São grandes, ainda que não saibam

Foto: Pixabay

15 Outubro 2021

 

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 10,35-45, que corresponde ao 29º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. A tradução é de Ana Casarotti.

 

Eis o texto.

 

Nunca vem o seu nome nos jornais. Ninguém lhes cede a passagem em lugar algum. Não têm títulos nem contas correntes invejáveis, mas são grandes. Não possuem muitas riquezas, mas têm algo que não se pode comprar com dinheiro: bondade, capacidade de acolhimento, ternura e compaixão para com o necessitado.

 

Homens e mulheres comuns, pessoas vulgares que ninguém valoriza, mas que passam a vida colocando amor e afeição à sua volta. Pessoas simples e boas que só sabem viver dando uma mão e fazendo o bem. Pessoas que não conhecem o orgulho nem têm grandes pretensões. Homens e mulheres que se encontram no momento oportuno, quando se precisa de uma palavra de ânimo, de um olhar cordial, da mão próxima.

 

Pais simples e bons que disponibilizam tempo para escutar os seus filhos pequenos, responder às suas infinitas perguntas, desfrutar com os seus jogos e a descobrir de novo junto deles o melhor da vida. Mães incansáveis que enchem a casa de calor e alegria. Mulheres que não têm preço, pois sabem dar aos seus filhos o que mais necessitam para enfrentar-se confiadamente o seu futuro. Esposos que vão amadurecendo o seu amor dia a dia, aprendendo a ceder, cuidando generosamente da felicidade do outro, perdoando-se mutuamente nos mil pequenos atritos da vida.

 

Estas pessoas desconhecidas são as que tornam o mundo mais habitável e a vida mais humana. Eles põe um ar limpo e respirável na nossa sociedade. Deles, disse Jesus, que são grandes porque vivem ao serviço dos outros. Eles próprios não o sabem, mas graças às suas vidas, abrem caminho nas nossas ruas e casas, a energia mais antiga e genuína: a energia do amor.

 

No deserto deste mundo, por vezes tão inóspito, onde só parece crescer a rivalidade e o confronto, eles são pequenos oásis em que brotam a amizade, a confiança e a ajuda mútua. Não se perdem em discursos e teorias. O seu é amar em silêncio e prestar ajuda a quem o necessite.

 

É possível que ninguém lhes agradeça nunca nada. Provavelmente não se lhes farão grandes homenagens. Mas estes homens e mulheres são grandes porque são humanos. Aí está a sua grandeza. Eles são os melhores seguidores de Jesus, pois vivem fazendo um mundo mais digno, como Ele. Sem o saber, estão abrindo caminhos ao reino de Deus.

 

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