09 Fevereiro 2019
Cautela. Mas também grande esperança. O Núncio Apostólico na Síria, o cardeal Mario Zenari, contatado pelo L'Osservatore Romano em Damasco, naturalmente não pode confirmar nem negar os rumores, levantados pelo 'The Times', sobre as condições do padre Paolo Dall'Oglio, que ainda estaria vivo 5 anos e meio depois de seu sequestro. Mas que nos últimos dias as notícias poderiam ser boas, foi uma circunstância que circulava na Síria. Eventualmente esse tipo de notícia acaba surgindo, à medida que os últimos bolsões de resistência do autoproclamado Estado Islâmico cedem, deixando no pelo terreno, além dos mortos, espera-se, também a esperança de reabraçar aqueles que haviam desaparecido.
A reportagem é de Francesco Ricupero, publicada por L'Osservatore Romano, 07/08-02-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Se a notícia de que o padre Dall'Oglio está vivo for verdadeira - explica o núncio - seria uma notícia maravilhosa que nos encheria de alegria. Não deve ser excluída, mas é melhor tomá-la com cautela e rezar para que possa se tornar realidade a qualquer momento. Desde o dia seguinte ao seu sequestro, em 29 de julho de 2013, até o presente, já assistimos - explica o cardeal – a uma profusão de confirmações e negações que agora nos induzem a não sermos precipitados. Quando ouvi a notícia de que as forças norte-americanas estão prestes a fechar o cerco em torno dos militantes do autoproclamado Estado Islâmico, imediatamente pensei que a verdade viria à tona em breve". "Não devemos esquecer - ressaltou - que além do padre Paolo, quatro outros eclesiásticos foram sequestrados nestes últimos anos e devemos continuar rezando por eles e por suas famílias. Quem sabe todos poderiam estar vivos e a notícia seria ainda melhor”.
A referência é aos dois bispos sequestrados em Aleppo, Gregorious Yohanna Ibrahim e Paul Yazigi, este o último irmão de João X, patriarca grego ortodoxo de Antioquia e de todo o Oriente. Mas também a outros dois sacerdotes, um armênio católico e um grego ortodoxo que acabaram nas mãos dos extremistas. A mesma sorte tinha cabido ao padre Jacques Mourad, levado à força de seu convento de Mar Elian, não muito distante de Mar Musa onde, com o amigo Paolo Dall'Oglio, criou a homônima comunidade, mas, felizmente, libertado cinco meses depois.
"Naqueles anos, a situação era particularmente caótica e instável. As milícias extremistas - lembra o cardeal - tentavam de todas as formas estabelecer o califado e eliminar qualquer obstáculo que achassem poderia estar em seu caminho. Os eclesiásticos sequestrados foram, sem dúvida, obstáculos que retardavam seus objetivos expansionistas. O padre Paolo Dall'Oglio, por exemplo, desapareceu de Raqqa, onde estava atuando uma mistura de rebeldes que queriam subverter tudo. O padre Paolo compreendeu isso e tentou de todas as formas retardar o avanço, expressando sua posição em termos inequívocos, tanto que foi expulso pelo governo. Padre Paolo - continua o núncio apostólico - era um opositor sem pelos na língua. Sua posição era clara e ele a externava em todas as ocasiões. Estou certo de que, se essa boa notícia que está circulando agora for confirmada, aqui na Síria muitos a celebrariam, mesmo que agora os cristãos restantes sejam realmente muito poucos e os outros dificilmente retornarão".
Atualmente, doze milhões de sírios, isto é, metade da população, ainda estão fora de suas casas: cerca de seis milhões e meio são deslocados internos, muitas vezes forçados a fugir, e pouco mais de 5,5 milhões são refugiados nos países vizinhos. "A ferida mais grave é o êxodo. Para os sírios que permaneceram", continuou o cardeal, “estamos tentando de todas as maneiras fornecer ajuda do ponto de vista espiritual, psicológico e humanitário, graças ao apoio de organizações de caridade e benfeitores. Não esqueçamos que 70% da população vive em condições de extrema pobreza. São nessas pessoas que devemos pensar: são nossa absoluta prioridade".
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O núncio apostólico na Síria Mario Zenari sobre o destino do padre Paolo Dall'Oglio: Cautela e esperança - Instituto Humanitas Unisinos - IHU