24 Abril 2021
Lições. A pandemia e as mudanças climáticas são lições. E o que ensinam? Para o Papa Francisco, elas nos ajudam a entender que a vida na Terra não pode abrir mão da unidade de ação, da “interdependência”, da “partilha” e do respeito pela natureza e pelo ser humano.
A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 23-04-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
E ambas as catástrofes globais, o coronavírus e o clima, também demonstram “que não temos mais tempo para esperar. Que o tempo nos pressiona e que, como a Covid-19 nos ensinou”, mesmo que “tenhamos os meios para enfrentar o desafio”, é “o momento de agir, porque estamos no limite”.
O pontífice da Laudato si’ e da Fratelli tutti, o papa que iniciou o seu ministério petrino há oito anos, recordando o dever do “cuidado” e da “proteção” também e sobretudo em relação à criação, não podia ficar em silêncio por ocasião do “Dia Mundial da Terra”, celebrado nessa quinta-feira, 22.
E, precisamente para o Earth Day, ele enviou duas videomensagens, que também são apelos: uma dirigida àqueles que governam, a outra dirigida mais especificamente aos participantes da cúpula convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Para todos, porém, a advertência se resume em um provérbio espanhol, citado também em outras ocasiões. “Deus sempre perdoa; nós, seres humanos, perdoamos de vez em quando; a natureza não perdoa mais”. O tempo está se esgotando, portanto.
E Francisco não manda dizer. “Nesta comemoração do Dia da Terra – sublinha ele já no início da videomensagem geral –sempre é bom recordar coisas que nos dizemos mutuamente para que não caiam no esquecimento.”
Em particular, observa o pontífice, “há algum tempo estamos tomando mais consciência de que a natureza merece ser protegida, mesmo que seja pelo fato de que as interações humanas com a biodiversidade que Deus nos deu devem ocorrer com o máximo cuidado e com respeito: cuidar a biodiversidade, cuidar a natureza. E aprendemos muito mais isso nesta pandemia”.
Por isso, acrescenta na mensagem à cúpula, “temos que zelar para que o ambiente seja mais limpo, mais puro e seja conservado. E cuidar da natureza, para que ela cuide de nós”.
A Covid, aliás, “nos demonstrou o que acontece quando o mundo para, faz uma pausa, mesmo que seja por alguns meses”.
No fundo, “isso nos mostra que a natureza global precisa de nossas vidas neste planeta. Afeta a todos nós, mesmo que de múltiplas formas, diferentes e inequívocas. E também nos ensina mais sobre o que precisamos fazer para criar um planeta justo, equitativo, ambientalmente seguro”.
Em resumo, continua o Papa Bergoglio, “a pandemia de Covid nos ensinou essa interdependência, essa partilha do planeta”. Devemos prosseguir rapidamente nessa direção, portanto. Na direção do cuidado e da proteção. Porque, “quando se engatilha essa destruição da natureza, é muito difícil freá-la. Mas ainda temos tempo. E vamos ser mais resilientes – afirma o papa – quando trabalharmos juntos, em vez de fazer isso sozinhos. A adversidade que estamos vivendo com a pandemia e que já sentimos nas mudanças climáticas deve nos impulsionar à inovação, à invenção, a buscar caminhos novos”.
Em ambas as mensagens, Francisco reafirma o princípio de que “de uma crise não sai igual: saímos melhores ou piores. Esse é o desafio, e, se não sairmos melhores, vamos rumo a um caminho de autodestruição” (pior do que a pandemia, só existe o risco de desperdiçá-la, ele já havia afirmado em 2020).
Daí o seu apelo aos governantes e “a todos os líderes do mundo para que atuem com coragem, que atuem com justiça e que sempre digam a verdade às pessoas, para que as pessoas saibam como se proteger da destruição do planeta, como proteger o planeta da destruição que muitas vezes nós engatilhamos”.
“Obrigado por aquilo que vocês fazem, obrigado pela boa intenção, obrigado por se reunirem todos”, conclui o pontífice.
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Francisco: a receita para salvar a Terra é a partilha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU