12 Abril 2019
A leitura deste Domingo é a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de Lucas 22,14-23,56 Correspondente ao Domingo de Ramos, ciclo C Ano Litúrgico.
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Nesta semana inicia-se, com o Domingo de Ramos, a Semana Santa. Na missa deste dia, se lê a narrativa da Paixão do evangelho de Lucas desde seu olhar misericordioso.
É uma leitura extensa que às vezes não é fácil de relacionar com a primeira celebração, realizada em geral fora da Igreja, em que se aclama a entrada de Jesus a Jerusalém com palmas e aparentemente muita alegria. Por que é necessário ler este evangelho tão extenso que narra a Paixão de Jesus?
No Evangelho de Lucas, encontramos estas palavras de Jesus ditas pouco antes aos seus discípulos: “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte, e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, flagelá-lo e crucificá-lo. E no terceiro dia ele ressuscitará” (Mt 20, 18-19).
Depois de instruírem seus discípulos sobre seu destino e sobre as exigências do seu seguimento, Jesus entra em Jerusalém. Lembremos que, em razão da celebração da Páscoa, memória viva da libertação do Egito, multidões de judeus peregrinavam a Jerusalém. Nesta data especial para o povo judeu, muitas vezes não só se lembrava a saída da escravidão, mas, mais ainda, acrescentava-se a expectativa messiânica.
Este grupo de pessoas pobres, humildes, aonde também iam as crianças, as mulheres, aquelas pessoas geralmente consideradas sem instrução e sem importância para a religiosidade do momento. Mas eles decidem aclamar Jesus como o Messias esperado e, assim, Jesus entra montado num jumentinho. “Uma grande multidão estendeu seus mantos pelo caminho; outros cortaram ramos de árvores, e os espalharam pelo caminho” (Lc 21,8). Este grupo que o aclama é tão numeroso que agita toda a cidade e eles se questionam sobre a identidade de Jesus: “Quem é ele?” Reconhecido pelas multidões como “O profeta Jesus, de Nazaré da Galileia”. Jesus como o Filho de Davi, como o Bendito que chega em nome do Senhor!
Não podemos esquecer que Jesus entra montado num jumentinho, mas na espera do povo em geral não era essa a forma como entraria o novo Messias, que era aguardado como um rei vitorioso, vencedor, com grande poder! Mas são as pessoas simples e muitas vezes até menosprezadas em geral que o reconhecem.
Este acontecimento convida-nos a pensar qual é nossa atitude com pessoas que a sociedade atual despreza e desconsidera totalmente. Tantos indígenas que dia a dia tem aumentado seu sofrimento e insegurança pela demarcação de suas terras, ou as pessoas que sofrem as consequências dos desastres ecológicos e dos sistemas econômicos que favorecem os grupos que já têm dinheiro, desconsiderando sempre os mais pobres.
Como disse o Papa Francisco: “É oportuno que cada um faça o exame de consciência sobre o próprio estilo de vida: sobre os gastos, sobre o vestuário, sobre aquilo que considera necessário, sobre a própria dedicação aos outros, sobre fugir do espírito de cuidar demais de si mesmos e também da própria fraternidade. E, por favor, quando fizerem alguma atividade pelos ‘menores’, pelos excluídos e pelos últimos, nunca o façam a partir de um pedestal de superioridade”. Papa aos franciscanos: abracem os leprosos de hoje, marginalizados, migrantes e desempregados
Voltando ao texto sobre o qual hoje meditamos, como bom judeu Jesus está reunido com seus amigos e amigas e comunica-lhes seu grande desejo: “Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer”. Junto com eles também cada um e cada uma de nós recebe o convite de Jesus a sentar-se à mesa ao seu lado. Abramos nosso coração e nossa vida para estarmos com Jesus neste momento fundamental que celebramos de forma especial durante esta semana.
Continuando a leitura do texto de Lucas, descreve-se a agonia de Jesus no Monte das Oliveiras, onde ele geralmente reza acompanhado de seus amigos. É uma oração forte, carregada de sofrimento e angústia, e assim aparece um anjo que o consola. Mas Jesus confia no Pai e sabe o sofrimento que o aguarda, mas aceita uma vez mais esse caminho, a missão que o Pai tinha lhe encomendado. Seus discípulos, aqueles que ele tinha escolhido para que o acompanhem, estão vencidos pela tristeza.
Lucas conta logo como foi o juízo, a crucifixão, a morte, as últimas palavras de Jesus e seu enterro. Mas estes fatos são narrados de tal forma que deixam uma semente de esperança nos ouvintes. Neste momento nos preparamos para receber as palavras que Jesus, já crucificado, pronuncia. São palavras carregadas do amor misericordioso que o caracterizou ao longo da sua vida.
Lucas mostra como Jesus, no momento da sua morte e sendo vítima do ódio e da crueldade dos homens, revela a ternura do Pai. Neste momento de muito sofrimento ele nos dá seu amor que não tem limites: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23,34).
Os ensinamentos e atitudes que ele teve durante toda sua vida continuam ainda neste momento crucial e até pode parecer justo que ele peça a condenação das pessoas e especialmente daqueles que eram causa do seu sofrimento. Mas ele confia no amor do Pai e a salvação que Ele tinha lhe prometido o aguardava.
São palavras que a mente ou a nossa lógica têm muitas vezes dificuldade de entender. Abramos nosso coração nestes dias ao seu Amor para adentrarmos no seu amor misericordioso!
Celebrar esta festa é para nós tomar a decisão de acompanhar Jesus neste amor misericordioso e deixar que ele seja o impulso da nossa vida! Como Jesus, façamos de nossa vida uma doação total a Deus e aos outros/as, para que o reino de Deus continue crescendo.
Todo o mundo fiel rejubile
na alegria da tal salvação:
destruindo a potência da morte,
Jesus Cristo nos traz Redenção.
De oliveira com ramos e palmas,
todo o povo, com voz triunfal,
canta hosanas ao Rei de Israel,
de Davi descendente real.
Nós também, acorrendo ao encontro
de tal Rei, com hosanas de glória,
seguremos na mão nossas palmas
de alegria e de fé na vitória.
Por seus dons, nos caminhos da vida,
nos conduza e defenda o Senhor.
E possamos, em todos os tempos,
tributar-lhe o devido louvor.
Glória ao Pai e a Jesus, Filho Único,
Deus de Deus, Luz de Luz, Sumo Bem,
com o Espírito Santo, o Amor que consola,
pelos séculos dos séculos. Amém.
(Hino da Liturgia das Horas).
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