21 Novembro 2017
O ex-presidente do Chile obteve uma porcentagem muito distante do que era esperado e se encontra a apenas 15% de seu rival oficialista. O resultado da candidata progressista Beatriz Sánchez foi surpreendente (20%): seu apoio a Guillier, Ominami e Goic, seria fundamental.
A reportagem é de Christian Palma, publicada por Página|12, 20-11-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Os discursos triunfalistas dos oito candidatos à Presidência do Chile, que ontem tiveram suas forças medidas nas urnas, foi a tônica dos meios de comunicação, ontem pela manhã. Embora todos vissem com desconfiança o número de eleitores que se mobilizou para votar, reconhecendo o medo de abstenção, os olhos estavam postos sobre Alejandro Guillier, o estandarte oficialista e o principal aspirante da centro-esquerda, sobre Sebastián Piñera, o empresário multimilionário de direita do Chile Vamos, e o que pode ser feito por Beatriz Sánchez, a opção da Frente Ampla, que estava em terceiro lugar nas pesquisas. Os dois primeiros chegaram na disputa bem à frente de seus principais perseguidores, mas com uma grande diferença percentual em intenção de votos entre ambos.
Tanto Piñera, que já governou o Chile entre 2010 e 2014, e tinha entre 40 e 45 por cento nas pesquisas, quanto Guillier, atual senador da província de Antofagasta, e que tinha 20%, estavam certos de que seriam os protagonistas do dia. E assim foi.
Até o encerramento desta edição, com 90% dos votos contados, o candidato Piñera e Guillier obtinham o primeiro e o segundo lugares da eleição, tornando-se os próximos protagonistas do segundo turno do dia 17 de dezembro - 36,6% para o ex-presidente do Chile e 22,6% dos votos para o senador.
Sánchez aproximou-se deste último, que às 22 horas do horário local (que é o mesmo da Argentina), marcava 20,3%, e um pouco mais atrás estava o candidato da extrema direita, José Antonio Kast, com 7,9% das preferências.
As pesquisas falharam, por exemplo, na pesquisa de setembro e outubro do Centro de Estudos Públicos (CEP), Piñera alcançava 44%, Alejandro Guillier 20% e Beatriz Sánchez 8,5%.
O resultado da jornalista e candidata da Frente Ampla é um dos mais surpreendentes do dia e lhe dá um grande respaldo para negociar com Guillier o apoio no segundo turno.
Nesse sentido, Alejandro Guillier deverá levantar pontes sólidas com os outros candidatos que ficaram pelo caminho, como Marco Enríquez-Ominami (PRO), Carolina Goic (DC), entre outros, para derrotar Piñera em dezembro.
Piñera, por sua vez, foi votar em meio a uma grande desordem, ao mesmo tempo em que seu comando era tomado por estudantes protestando. Votou junto a sua esposa, Cecilia Morel, uma de suas netas e vários candidatos ao Congresso, que votavam em seu setor.
Na hora de votar, Piñera teve um inconveniente e não pôde colocar o selo em seu voto, motivo pelo qual teve de repetir a operação fora da urna secreta.
"Hoje, nós chilenos vamos tomar uma decisão que afetará nossas vidas por muitas décadas. Vamos escolher os caminhos que queremos e os tempos que queremos viver. E eu, por conhecer muito bem meus compatriotas, sei que vamos escolher os caminhos certos, aqueles que nos conduzem a tempos melhores", referindo-se a um dos seus slogans de sua campanha.
Com os resultados conhecidos, o comando de Piñera celebrou, mas com uma grande preocupação sobre suas cabeças. O percentual obtido pelo empresário estava muito distante dos 45% que eram esperados e estavam a apenas 15% da pontuação de Guillier, o que não garante-lhes uma vitória no segundo turno. Muitos se recusaram a reconhecer que esperavam um triunfo já no primeiro turno.
"Com muita humildade e esperança recebemos a vontade dos chilenos, que foi expressada como corresponde em países livres, como o Chile. Estamos felizes por termos conseguido um grande resultado eleitoral, abrindo as portas que nos conduzirão a tempos melhores. Recebemos estes resultados com gratidão, humildade e esperança, pois isto é muito semelhante ao ocorrido em 2009, e naquele ano ganhamos a eleição e colocamos nosso país de pé e em funcionamento. Ganhamos em todas as regiões do Chile", disse Piñera ao reconhecer os números.
Na outra trajetória, Guillier disse diante de seus seguidores que "ficou claro que com o progressismo das chilenas e chilenos somos mais, e portanto, vamos ganhar esta disputa em dezembro".
Por sua vez, Marco Enríquez Ominami (5,7%), disse "não é o meu momento, este é o momento de Alejandro Guiller", deixando claro que apoiará o candidato oficialista no próximo turno.
Goic, entretanto, reconhecendo a derrota no primeiro turno - obteve 5,8% dos votos - esclareceu que respeitará a decisão tomada por seus acólitos em relação ao seu apoio, no segundo turno rumo ao Palácio de La Moneda. Por outro lado, assegurou enfaticamente que "o que houve hoje (referindo-se à ontem) é um mau resultado, mas levantamos uma bandeira que me parece imprescindível, pensando na boa política". Felicitou Alejandro Guillier por sua passagem ao segundo turno da eleição, no dia 17 de dezembro, e Beatriz Sánchez pelo grande número de votos obtidos.
Em um mês, os representantes dos dois blocos mais poderosos do Chile se enfrentarão, indicando que as coisas seguirão parecidas a como estão, independente de quem ganhe.
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Chile. Uma onda de esquerda desestabiliza Piñera - Instituto Humanitas Unisinos - IHU