“Quem quiser ser grande, viva o caminho da diaconia, isto é, do serviço. E não da tirania, do absolutismo, da ditadura. E quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10, 43-44). Nessa forma de conviver e agir enquanto comunidade de Jesus, o messias, diácono, servidor, cantemos o Salmo 32, 5 que diz: “Javé ama a justiça e o direito, e a bondade de Javé transborda em toda a terra”.
A reflexão é de Muria Carrijo Viana. Ela possui graduação em filosofia (1999), pós-graduação em Modernidade Filosófica e Educação (1999), bacharelado em Direito, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2010). Atualmente é aluna de Especialização em Assessoria Bíblica pela Faculdade EST, em São Leopoldo/RS, é documentalista da Comissão Pastoral da Terra - Secretaria Nacional, em Goiânia e faz parte da Equipe de Coordenação do Cebi de Goiás.
1ª Leitura - Is 53,10-11
Salmo - Sl 32,4-5.18-19.20 e 22 (R.22)
2ª Leitura - Hb 4,14-16
Evangelho - Mc 10,35-45
O texto bíblico proposto para o 29º domingo do tempo comum está no Evangelho de Marcos, ou dito de outra forma, no Evangelho da comunidade de Marcos (10, 35-45). Evangelho significa boa notícia, boa nova. Então, para começo de conversa, podemos nos perguntar: “Na nossa realidade pessoal, comunitária e social que boa notícia Marcos 10, 35-45 nos traz?” E mais: “Em que cenário essa boa notícia é anunciada? E boa notícia para quem?”
Voltemos ao texto: Tiago e João, filhos de Zebedeu, no caminho para Jerusalém, dão um ultimato a Jesus: “Mestre, queremos que nos faças o que vamos pedir”. Ou seja, o nosso pedido é esse e não aceitamos um não como resposta. Jesus, como um bom pedagogo, pergunta de volta: “O que vocês querem que eu lhes faça?”. Eles respondem: “É para você permitir que nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda, na tua glória”. De modo simples, podemos pensar assim: “O mundo pegando fogo: fome, violências, corrupção, mentiras, intolerâncias, perseguições, Jesus anunciando a sua Paixão pela terceira vez e os discípulos reivindicando privilégios, ou fazendo pedidos que satisfaçam seus interesses individualistas”. Assim, quando Jesus lhe disse: “Vocês não sabem o que estão pedindo”, é como se Jesus falasse: “Vocês caminham comigo há tanto tempo e ainda estão cegos. Querem usar o meu nome para obter privilégios individualistas e lugares de destaque”.
Os outros discípulos que também seguiam com Jesus para Jerusalém ficaram zangados com o pedido de Tiago e João. Não porque acharam o pedido absurdo, mas porque eles pediram os lugares de destaque. Aqui, há uma disputa pelo poder. Ao perceber isso e lembrar o modo opressivo que os romanos exerciam o poder, Jesus chama os discípulos para junto de si e lhes diz: “Entre vós não deverá ser assim” (Mc 10,43).
Aconcheguemo-nos junto a Jesus e pensemos:
Até aqui, voltemos à primeira pergunta: “Que boa notícia Marcos 10, 35-45 nos traz?”
Não será uma resposta, mas um emendar reflexões, a partir do evangelho proposto. Ora, se entre nós não deve haver disputa por lugares de destaque e nem devemos imitar, reproduzir atitudes de governos dominadores e tirânicos - esmagadores, injustos, opressivos (Mc 10, 42), como deve ser entre nós?
A partir dos feitos de Jesus, a comunidade de Marcos nos deixa o seguinte legado: “Quem quiser ser grande, viva o caminho da diaconia, isto é, do serviço. E não da tirania, do absolutismo, da ditadura. E quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10, 43-44). Nessa forma de conviver e agir enquanto comunidade de Jesus, o messias, diácono, servidor, cantemos o Salmo 32, 5 que diz: “Javé ama a justiça e o direito, e a bondade de Javé transborda em toda a terra”.