18 Outubro 2024
- Como acolher Deus Pai e trabalhar por um mundo mais fraterno com um grupo de discípulos animados por esse espírito?
- Devemos arrancar de seu movimento de seguidores aquela "doença" do poder que todos conhecem no império de Tibério e no governo de Antipas.
- Não há mestres ou proprietários. A paróquia não pertence ao pároco. A Igreja não pertence a bispos e cardeais.
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, comentando o Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum – B (Marcos 10, 35-45), publicado por Religión Digital, 14-10-2024.
Eis o artigo.
Tiago e João se aproximam de Jesus com um pedido estranho: ocupar os lugares de honra com ele. "Eles não sabem o que estão pedindo". Isso é o que Jesus lhes diz. Eles não entenderam nada de seu plano a serviço do reino de Deus e de sua justiça. Eles não pensam em "segui-lo", mas em "sentar-se" no topo.
Vendo sua posição, os outros dez "estão indignados". Eles também nutrem sonhos ambiciosos. Todos eles procuram obter algum poder, honra ou prestígio. A cena é escandalosa. Como acolher um Deus Pai e trabalhar por um mundo mais fraterno com um grupo de discípulos animados por este espírito?
O pensamento de Jesus é claro. "Não precisa ser assim". Temos que ir exatamente na direção oposta. É necessário arrancar de seu movimento de seguidores aquela "doença" de poder que todos conhecem no império de Tibério e no governo de Antipas. Um poder que não faz nada além de "tiranizar" e "oprimir".
Entre seu povo não deve haver essa hierarquia de poder. Ninguém está acima dos outros. Não há mestres ou proprietários. A paróquia não pertence ao pároco. A Igreja não pertence a bispos e cardeais. As pessoas não são dos teólogos. Quem quer ser grande deve começar a servir a todos.
O verdadeiro modelo é Jesus. Não governa, não impõe, não domina nem controla. Ele não aspira a nenhum poder. Ele não se arroga títulos honoríficos. Ele não busca seu próprio interesse. Sua coisa é "servir" e "dar a vida". É por isso que é o primeiro e maior.
Precisamos de cristãos na Igreja que estejam dispostos a gastar suas vidas pelo projeto de Jesus, não por outros interesses. Crentes sem ambições pessoais, que trabalham silenciosamente por um mundo mais humano e uma Igreja mais evangélica. Seguidores de Jesus que se "impõem" pela qualidade de sua vida de serviço.
Pais que se esforçam pelos filhos, educadores dedicados dia após dia à sua difícil tarefa, homens e mulheres que fizeram da sua vida um serviço aos necessitados. Eles são os melhores que temos na Igreja. O "maior" aos olhos de Jesus.
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