11 Abril 2018
Aos 550 Missionários da Misericórdia que enchem a Basílica vaticana para a missa de hoje com o Papa, este último recordou a importância de seu ministério, instituído durante o Jubileu de 2016, com a concessão de perdoar inclusive os pecados graves, normalmente reservados à Sé Apostólica, mas com um importante conselho: “cuidado”, disse, para não se transformarem em “sacerdotes exaltados, como se fossem depositários de algum carisma extraordinário”.
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 10-04-2018. A tradução é do Cepat.
Sim, é certo que “o Evangelho recorda que quem é chamado a dar testemunho da Ressurreição de Cristo deve, ele mesmo, pessoalmente, “nascer do alto”, mas o que se necessita são “sacerdotes normais, simples, mansos, equilibrados, capazes de se deixar regenerar constantemente pelo Espírito, dóceis a sua força, interiormente livres, principalmente de si mesmos – porque são movidos pelo ‘vento’ do Espírito que sopra onde quer”, destacou Bergoglio, durante a missa ao final do segundo encontro dos Missionários, em Roma, organizado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, de 8 a 11 de abril.
Hoje pela manhã, no Palácio Apostólico, o Papa recebeu sacerdotes de cinco continentes em uma audiência privada. Ao se reunir novamente com eles na basílica, recordou “dois aspectos inseparáveis” desta espécie de missão que lhes encomendou, há dois anos, e que foi prorrogada após a conclusão do Jubileu: “o renascimento pessoal e a vida da comunidade”. Ou seja, colocar-se “a serviço das pessoas, para que “renasçam do alto”, e “a serviço das comunidades, para que vivam com alegria e coerência o mandamento do amor”: nestas duas direções deve se mover o ministério destes agentes da misericórdia.
Em relação ao primeiro ponto, o Pontífice advertiu que não devem ser como “Nicodemos que, apesar de ser mestre em Israel, não compreendia as palavras de Jesus quando dizia que para ‘ver o reino de Deus’ é necessário, ‘do alto’, nascer ‘da água e do Espírito’. Nicodemos – recordou o Papa – não compreendia a lógica de Deus, que é a lógica da graça, da misericórdia, pela qual quem se faz pequeno é grande, quem se torna o último é o primeiro, quem se reconhece malvado é curado. Isto significa deixar verdadeiramente o primado ao Pai, a Jesus e ao Espírito Santo em nossa vida”.
A partir desta consciência, nasce a segunda indicação de Francisco em relação ao serviço à comunidade: “Ser sacerdotes capazes de ‘elevar’ no ‘deserto’ do mundo o sinal da salvação, ou seja, a Cruz de Cristo como fonte de conversão e de renovação para toda a comunidade e para o próprio mundo”. “O Senhor morto e ressuscitado é a força que cria a comunhão na Igreja e, mediante a Igreja, na humanidade inteira”.
Também recordou que “esta força de comunhão” havia se manifestado séculos antes na comunidade de Jerusalém, onde os crentes viviam com “um só coração e uma só alma”, compartilhando os bens e nunca abandonando nenhum necessitado.
Um estilo de vida que era “contagioso para o exterior”, observou o Papa: “a presença viva do Senhor Ressuscitado produz uma força de atração que, mediante o testemunho da Igreja e através das diferentes formas de anúncio da Boa Notícia, tende a alcançar todos, sem exclusão”. Deve se incluir nesta dinâmica o ministério específico dos Missionários da Misericórdia, porque, insistiu Francisco, “tanto a Igreja como o mundo de hoje possuem particular necessidade da Misericórdia, para que a unidade querida por Deus em Cristo prevaleça sobre a ação negativa do maligno que aproveita muitos meios atuais, em si bons, mas que, utilizados de forma errada, no lugar de unir, dividem”.
“Nós – concluiu o Papa, citando sua Evangelii Gaudium – estamos convencidos de que “a unidade é superior ao conflito”, mas sabemos que sem a Misericórdia este princípio não tem a força para se tornar concreto na vida e na história”.
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Francisco: “Não a padres exaltados, mas sim a padres simples, mansos e equilibrados” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU