O Evangelho de Mateus, capítulo 21, versículos de 1 a 11, apresenta-nos um dos episódios mais significativos na trajetória de Jesus, a entrada triunfal em Jerusalém. A narrativa descreve como Jesus e seus discípulos se preparam para a Páscoa, bem como a expectativa das pessoas em relação à chegada do Messias.
O comentário é de Marcelo Zanotti, historiador e membro da equipe do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
De acordo com o relato, Jesus montou num jumento como padrão de humildade para mostrar à multidão que ele veio para “servir, e não para ser servido” (Mateus 20,28). As pessoas que acompanharam Jesus clamavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!” (Mateus 21,9).
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi um cumprimento da profecia messiânica que havia sido proferida em Zacarias 9,9. Essa profecia anunciava que o Messias chegaria montado num jumento, símbolo de um rei humilde, e não num cavalo como símbolo de um rei guerreiro.
O episódio da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi um momento histórico que marcou o início de uma semana muito significativa na vida de Jesus. A chegada de Jesus a Jerusalém resultou numa manifestação popular, uma vez que as pessoas acreditavam que ele fosse o Messias. No entanto, logo em seguida, ele foi preso, julgado e condenado à morte na cruz.
Portanto, a entrada triunfal em Jerusalém foi uma demonstração visual do cumprimento da profecia de Zacarias e a manifestação pública de que Jesus era, de fato, o Messias esperado. Por meio dessa narrativa, podemos aprender muito sobre a humildade, o amor e a compaixão de Jesus pelo povo, e que ele veio para abrir o caminho para a salvação da humanidade.
O Domingo de Ramos é uma data marcante para os cristãos, mas também deve ser um momento de reflexão para todos nós, independente da religião. Afinal, o que podemos aprender com a história da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém montando em um jumento?
O ato de Jesus ao montar num jumento, em vez de um cavalo, representou uma antítese ao conceito de um líder poderoso, promovendo uma mensagem de humildade e simplicidade para seus seguidores. Jesus chegou a Jerusalém não como um conquistador, mas sim como um pacifista que não havia vindo para destronar o rei Herodes, mas para estabelecer o reino de Deus na Terra.
Jesus escolheu um jumento como meio de transporte naquele dia. Um animal simples, humilde, mas que permitiu que ele fosse visto e ouvido por uma multidão. E foi justamente essa humildade que conquistou o coração das pessoas e o levou a um patamar muito mais elevado do que qualquer rei ou imperador.
Ao longo dos séculos, muitas vezes associamos o poder à ostentação. Quanto mais suntuoso o trono, mais poderoso o rei. Quanto mais carros de luxo na garagem, mais influente o empresário. Mas será que esse é realmente o caminho para a verdadeira grandeza?
Mas o que isso significa para nós hoje? Talvez seja hora de repensar nossas prioridades. Será que estamos realmente buscando o poder e a grandeza verdadeiros, ou estamos nos perdendo em meio ao brilho e glamour das coisas materiais?
A humildade não significa fraqueza. Pelo contrário, ela requer coragem e determinação para escolher o caminho menos vistoso e mais difícil, em vez de seguir o que é popular ou fácil. Significa reconhecer que não somos melhores do que os outros e que todos têm valor e importância.
Portanto, que neste Domingo de Ramos possamos refletir sobre como podemos cultivar mais humildade em nossas vidas. Talvez seja começar a olhar para as pessoas de forma mais gentil e compreensiva, ou talvez seja mudar nossos hábitos de consumo e priorizar o que é realmente importante. Seja qual for o caminho escolhido, uma coisa é certa: a humildade é fundamental para uma vida mais plena e feliz.
“A mim a imagem dos meus pecados me comove muito mais que essa imagem do Cristo crucificado. Diante dessa imagem do Cristo crucificado eu sou levado a ensoberbecer-me por ver o preço pelo qual Deus me comprou. Diante da imagem dos meus pecados é que eu me apequeno por ver o preço pelo qual eu me vendi. Por ver que Deus me compra com todo o seu sangue, eu sou levado a pensar que eu sou muito, que eu valho muito. Mas quando noto que eu me vendo pelos nadas do mundo, aí eu vejo que eu sou nada. Eu valho nada.” - Padre Antônio Vieira.