Depois de cinco dias de trabalhos intensos e trágicos, os bispos chilenos, membros e participantes do 115.a Assembleia plenária, encerraram na última sexta-feira, suas sessões de reflexão e discussão com um breve Comunicado centrado totalmente na situação de grave crise que vive a igreja católica do País sul-americano, incluindo a situação bastante delicada de sua hierarquia formada, neste momento, pelo menos por 33 prelados entre arcebispos, bispos e vigários apostólicos. Os bispos falam principalmente da agora famosa Carta do Papa Francisco, entregue e lida em 8 de abril, mediante a qual o Santo Padre analisa e descreve sumariamente o que aconteceu no País e na comunidade eclesial local desde os dias de sua viagem, 18 a de 21 de janeiro, até à data atual, em especial - sem nunca citar nomes - os eventos relacionados com o caso Karadima e do bispo de Osorno, Juan Barros, acusado de encobrir os abusos sexuais de vários garotos pelo padre Fernando Karadima, agora já afastado em penitência após a condenação do Vaticano e da justiça chilena.
A informação é publicada por Il Sismografo, 14-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Episcopado em seu documento, e com referência direta à carta, fala de "um processo de discernimento"; carta - prossegue o texto - "em que Francisco abre seu coração diante da dor esmagadora dos abusos, dos quais tomou conhecimento por seus enviados e nos convoca para dialogar com Ele sobre as suas conclusões, para colaborar no 'discernimento das medidas que deverão ser adotadas em breve, médio e longo prazos para restaurar a comunhão eclesial no Chile, com o fim de reparar dentro do possível o escândalo e restabelecer a justiça'."
“Acolhemos com fé e obediência filial essa carta", escrevem os bispos chilenos e, em seguida, acrescentam: "Juntos com o Papa sentimos dor e vergonha, porque, apesar das ações tomadas nesses anos, não fomos capazes de curar as feridas nos corações de muitas vítimas e, em vez disso, continuamos a ser uma ferida aberta no coração da Igreja no Chile. Ao mesmo tempo, renovamos a nossa esperança, porque vemos na intervenção do Sucessor de Pedro um caminho concreto para - todos unidos - sermos capazes de ajudar a curar e reparar as feridas que ainda estão abertas. Recebemos a Carta do Papa, como um convite para assumir esse desafio com magnanimidade e humildade. Para realizar essa jornada nos colocamos, como Igreja, em um estado de oração, escuta e discernimento, bem como de disponibilidade para renovar a comunhão eclesial. Queremos assumir a responsabilidade pelos erros que nos cabem e corrigi-los para que a Igreja seja, cada vez mais, um ambiente seguro e saudável para meninos, meninas e jovens. Como Francisco nos disse: 'Amemos a verdade, peçamos a sabedoria do coração e deixemo-nos converter'. Pedimos às nossas comunidades para nos ajudar com seus conselhos e orações, assim como o pede o próprio Papa. As vítimas devem ser o primeiro motivo para a nossa oração e reparação.
Que a Virgem de Monte Carmelo nos ajude nesse caminho de conversão e de renovação eclesial".
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Chile. Declaração do Episcopado, no final da Assembleia Plenária: "Queremos assumir a responsabilidade pelos erros que nos cabem e corrigi-los" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU