19 Outubro 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10, 35-45 que corresponde ao 29° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Enquanto sobem para Jerusalém, Jesus vai anunciando aos seus discípulos o destino doloroso que o espera na capital. Os discípulos não o entendem. Estão disputando entre eles os primeiros lugares. Santiago e João, discípulos desde a primeira hora, aproximam-se dele para pedir-lhe diretamente sentar-se um dia “um à Tua direita e o outro à Tua esquerda”.
Jesus fica desalentado: “Não sabeis o que pedis”. Ninguém no grupo parece entender que segui-lo de perto no seu projeto sempre será um caminho sem poder nem grandezas, mas de sacrifício e de cruz.
Entretanto, ao ficarem sabendo do atrevimento de Santiago e João, os outros dez indignam-se. O grupo está mais agitado que nunca. A ambição os divide. Jesus reúne-os a todos para deixar claro o seu pensamento.
Antes de tudo expõe-lhes o que acontece aos povos do Império romano. Todos conhecem os abusos de Antipas e das famílias herodianas na Galileia. Jesus resume assim: os que são reconhecidos como chefes utilizam o seu poder para “tiranizar” os povos, e os grandes não fazem senão “oprimir” os seus súditos. Jesus não pode ser mais categórico: “Vós, nada disso”.
Jesus não quer ver entre os seus nada semelhante: “O que queira ser grande entre vós que seja vosso servidor, e o que queira ser primeiro entre vós que seja escravo de todos”. Na sua comunidade não haverá lugar para o poder que oprime, só para o serviço que ajuda. Jesus não quer chefes sentados à sua direita e esquerda, mas servidores como Ele que dão a sua vida pelos demais.
Jesus deixa as coisas claras. Sua Igreja não se constrói a partir da imposição dos de cima, mas a partir do serviço dos que se colocam abaixo. Não cabe qualquer tipo de hierarquia em termos de honras ou de domínio. Tampouco métodos e estratégias de poder. o serviço o que constrói a Igreja de Jesus.
Jesus dá tanta importância ao que está a dizer que se coloca a si mesmo como exemplo, pois não veio ao mundo para exigir que o sirvam, mas “para servir e dar a Sua vida em resgate por todos”. Jesus ensina-nos que ninguém triunfe na Igreja, que não seja para servir o projeto do reino de Deus, dando a vida pelos mais débeis e necessitados.
Os ensinamentos de Jesus não são só para os dirigentes. Desde tarefas e responsabilidades diferentes temos de comprometer-nos todos a viver com mais entrega ao serviço do seu projeto. Não necessitamos na Igreja de imitadores de Santiago e João, mas de seguidores fiéis de Jesus. Os que querem ser importantes, que se ponham a trabalhar e a colaborar.
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