Por: MpvM | 28 Junho 2019
Uma sincera adesão a Jesus. O que ele nos propõe?
Não é nada fácil tentar responder a pergunta de Jesus: “Quem as pessoas dizem que é o Filho do Homem?”. Na verdade nos atentamos verificar: quem é Jesus para nós? Sabemos sobre ele por meio de vinte séculos de conceitos, expressões, devoções, ensaios, interpretações culturais. Dessa maneira percebemos sua natureza aos poucos sendo desvelada e escondida ao mesmo tempo. Jesus sempre desconcerta quem se aproxima dele com postura aberta e sincera.
A reflexão é de Gisele Canário, leiga. Ela possui graduação em teologia pelo Instituto São Paulo de Estudos Superiores e é mestra em teologia com ênfase em exegese bíblica (Antigo Testamento) pelo Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atualmente é assessora no Centro Bíblico Verbo, onde atua na confecção de materiais para estudos bíblicos, formação em comunidades eclesiais e cursos bíblicos online - plataforma moodle. É analista de pastoral na rede Marista de colégios. Ela também desenvolve materiais didáticos para cursos de Teologia - UNIASSELVI e participa do grupo de pesquisa “Tradução e Interpretação do Antigo Testamento” (TIAT).
Referências bíblicas
1ª Leitura: At 12,1-11
Salmo: Sl 33(34),2-9 (R/. 5)
2ª Leitura: 2Tm 4,6-8.17-18
Evangelho: Mt 16,13-19
Nesta solenidade de São Pedro essa pergunta: “Quem as pessoas dizem que é o Filho do Homem?” (Mt 16,13b), perpassa toda a liturgia. É possível elucubrar, de maneira alegórica, que Paulo já contraponha a essa pergunta na primeira leitura (At 12,1-11), por meio da resposta do anjo: “Coloca o cinto e calça tuas sandálias!” Por um lado essa leitura deixa transparecer o tema da Missão por meio de uma sequência de verbos como: prender, vigiar, iluminar, tocar, cair, calçar, acompanhar, ver, chegar, abrir, deixar, sair, libertar..., que aos poucos vai evidenciando, num crescente, para que os discípulos das primeiras comunidades foram enviados. Se fortalece, sem dúvidas, um forte apelo para que os discípulos de Jesus que se formam nos confins do Império Romano, não se intimidem diante das adversidades enfrentada com o poder civil e os religiosos de sua época.
Referências bíblicas
1ª Leitura: At 12,1-11
Salmo: Sl 33(34),2-9 (R/. 5)
2ª Leitura: 2Tm 4,6-8.17-18
Evangelho: Mt 16,13-19
O tema da libertação continua explicitamente viva na segunda carta de são Paulo a Timóteo (2Tm 4,6-8.17-18), com o intuito de deixar claro para os seguidores de Jesus que a Parusia já é uma realidade na vida de Paulo, mas esse mesmo privilégio também está reservado para todos aqueles que confiam no Projeto de Jesus, para qual se esforçam dia após a dia, afim de que, o seu Evangelho liberte todos aqueles que vivem à mercê da opressão e perseguição dos que não suportam viver sob o manto da partilha e da solidariedade.
Dessa forma adentramos ao Evangelho (Mt 16,13-19) com a pergunta intimidadora de Jesus sobre o que as pessoas dizem ser ele mesmo. Três elementos fundamentais vamos descobrindo ao lermos esse Evangelho e que aos poucos vão dando fluência a essa narrativa: a resposta de Pedro, a analogia de Pedro como pedra e a chave dada a Pedro. Jesus dialoga e dá aos discípulos uma instrução eclesial. Está preocupado com a construção da Igreja que já avança pelos confins do Império Romano, podem estar confundidos pelas suas próprias práticas e compreensões a respeito da Fé. Mas a prática eclesial só pode ser construída pelos seguidores de Jesus, que com ele fizeram uma experiência. Experiência essa que vai muito além de uma pura assimilação de doutrinas e ensinamentos. A base deve ser marcada pela experiência individual que acontece na vida comunitária. Pedro só é pedra porque passou pela experiência de Jesus. E qual é a missão da comunidade eclesial? Possibilitar o encontro das pessoas com o próprio Jesus. Dessa forma, Pedro como critério da comunidade crista, é capaz de ligar ou desligar, ou seja, oferecer discernimento para a caminhada eclesial. E isso acontece porque a ele foi dada a chave do reino dos céus, ou seja, a convivência com Jesus.
Essa pergunta é, ainda, fundamental para respondermos sempre que nos confessarmos cristãos. Num primeiro momento a nossa resposta pode ser a mais doutrinal possível: Jesus como o salvador, o Filho de Deus, o Redentor. Todos esses títulos são solenes, ou mesmo ortodoxos e que podem ser pronunciados sem nenhuma referência a seus próprios fundamentos. A pergunta de Jesus não nos pede apenas a nossa opinião, mas nos interpela sobre a nossa atitude mediante o seu Projeto.
As Palavras de Jesus nos encaminham para uma opção radical. Jesus não é apenas um personagem a mais, ao lado de muitos outro da história. No entanto para nós batizados, Jesus é a pessoa decisiva que nos traz a compreensão última da existência, a orientação decisiva para a nossa vida e nos oferece uma esperança sem fim.
A pergunta de Jesus adquire uma compreensão nova. Não se trata mais apenas de uma dúvida a respeito de Jesus, mas sobre nós mesmos: quem sou eu? em quem acredito? oriento a minha vida a partir de que princípio? a que se reduz a minha fé?
Sem dúvidas, essas perguntas cabem a quem tem Fé e procura alcançá-las sempre mais e respondê-las para além das fórmulas rotineiramente pronunciadas. Para compreendermos o alcance “do que creio” verificaremos o nosso empenho ao Projeto a que aspiramos e de que forma estamos nos comprometendo. Deus caminha conosco e acredita no melhor que há em nós!
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Solenidade de São Pedro e São Paulo - Ano C - Uma sincera adesão a Jesus. O que ele nos propõe? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU