29 Junho 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 5,21-43 que corresponde ao 13° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
A cena é surpreendente. O evangelista Marcos apresenta uma mulher desconhecida como modelo de fé para as comunidades cristãs. Dela aprenderão como procurar Jesus com fé, como chegar a um contato com Ele que os cure e como encontrar Nele a força para iniciar uma vida nova, cheia de paz e saúde.
Diferentemente de Jairo, identificado como «chefe da sinagoga» e homem importante em Cafarnaum, esta mulher não é ninguém. Só sabemos que padece de uma doença secreta, tipicamente feminina, que lhe impede de viver de forma sã a sua vida de mulher, esposa e mãe.
Sofre muito física e moralmente. Arruinou-se procurando ajuda nos médicos, mas ninguém a pôde curar. No entanto resiste a viver para sempre como uma mulher doente. Está só. Ninguém a ajuda a aproximar-se de Jesus, mas ela saberá encontrar-se com Ele.
Não espera passivamente que Jesus se aproxime e lhe imponha as Suas mãos. Ela mesma o procurará. Irá superando todos os obstáculos. Fará tudo o que possa e saiba. Jesus compreenderá o seu desejo de uma vida mais sã. Confia plenamente na Sua força curadora.
A mulher não se contenta só com ver Jesus de longe. Procura um contato mais direto e pessoal. Atua com determinação, mas não de forma amalucada. Não quer incomodar ninguém. Aproxima-se por detrás, entre as pessoas, e toca-Lhe no manto. Nesse gesto delicado concretiza e expressa a sua confiança total em Jesus.
Tudo ocorreu em segredo, mas Jesus quer que todos conheçam a fé grande desta mulher. Quando ela assustada e temorosa confessa o que fez, Jesus diz-lhe: “Filha, a tua fé curou-te”. “Vai em paz e com saúde”. Esta mulher, com a sua capacidade para procurar e acolher a salvação que se nos oferece em Jesus, é um modelo de fé para todos nós.
Quem ajuda as mulheres dos nossos dias a encontrar-se com Jesus? Quem se esforça por compreender os obstáculos que encontram em alguns setores da Igreja atual para viver a sua fé em Cristo «em paz e com saúde»? Quem valoriza a fé e os esforços das teólogas que, com pouco apoio e vencendo toda a classe de resistências e rejeições, trabalham sem descanso por abrir caminhos que permitam à mulher viver com mais dignidade na Igreja de Jesus?
As mulheres não encontram entre nós o acolhimento, a valorização e a compreensão que encontravam em Jesus. Não sabemos olhar como as olhava Ele. No entanto, com frequência, elas são também hoje as que com a sua fé em Jesus e o seu alento evangélico sustentam a vida de não poucas comunidades cristãs.
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A fé grande de uma mulher - Instituto Humanitas Unisinos - IHU