06 Julho 2011
Ele conseguiu o pior índice de aprovação de um presidente desde o retorno à democracia. Seu ministro de Educação é o alvo de muitos questionamentos. A Concertación também recebe críticas, mas a figura de Bachelet está em alta.
A reportagem é de Christian Palma e está publicada no jornal argentino Página/12, 06-07-2011. A tradução é do Cepat.
A maioria das pessoas não quer, desaprova e rechaça o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Não é a frase caprichosa de um cronista que só relata o que ouve no bairro, no café ou nas praças, ou que simplesmente cita diversos analistas e líderes de opinião que publicamente o manifestaram ou que se inteiraram de que políticos das próprias fileiras direitistas que apóiam este governo fazem e dizem como próprio. Em estrito segredo, em reuniões às quais muito poucos têm acesso, mas a partir de onde sempre se filtra alguma coisa.
A sensação é corroborada pela última pesquisa de opinião do Centro de Estudos da Realidade Contemporânea (CERC): a aprovação de Piñera chega a 35% (12 pontos a menos que a amostragem anterior). A rejeição à gestão do presidente chega a 53%. A popularidade continua em baixa. Na pesquisa de dezembro estava em 47%, ao passo que em setembro de 2010 chegava a 56% de apoio. Mas um dado, talvez mais decisivo, é que desde 1990, quando o Chile recuperou a democracia, nunca um presidente teve um apoio tão baixo.
Carlos Huneeus, diretor do CERC, disse que a administração Piñera ainda está à sombra do governo anterior. "Entre a população está instalada a imagem de que é o governo dos empresários", acrescenta o pesquisador.
O sem-fim de demandas cidadãs motivadas por erros do próprio governo, mobilizações estudantis, abusos financeiros ou questões ambientais não resolvidas, canalizados através de redes sociais, conseguiram levar milhares de chilenos para as ruas. Piñera sofre também um desgaste na percepção cidadã de seus atributos. De fato, 57% dizem que acreditam pouco ou nada no presidente. A ministra porta-voz do governo, Ena von Baer, tentou colocar panos frios na pesquisa: "Estamos concentrados na solução destes problemas", declarou.
À noite, o presidente chileno, em rede nacional, fez importantes anúncios em educação, tratando de acabar com as paralisações nos colégios e mobilizações estudantis. Apesar disso, fontes do governo estimam que a imagem do ministro da Educação, Joaquín Lavín, sofreu um desgaste muito grande em decorrência da crise estudantil.
Mas a oposição Concertación também não está bem, como se comenta em todas as partes. Segundo o CERC, hoje apenas 15% acreditam que fez bem seu trabalho e apenas 12% têm uma percepção positiva do trabalho que desenvolveu no Congresso. Talvez a única coisa boa para o bloco da oposição seja a boa imagem que mantém após seus 20 anos em La Moneda. 36% disseram que foram bons governos, ao passo que 9% os qualificam de maus.
Se bem que o CERC atacou duramente a Concertación, a ex-presidenta Michelle Bachelet recuperou o primeiro lugar (32%) entre os personagens políticos com mais futuro. Foi seguida pelo ministro de Minas e Energia, Laurence Golborne (28%), o mesmo que se tornou famoso no resgate dos 33 mineiros de Atacama. Na pesquisa de janeiro, Golborne aparecia como o político com mais futuro.
A oposição não perdeu a oportunidade e lançou seus dardos. O chefe da bancada do PPD, Pepe Auth, ressaltou que Piñera bateu o recorde de impopularidade desde 1990. O deputado socialista Osvaldo Andrade, por sua vez, fez um apelo para que os parlamentares da situação e o governo levem a sério os números e repisou ainda mais ao assegurar que "se as eleições fossem neste domingo, todos saberíamos quem sairia presidenta".
Isto porque a pesquisa sobre quem estima que será o próximo presidente, Bachelet venceria de longe com 35%, seguida vários corpos atrás por Golborne, que tem 8% e pelo ministro Lavín, com 3%.
Seria preciso ver o efeito dos anúncios de Piñera para a área da educação e como Golborne se sai com os mineiros. Os 15.000 trabalhadores da empresa estatal do Cobre Codelco, também anunciaram uma paralisação total para os próximos dias.
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Piñera, o pior de todos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU