11 Outubro 2018
Durante a sua apresentação aos bispos e a cerca de 40 jovens reunidos para o Sínodo sobre os Jovens em Roma, dom Jean Kockerols, disse estar convencido de que os homens casados poderiam responder positivamente a um chamado ao sacerdócio.
A reportagem é de Manu Van Lier, publicada por Catho Bel, 10-10-2018. A tradução é de André Langer.
“Eu estou convencido de que alguns jovens, que extraíram da vocação batismal seu chamado para se comprometerem pelos laços do matrimônio, responderiam com alegria ‘aqui estou’ se a Igreja os chamasse para o ministério presbiteral”. É com este apelo que dom Kockerols, bispo titular de Ieper, auxiliar de Mechelen-Brussel, Malinas-Bruxelas, pontuou sua intervenção sobre a vocação e as vocações, na manhã desta quarta-feira, diante dos bispos reunidos para o Sínodo sobre os jovens.
Contatado por telefone, o padre Tommy Scholtes, SJ, porta-voz da Conferência Episcopal, indica que dom Kockerols tinha apresentado o seu texto anteriormente aos bispos belgas: “é efetivamente em nome da Conferência Episcopal que dom Kockerols está falando hoje”.
Dom Kockerols é delegado, nomeado pelos bispos da Bélgica, para representar a Conferência Episcopal no Sínodo sobre os jovens, que acontece no Vaticano até o dia 28 de outubro. Pela Bélgica, participa também dom Luc Van Looy, por seu bom relacionamento com o Papa e como presidente da Caritas International.
O engajamento de homens casados no sacerdócio poderia responder indiretamente a questões relacionadas ao celibato dos padres e à crise vocacional? O padre Tommy Schotes acredita que a ordenação de homens casados poderia ser uma resposta à crise vocacional que se verifica no mundo todo. O porta-voz da Conferência Episcopal da Bélgica pondera: “Esta não é a única solução para a crise das vocações, que é também uma questão de credibilidade da fé no mundo de hoje. Sabemos que do lado do mundo protestante ou ortodoxo, onde os pastores podem se casar, também há uma dificuldade para encontrar jovens que aceitem este serviço da Igreja”.
Sínodo 2018 – Os jovens, a fé e o discernimento vocacional – Vocação e vocações
Em alguns pontos, gostaria de convidar a uma melhor compreensão do uso que fazemos do termo “vocação” (cf. Instrumentum Laboris (I. L.) II parte, capítulo II, nºs 85ss).
1. (A escolha da vida) A vocação fundamental que ressoa na consciência de todo ser humano é o chamado à vida. “Escolhe a vida para que vivas” (Dt 30, 19). Esta escolha fundamental, renovada a cada dia da nossa existência, desperta a autoconfiança, que por sua vez gera uma abertura aos outros e um compromisso com a vida a serviço do mundo. O chamado para a vida é o caminho da humanização. “Escolhe a vida... amando o Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele” (Dt 30, 20). Para o cristão, esse chamado à vida é um convite a ser e a tornar-se um discípulo de Cristo: “vem e segue-me”. A resposta, dada livremente, é deixar moldar a própria vida pela de Cristo: expandir a confiança em Deus, na oração, no amor, na alegria, no dom de si... O chamado do Senhor propõe um caminho de deificação, de santidade.
2. (As escolhas na vida) A vocação batismal é “fonte e cume” de qualquer outra vocação. E em primeiro lugar dos chamados na vida cotidiana, chamados cuja resposta prepara as grandes escolhas a fazer nas mudanças da existência. A Igreja deve acompanhar, com tato e pedagogia, o discernimento dos jovens. Ela deve ajudá-los a fazer a “exegese” das suas vidas, para que se tornem, cada um no seu próprio ritmo, discípulos de Cristo. Se não se engajar melhor, a Igreja continuará a perder a sua credibilidade. (A escolha de um estado de vida) É por isso que a Igreja acompanha também, sem forçar, as questões relacionadas ao estado de vida: o matrimônio cristão e o celibato para o Reino. Estas duas vocações merecem ser, de maneira igual, promovidas pela Igreja.
3. Finalmente, a vocação batismal abre os corações de algumas pessoas – casadas ou celibatárias – ao chamado da Igreja, em nome do Senhor, para servi-la, para serem ministras da comunidade cristã. A primeira a chamar, neste caso, é a Igreja! Além disso, ao chamado do seu nome, o ordenando se adianta e diz “aqui estou”. Em seguida nos dirigimos ao bispo: “A Santa Igreja vos apresenta N. e pede que seja ordenado sacerdote”.
Há uma vocação cristã, batismal, e vocações que lhe dão carne. Permitam-me concluir: eu estou convencido de que alguns jovens, que extraíram da vocação batismal seu chamado para se comprometerem pelos laços do matrimônio, responderiam com alegria ‘aqui estou’ se a Igreja os chamasse para o ministério presbiteral.
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Homens casados chamados ao sacerdócio? Os bispos belgas estão a favor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU