05 Agosto 2017
Em seu comunicado, Francisco manifestou sua “profunda preocupação pela radicalização e o agravamento da crise” venezuelana. Também pediu para que se assegure “o pleno respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais”.
A reportagem é publicada por Página/12, 04-08-2017. A tradução é do Cepat.
A horas de que seja instalada, na Venezuela, a Assembleia Nacional Constituinte, votada nas eleições de domingo passado, o Vaticano pediu ao governo de Nicolás Maduro que “evite ou suspenda” o andamento desse órgão. Através de um comunicado, salientou que a concretização dessa iniciativa poderia “fomentar um clima de tensão e enfrentamento e hipotecar o futuro”, ao invés de “favorecer a reconciliação e a paz” nesse país.
“A Santa Sé pede a todos os atores políticos, e em particular ao Governo, que se assegure o pleno respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, como também à vigente Constituição”, diz a nota emitida pela Secretaria de Estado do Vaticano, sob a responsabilidade do cardeal Pietro Parolin, antigo núncio em Caracas.
A declaração avalizada pelo Papa Francisco pretende reeditar, nesse país, uma nova instância de paz, após a falida mesa de diálogo incentivada pela Igreja católica, desde que a oposição de direita recrudesceu em sua investida contra o governo bolivariano.
Naquele momento, então, enviados do Vaticano convocaram representantes do governo e da Mesa de Unidade Democrática (MUD) para reuniões, nas quais buscaram as condições para iniciar o diálogo, antes que as propostas para sair da crise. Finalmente, as tentativas cessaram em dezembro do ano passado.
Uma das razões pelas quais o Papa surpreendeu com a declaração emitida nesta manhã foi, segundo indica o texto, “o aumento dos mortos, dos feridos e dos detidos”.
A Santa Sé manifesta novamente sua profunda preocupação pela radicalização e o agravamento da crise na República Bolivariana da Venezuela”, ressaltou o comunicado e enfatizou que “o atual clima de enfrentamentos” também atingiu a Igreja católica venezuelana. Cabe recordar que o Episcopado desse país se pronunciou contra a Constituinte.
Segundo a declaração vaticana, “foram verificados episódios de ameaças a sacerdotes, invasões violentas, durante as celebrações litúrgicas, acusações injustificadas contra instituições eclesiásticas e ataques difamatórios públicos contra alguns bispos”.
“A Santa Sé manifesta novamente sua profunda preocupação pela radicalização e o agravamento da crise na República Bolivariana da Venezuela, pelo aumento dos mortos, dos feridos e dos detidos. O Santo Padre, diretamente e através da Secretaria de Estado, acompanha de perto tal situação e suas implicações humanitárias, sociais, políticas, econômicas e, inclusive, espirituais. Além disso, assegura sua constante oração pelo País e por todos os venezuelanos, ao mesmo tempo em que convida os fiéis de todo o mundo a rezar intensamente por esta intenção.
A Santa Sé também pede a todos os atores políticos, e em particular ao Governo, que se assegure o pleno respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, como também à vigente Constituição. Evitem ou suspendam as iniciativas em curso como a nova Constituinte que, mais do que favorecer a reconciliação e a paz, fomentam um clima de tensão e enfrentamento e hipotecam o futuro. Que sejam criadas as condições para uma solução negociada, de acordo com as indicações expressadas na carta da Secretaria de Estado, do dia 1º de dezembro de 2016, levando em consideração o grave sofrimento do povo por causa das dificuldades para obter alimentos e medicamentos, e pela falta de segurança.
A Santa Sé dirige, finalmente, um urgente chamado a toda a sociedade para que seja evitada qualquer forma de violência, convidando, em particular, as forças de segurança a se abster do uso excessivo e desproporcional da força”.
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Papa pede que seja suspensa a Constituinte na Venezuela - Instituto Humanitas Unisinos - IHU