aos nossos direitos”, sustenta Jair Maraguá.

O Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2018 divulgado pelo Cimi em setembro denuncia o substancial aumento da grilagem, do roubo de madeira, do garimpo, das invasões e até mesmo da implantação de loteamentos em seus territórios tradicionais. Adriano Karipuna e Jair Maraguá trazem ao Sínodo e as esferas internacionais práticas que colocam em risco a própria sobrevivência de diversas comunidades indígenas no Brasil.

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